sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Ética Climática: o tema central na Conferência de Copenhaga

"Quando um representante de um país afirma: «Eu não vou tomar medidas para reduzir as emissões de carbono porque isso vai prejudicar a economia», cada vez mais pessoas levantam a pergunta lógica: «Então, isso significa que vocês não têm obrigações fora das vossas fronteira?». Desta forma, todo o discurso sobre a ética climática está a chamar a atenção para as obrigações internacionais que os países têm em relação uns aos outros."

Foi com estas palavras que Peter Adriance - membro da delegação Baha'i presente na Conferência de Copenhaga - exemplificou a forma como os debates sobre alterações climáticas aspectos devem ser considerados para lá dos limites da política interna.

"Já não existe apenas um pequeno grupo que fala sobre as dimensões éticas e morais da questão - essas ideias estão a tornar-se parte do discurso em Copenhaga", disse Duncan Hanks, director-executivo da Canadian International Development Agency Baha'i. "Ouvimos isso de pessoas na tribuna, nas discussões nos corredores, e vemo-lo em cartazes que dizem coisas como «Justiça Climática Agora»", acrescentou.

A Conferência da ONU sobre Alterações Climáticas pretendia estabelecer um novo acordo internacional para reduzir as emissões globais de dióxido de carbono e outros gases que causam o efeito de estufa. Esse novo pacto deveria substituir o Protocolo de Quioto, que expira em 2012. Além governantes e negociadores de 192 países, a Conferência atraiu participantes de organismos internacionais, a comunicação social, e um conjunto de organizações, que vão desde grupos ambientais a empresas.


Tahirih Naylor, a representante da Comunidade Bahá'í, na conferência de imprensa 
de apresentação da Declaração Inter-Religiosa sobre Alterações Climáticas

A delegação da Comunidade Internacional Bahá'í - registada nas Nações Unidas como uma organização internacional não-governamental - era constituída por cerca de 20 pessoas. Tahirih Naylor, uma representante Baha'i na ONU, afirmou que muitas das dificuldades encontradas durante a Conferência serviram para destacar a necessidade de cooperação internacional para proteger o ambiente.

"Enfrentar as alterações climáticas exige preocupação com o bem-estar de toda a humanidade acima dos interesses nacionais ", disse ela. "As descobertas científicas não devem ser distorcidas para servir objectivos políticos. Quaisquer que sejam as divergências sobre os motivos das alterações climáticas, é claro que a protecção do nosso ambiente deve ser vista, não só em termos técnicos e económicos, mas também como um desafio ético e moral para o mundo inteiro".

Ela concordou que as declarações dos governantes, representantes da sociedade civil, e outros fazem cada vez mais referências à importância da justiça e da moralidade no tratamento de questões relacionadas com a protecção do ambiente.

Na conferência de imprensa da Declaração Inter-Religiosa sobre Alterações Climáticas, realizada como parte do evento de Copenhaga, a Sra Naylor declarou que "é fundamental que as religiões se unam em torno desta questão, para apelar à acção dos líderes mundiais, e também para agir dentro das nossas próprias comunidades".

"Sentimos que as alterações climáticas desafiam a humanidade a subir para o próximo nível da nossa maturidade colectiva, uma maturidade que nos convida a aceitar a nossa unidade fundamental, o facto de sermos um só povo que vive num planeta finito, que somos todos irmãos e irmãs ", disse ela.

"Reconhecemos que a busca pela justiça climática não é uma competição por recursos limitados", disse ela, "mas parte de um processo gradual em direcção a níveis superiores de unidade entre as nações..."

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FONTE: Climate ethics is talking point at Copenhagen Conference (BWNS)

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