Neste vídeo o antigo negociador de Bill Clinton para as alterações climatéricas, Don Brown, apresentou e desenvolveu esta ideia num painel sobre ética junto da Comissão das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, (um evento patrocinado pela Comunidade Bahá'í).
Brown afirma que “existem muitas questões éticas e morais ocultas nas discussões económicas e científicas sobre alterações climáticas”. E não tem dúvidas: necessitamos de usar instituições multilaterais e aplicar a lei internacional. Em pouco mais de 10 minutos, Don Brown aborda - de forma fascinante e perturbadora - um conjunto significativo de questões morais associadas aos problemas ambientais:
- Qual o limite aceitável para emissão de gases com efeitos de estufa? Qual o nível de aquecimento do planeta que devemos tolerar? Isto determina que vive e quem morre.
- Como deverão ser distribuídas as quotas de emissão de CO2? Se nos próximos 30 anos vamos passar de 7 para 20 mil milhões de toneladas de emissão (como antecipam alguns cenários) ou se vamos passar de 7 para 2,5 mil milhões (com reduções dramáticas) como redistribuir as quotas? Deverão os EUA ter uma maior quota per-capita do que China ou a Índia?
- Quem paga os prejuízos causados na atmosfera? Os países mais pobres estão a levantar esta questão. É uma questão de justiça.
- Poderemos criminalizar os estragos ambientais contínuos, agora que existe uma certeza científica sobre as influências humanas no clima? Em muitas partes do mundo, o comportamento perigoso é criminalizado.
- Para quem é que isto é um custo? Será imoral para os EUA afirmarem que a redução de emissões é demasiado cara? As análises custo-benefício que têm sido feitas transformam tudo em bens de consumo e até consideram as vidas das pessoas de países subdesenvolvidos como menos valiosas do que as vida de pessoas em países desenvolvidos. É muito estranho que a ética e a moralidade esteja ausentes destas análises custo-benefício.
- Deverão os países agir em conjunto? Será imoral os EUA aguardarem que os outros países tomem iniciativas? Isto tem sido uma desculpa que os EUA têm usado nos últimos 30 anos. Será que alguém pode achar que não deve parar um comportamento criminoso porque outros também não param?
- Poderemos arriscar e aguardar o aparecimento de uma tecnologia salvadora e mais barata? E os países pobres do mundo terão alguma palavra nesta opção?
Será que vamos necessitar de um choque emocional equivalente para despertarmos da nossa inércia face aos problemas climáticos?
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A ler:
Ethics and Climate Change (International Environment Forum)
Climate change creates moral issues, says panel (BWNS)
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