Texto de Filipe Avillez, publicado no site da Rádio Renascença
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A Comunidade Bahá’í nasceu no Irão e é a maior minoria religiosa não islâmica no país. Nas últimas semanas têm sentido a pesada mão da perseguição de Teerão.
Dezenas de seguidores da religião Bahá’í foram detidos nas últimas
semanas com o aumento das medidas persecutórias contra a comunidade
naquele país.
Segundo Marco Oliveira, da comunidade Bahá’í em
Portugal, os seus correligionários no iranianos vivem agora um sistema
de “apartheid”, e um ambiente cada vez mais sufocante.
“Os
bahá’ís além de não terem direitos de cidadania, porque não estão
defendidos pela constituição iraniana, neste momento estão impedidos de
um conjunto de actividades. Por exemplo os jovens não podem ingressar na
universidade, quando ingressam acabam por ser expulsos passados alguns
meses. Os bahá’ís não podem ser funcionários públicos, os reformados
viram canceladas as suas reformas e foram obrigados a devolver o que já
tinham recebido, várias pessoas que têm pequenos negócios de comércio
têm visto as suas licenças revogadas, há lares e propriedades destruídas
ou incendiadas”, explica Marco Oliveira.
Os piores episódios
têm-se registado na cidade de Kerman, onde até parceiros e sócios que
têm negócios com os bahá’í mas que não pertencem a essa religião, estão a
ser afectados.
A religião Bahá’í nasceu na Pérsia e ainda
existem naquele país cerca de 300 mil seguidores, que constituem a maior
minoria não islâmica do Irão. O Irão tende a respeitar as comunidades
indígenas de outras religiões, como os cristãos e os judeus,
concedendo-lhes certos direitos na condição de que não interfiram na
vida política. As excepções surgem quando muçulmanos se tentam converter
a outras religiões.
Contudo, esse respeito não se estende aos
bahá’í, por várias razões, como explica Marco Oliveira: “Para os
muçulmanos o Judaísmo e o Cristianismo são religiões do Livro. Os
muçulmanos aceitam Moisés e aceitam Jesus como profetas legítimos e
divinos, mas segundo o Islão Maomé terá sido o último dos profetas. A Fé
Baha’i ensina que há uma sequência contínua de profetas e que o mais
recente foi Bahá'u'lláh. Isto contraria aquilo em que os muçulmanos
acreditam e é isso que está na base das perseguições.”
Marco
Oliveira acredita que há ainda outras razões que enfurecem a hierarquia
islâmica do Irão e de outros países muçulmanos: “Os baha’i têm um
conjunto de ensinamentos que o clero muçulmano mais tradicional não
aceita, como por exemplo a igualdade de direitos entre homens e
mulheres, a necessidade de investigação da verdade e a abolição de todas
as formas de preconceito. Portanto há um conjunto de circunstâncias que
tornam a Fé Bahaí um alvo preferencial das ditaduras islâmicas”.
Actualmente,
segundo dados fornecidos pelos próprios bahá’í, há cerca de uma centena
de pessoas da comunidade iraniana encarcerados unicamente pelas suas
crenças religiosas, cerca de o dobro do que havia há poucos meses.
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FONTE: Irão endurece perseguição aos Baha'is (Rádio Renascença)
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