sexta-feira, 5 de maio de 2006

Muros

Houve um tempo na história em que o dever era edificar muros para que as forças exteriores – bichos, meteorologia, outros homens – não impedissem o desenvolvimento, mas provavelmente haverá outra época em que o grande trabalho será o de derrubar muros de toda a espécie, não só os exteriores que os homens foram construindo por obrigação ou pelo gosto de progredir, mas também quebrar os interiores, que tantas vezes levantamos dentro de nós, como defesa da nossa comodidade ou como serviço da nossa preguiça.

Agostinho da Silva, Vida Conversável, pag. 57
Nesta curta frase, Agostinho da Silva apresenta uma visão optimista sobre o futuro da humanidade: o processo de amadurecimento dos povos do mundo leva a que cada comunidade e cada sociedade tenham de derrubar muros de preconceitos e ideias preconcebidas com que sempre viu outros povos e comunidades. Isso permitirá um diálogo que favoreça o respeito e o conhecimento mútuo entre os povos do mundo.

Este processo de amadurecimento colectivo não será fácil, nem rápido. O desenvolvimento e o progresso impelem-nos para a unidade dos povos; a preguiça e o comodismo prendem-nos a uma ordem mundial obsoleta e inadequada aos nossos dias. Por muito sombrios que sejam os tempos mais próximos, a unidade dos povos do mundo parece uma inevitabilidade.

10 comentários:

Anónimo disse...

Eu já tinha percebido essa atitude baha'i em relação ao futuro da humanidade.
Optimismo só a longo prazo.
A curto prazo é melhor rezar para que a coisa não fique tão má quanto parece.

Se nós não estivermos vivos nesse longo prazo, de que serve o optimismo?

Elfo disse...

Mas nós não estamos parados, temos estado desde 1844 até agora a fazermos um trabalho de sensibilização em todos os níveis.
A primeira mulher a lutar pelos seus direitos e a arrancar o véu islâmico foi Tihiry, uma Bahá'í persa e uma das Letras dos Viventes. Foi na Presença de Bahá'u'llá e do Sagrado Quddus - passe o polionásmo -, pois Quddus significa Sagrado.
A implentação de uma língua auxiliar universal foi feita por um Bahá'í russo, e a lingua era o Esperanto, hoje está mais que claro que a lingua mais difundida em todo o mundo, é o inglês, mas isso só significa que quem lançou as bases para uma lingua auxiliar universal foi Bahá'u'lláh

Anónimo disse...

100% bahai quanto a isto!

Pedro Fontela disse...

Marco,

E quando os muros são religiosos? É para derrubar? :)


Elfo,

«...mas isso só significa que quem lançou as bases para uma lingua auxiliar universal foi Bahá'u'lláh »

E eu que pensava que tinham sido os grande impérios continentais e o comércio internacional...

Marco Oliveira disse...

Pedro Fontela,

Muros de preconceitos religiosos são para derrubar, obviamente.

Mas isso não significa que devemos acabar com a religião.

;-)

Pitucha disse...

Sejamos optimistas mesmo numa altura em que se reerguem muros materiais e se reforçam muros interiores um pouco por toda a parte.
Beijos

Elfo disse...

"E se a religião for causa de dissenção entre vós, então mais vale que não haja religião nenhuma."
Bahá'u'lláh

Anónimo disse...

elfo

A frase de Bahá'u'lláh é brutal. Quer dizer, por exemplo, se numa família houver problemas por causa da religião (estou a lembrar-me de um egípcio que se torne bahai) o melhor é esquecerem isso da religião e viverem em harmonia como família? Por outras palavras, a religião é uma questão secundária quendo está em causa a harmonia social (ou familiar, ou política, ou laboral, etc)?

Anonymous #2

Anónimo disse...

Anonymous #2 (que raio de nick!)

Estava a pensar exactamente nisso.
Aquilo soa a coisa do tipo "Se te doi a cabeça, o melhor é cortá-la!"

Marco Oliveira disse...

A frase é bem forte, tenho de reconhecer. Até costumo citá-la com alguma frequência. Mas creio que naquela frase de Bahá'u'lláh, a ênfase não é na religião em si, mas na forma como se vive a religião.

As coisas não devem ser postas na forma "Se lutas por causa da religião, então é melhor ser ateu" mas antes "Se usas a religião para lutar, deves repensar a forma como vives a religião". Pelo menos é assim que eu entendo aquela frase de Bahá'u'lláh.