sábado, 1 de março de 2014

Comparar as Religiões, Procurar a Verdade

Um texto de Tom Tai-Seale.


Aquele conselho humano perpétuo e universal - Conhece a Ti Mesmo - surgiu provavelmente entre os filósofos gregos. Hoje, podemos acrescentar um outro conselho: conheçam os vossos sistemas de crença.

À medida que investigamos as diferentes religiões vamos, inevitavelmente, descobrir diferenças entre elas. É importante ressaltar que essas diferenças podem ser apenas o resultado de uma expressão cultural - e, portanto, existem apenas no nome e na forma. Os Bahá’ís acreditam que a maioria das diferenças religiosas apenas existe na superfície; se investigarmos a fundo, percebemos que todas as grandes religiões concordam:
Portanto, as religiões divinas [os profetas de Deus] estabelecidas têm uma fundação; os seus ensinamentos, provas e evidências são um só; no nome e na forma elas diferem, mas na realidade elas concordam e são a mesma. ('Abdu'l-Bahá, The Promulgation of Universal Peace, p. 151)
Mesmo diferenças nas Escrituras pode ser mais no nome e na forma, do que inicialmente poderiam parecer. Após uma análise cuidadosa, fica claro que a Escritura é de dois tipos: um tipo aborda a fé, moral e ética, e define a nossa relação com Deus. O outro tipo aborda as circunstâncias particulares dos destinatários da Escritura - as necessidades da época e das pessoas que viviam nesse tempo. Destes dois tipos de Escritura surgiram dois tipos de leis: sociais e espirituais. Quando comparadas, as verdadeiras religiões dão conselhos muito semelhantes em relação aos fundamentos de uma vida espiritual, apesar de poderem variar muito quando comparamos os seus componentes sociais e temporais. Bahá'u'lláh diz-nos que grande parte da diferença entre as religiões
"…deve ser atribuída aos diferentes requisitos das eras em que foram promulgadas." (Epístola ao Filho do Lobo, p. 13)
Sermão da Montanha, por James Tissot
A dificuldade para compararmos religiões está em determinar quanto das necessidades da época e da capacidade dos povos moldaram a religião em causa. As palavras de Cristo, em que Ele dizia que tinha muitas coisas para nos dizer mas que ainda nãos as podíamos compreender (João, 16:12) aplica-se igualmente bem aos fundadores das outras religiões.

Os primeiros destinatários de uma religião determinam, em grande medida, o que será revelado nessa religião, pois os seres humanos têm uma compreensão limitada. Os Profetas têm que usar os nossos instrumentos de linguagem e conceitos para comunicar connosco, e como esses instrumentos diferem de cultura para cultura, o resultado final da religião também pode diferir.

Além disso, os ensinamentos religiosos raramente são registados na perfeição. Transmitidos oralmente, toda a aprendizagem espiritual inclui a inevitabilidade da interpretação e a possibilidade da distorção. Quando as pessoas deixam de considerar cuidadosamente as diferentes interpretações, o resultado é muitas vezes um conflito terrível:
Na medida em que as interpretações humanas e imitações cegas são diferem muito, os conflitos e as contendas religiosas surgiram entre os homens; a luz da verdadeira religião foi extinta e a unidade do mundo da humanidade foi destruída. ('Abdu'l- Bahá, The Promulgation of Universal Peace, p. 141)
Assim, em cada era, as pessoas têm a oportunidade dupla para dar forma à religião: proporcionam a linguagem e os conceitos que os Profetas usam e também controlam, até certo ponto, o que se passa após o falecimento do Profeta. Por este motivo, será sempre difícil saber quanto do que recebemos é parte daquilo que foi ensinado pelo Profeta.

Esta perda natural de inspiração significa que a religião deve ser renovada em cada era, porque num determinado momento no tempo, necessitamos novamente de orientação espiritual. Ainda ouvimos os antigos ensinamentos - mas eles parecem já ser adequados aos tempos, ou nós não somos capazes de adequar os tempos aos ensinamentos. Quando isso acontece, sentimos uma urgência em reconciliar a nossa fé e os tempos.

Quando surge a nova religião, porém, esta nunca é totalmente nova. Cada nova religião deve levar-nos de regresso às antigas raízes da religião – à parte comum e essencial que todas as religiões partilham. Mas, além disso, também deve impulsionar-nos para a nova luz dos nossos tempos. Todo este processo de reafirmação de verdades antigas e crescimento é aquilo que os Bahá'ís designam por Revelação Progressiva. A nova religião pode trazer diferentes leis, costumes, rituais e celebrações; mas nas verdades espirituais essenciais terão sempre mais semelhanças do que diferenças em relação à antiga religião.

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Texto Original: Comparing Religions, Looking for Truth (bahaiteachings.org)


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Tom Tai-Seale é professor de saúde pública na Texas A & M University e investigador de religião. É autor de numerosos artigos sobre saúde pública e também de uma introdução bíblica à Fé Bahai: Thy Kingdom Come, da Kalimat Press

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