segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

A Invenção de Cristo

«Cristo nunca existiu» é uma daquelas teses que ciclicamente os sectores anti-religiosos gostam de agitar. Argumenta-se que Ele foi inventado pelos primeiros cristãos, que tudo não passa de uma figura mitológica preservada pela Igreja, uma espécie de conspiração que atravessou os séculos... etc, etc.

Para um Bahá’í, Cristo existiu. As Escrituras Bahá’ís afirmam que Ele existiu, e que Ele pertence à sequência de Manifestantes de Deus que têm sido enviados por Deus à humanidade. No entanto, nem estas Escrituras, nem nenhum autor Bahá’í (que eu conheça) se envolve no debate sobre a existência de Cristo procurando argumentos provem a sua existência e rebatam a sua pretensa mitologia.

A este propósito, o livro «Cristo Filósofo» (Caleidoscópio, 2008) de Frédéric Lenoir (director da revista Le Monde des Religions), apresenta um interessante argumento que rebate a ideia de que Jesus Cristo pode não ter existido:
Se se tivesse querido inventar uma fábula, ter-se-ia feito as coisas de modo que ela fosse coerente! Não se teria «inventado» contradições entre o quatro Evangelhos! E não apenas contradições, mas também palavras incómodas, incompreensíveis, perturbadoras para qualquer instituição religiosa... Além disso, que ideia a de inventar uma religião fundada num fracasso tão flagrante quanto foi o de Jesus: morrer crucificado e abandonado pelos seus próprios discípulos. Hoje isto pode parecer-nos admirável, ou comovente, porque as nossas consciências se encontram impregnadas de Cristianismo; porém, naquela época, podia-se qualificar propriamente como «inacreditável» e, até mesmo escandaloso que um pretenso enviado de Deus pudesse ter um tal destino.

O facto de a Igreja não ter ousado tocar nestes textos que remontam, por via da tradição oral, às testemunhas oculares de Cristo, mostra que ela os considera verídicos. As contradições das fontes acerca da vida de Jesus - que em nada mudam o essencial da sua vida e da sua mensagem - atestam, afinal, muito mais a favor da sua existência histórica e da relativa fiabilidade das fontes (podem ter tido lugar falhas de memória das testemunhas, interpretações divergentes dos acontecimentos, acrescentos com objectivos apologéticos) do que em benefício de uma maquinação da Igreja. E suma: a tese da invenção de Cristo é muito mais irracional do que a tese da realidade da existência histórica de Cristo. (p.25-26)

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