sábado, 5 de junho de 2004

O Inacessível, o Omnipotente, o Omnisciente

No Palombella Rossa, um post do Manuel referia como cada pessoa vê Deus de diferentes formas, em diferentes aspectos da vida. Foi um daqueles parágrafos tocantes, directos e elegantes com que o Manuel nos brinda com regularidade. Os comentários (incluindo o meu!) fizeram-me lembrar a Alegoria da Caverna; cada um de nós começou a dizer o que Deus era e não era; se era isto, então era contradição com aquilo... enfim, escrevemos sobre coisas que nos transcendem.

O pouco, muito pouco, que podemos conhecer de Deus chega-nos através dos Profetas de Deus e das Sagradas Escrituras.

Além disso temos de reconhecer as nossas limitações. Por exemplo, quando dizemos que algo é infinito, estamos a utilizar um conceito abstracto criado pela mente humana. Ora esse conceito de infinito, está obviamente condicionado pelas limitações do nosso intelecto. Aplicar esse conceito a Deus é sempre limitá-Lo ou reduzi-Lo. Deste modo, parece-me que Deus está acima da compreensão humana. Tentar definir o que Ele é, ou não é, apenas nos deixa confusos.

Os parágrafos seguintes são excertos das escrituras bahá'ís, revelados por Bahá'u'lláh, e abordam este assunto (existem mais textos que abordam a impossibilidade do ser humano compreender Deus):

Elevado, infinitamente elevado estás Tu acima das tentativas do homem mortal para desvendar o Teu mistério, para descrever Tua Glória ou até mesmo dar uma ligeira noção da natureza da Tua Essência. Por mais que essas tentativas se realizem, não podem esperar jamais transcender os limites que foram impostos às Tuas criaturas, pois esses esforços são impulsionados pelo Teu decreto e gerados pela Tua invenção. Os mais sublimes sentimentos que o mais santo dos santos pode expressar em louvor a ti e a mais profunda sabedoria que os homens de maior erudição podem proferir nos seus esforços para compreender a Tua natureza, giram todos ao redor daquele Centro que está inteiramente sujeito à Tua soberania, que adora a Tua Beleza e se move através do movimento da Tua Pena.
(...)
Ninguém, a não ser Tu, em qualquer tempo, tem podido vislumbrar o Teu mistério, ou louvar dignamente a Tua grandeza. Inescrutável e enaltecido acima do louvor dos homens, haverás de permanecer para todo o sempre. Nenhum Deus há, senão Tu, o Inacessível, o Omnipotente, o Omnisciente, o Santo dos Santos.
(SEB, I)

Tão perfeita e completa é a Sua criação, que nenhuma mente ou coração, por muito perspicaz e pura que seja, poderá alguma vez perceber a natureza da mais insignificante das Suas criaturas, e muito menos, sondar o mistério de Quem é o Sol da Verdade, de Quem é a Essência invisível e incognoscível. As concepções do mais devoto dos místicos, as realizações dos mais notável entre os homens, o mais alto louvor que língua ou pena humana possam prestar, são todos o produto da mente finita do homem e condicionados pelas suas limitações (SEB, XXVI)

É esta a nossa condição de criaturas de Deus, incapazes de conhecer directamente o nosso Criador. Se algum de vós conhecer excertos da Bíblia ou do Alcorão que aborde este tema, seria interessante partilhá-lo, para percebermos diferentes perspectivas sobre este assunto.

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