sábado, 18 de julho de 2015

Podemos acabar com o Terrorismo?

Por Rodney Richards.


O terrorismo, segundo a utilização contemporânea mais amplamente aceite deste termo, é fundamental e inerentemente político. É também inevitavelmente sobre o poder: a busca do poder, a conquista do poder e o uso do poder para conseguir a mudança política. O terrorismo é, portanto, a violência - ou, igualmente importante, a ameaça da violência - usada e dirigida em busca de, ou ao serviço de, um objectivo político. Com este ponto essencial claramente esclarecido, pode-se apreciar o significado da definição adicional de “terrorista” fornecido pelo dicionário: “Pessoa que tenta promover os seus pontos de vista através de um sistema de intimidação coerciva". Esta definição destaca claramente outra característica fundamental do terrorismo: trata-se de um acto planeado, calculado, e metódico. (Inside Terrorism, por Bruce Hoffman)
Todo o tipo terrorismo destrói a paz mundial e a ordem mundial.

O terrorismo é o epítome da desumanidade do homem para com o homem. O terrorismo é também tomar deliberadamente a vida e os bens dos nossos semelhantes. Faz uso aleatório da violência e ameaça intimidar ou coagir, especialmente com objectivos políticos ou religiosos. A guerra aberta, a prisão justa ou injusta e a tortura, ainda mantêm mantenha a esperança de um fim ou de uma libertação; mas isso não acontece com o terrorismo.

Estação de Bolonha (Itália), 1980
O terrorismo está enraizado na necessidade de cada ser humano de pertencer a um grupo de parceiros. Nestes tempos, tornou-se ideologicamente aceitável matar indiscriminadamente inocentes para alcançar o objectivo terrorista: a ordem social baseada na sua única concepção do que é bom para eles e para todos os outros, sem excepções. Exigem obediência imediata, exacta e completa às suas ordens e princípios, como se verifica pelas acções de bombistas suicidas. Entre 1982 e Janeiro de 2015, foram documentados mais de 4283 ataques suicidas em 40 países, provocando dor e destruição indescritíveis.

A maioria dos actos terroristas que vemos hoje já não encaixa no velho ditado "Terrorista para uma pessoa é combatente pela liberdade para outra". Veja-se, por exemplo, a atitude da Alemanha nazi contra os grupos de resistência que se opunham à ocupação dos seus países pela Alemanha, rotulando-os de "terroristas". Nem as antigas tácticas de guerrilha perdoavam isso. Lutar pela liberdade, pela justiça e pela igualdade não é o mesmo que lutar pela repressão e pela subjugação.

O terrorista, tal como o egoísta, não considera importantes os sentimentos ou as vidas dos outros:
O homem que só pensa em si próprio e desconsidera os outros... [Ele] ... é sem dúvida inferior ao animal, porque o animal não possui da faculdade de raciocínio. O animal tem desculpa; mas no homem existe a razão, a faculdade de justiça, a faculdade de misericórdia. Possuindo todas essas faculdades ele não deve deixar de utilizá-las. Quem tem o coração tão endurecido que apenas pensa no seu próprio conforto, não será chamado homem. (‘Abdu’l-Bahá, Foundations of World Unity, p. 42)
Até agora, as falsidades das ideologias e das acções terroristas revelaram-se como evidentes e auto-destrutivas. É reconhecido aos governos e às pessoas de bem em todos os lugares o dever expor as suas filosofias fúteis e justificações infundadas para matar inocentes. Os ensinamentos Bahá'ís dizem que a propagação do terrorismo expõe um dos falhanços mais profundos na forma como a humanidade tratou dos seus assuntos:
Os defeitos na ordem prevalecente estão patentes na incapacidade dos Estados soberanos, organizados nas Nações Unidas, em exorcizar o espectro da guerra, na ameaça de colapso da ordem económica internacional, no alastramento da anarquia e do terrorismo, e no sofrimento intenso que estas e outras aflições causam a milhões crescentes. (A Casa Universal de Justiça, A Promessa da Paz Mundial)
É claro, que os governos também matam pessoas inocentes com bombas, mísseis e drones. Os Bahá’ís acreditam que todas essas acções - perpetradas com a máscara do terrorismo ou do governo - devem parar. Como vimos no passado, destruição e morte só produzem mais destruição e morte.

Em vez disso, os ensinamentos Bahá'ís dizem que devemos adoptar uma estrutura genuína e universal que pode regular, conter e, por fim, parar as violentas explosões terroristas no mundo. Essa estrutura exige uma nova forma de organizar o mundo, baseada na justiça e na unidade:
A aceitação da unidade da humanidade é o primeiro pré-requisito fundamental para a reorganização e administração do mundo como um só país, o lar da humanidade. A aceitação universal deste princípio espiritual é essencial para o sucesso de qualquer tentativa para estabelecer a paz mundial. Por isso, deve ser universalmente proclamado, ensinado nas escolas, e constantemente afirmado em todas as nações como preparação para a transformação orgânica da estrutura da sociedade que isso implica.

Na perspectiva Baha'i, o reconhecimento da unidade da humanidade "exige nada menos do que a reconstrução e a desmilitarização de todo o mundo civilizado - um mundo organicamente unificado em todos os aspectos essenciais da sua vida, na sua máquina política, na sua ambição espiritual, no seu comércio e nas suas finanças, na sua escrita e língua, e também na infinita diversidade das características nacionais das suas unidades federadas" (Idem)

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Texto original: How Can We End Terrorism? (bahaiteachings.org)

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Rodney Richards é escritor técnico de profissão e trabalhou durante 39 anos para o Governo Estadual de New Jersey. Reformou-se em 2009 e dedicou-se à escrita (prosa e poesia),tendo publicado o seu primeiro livro de memórias Episodes: A poetic memoir. É casado, orgulha-se dos seus filhos adultos, e permanece um elemento activo na sua comunidade.

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