sábado, 15 de setembro de 2018

3 Equívocos comuns sobre a Fé Bahá’í

Por Kathy Roman.


Desde que conheci a Fé Bahá’í quando tinha 14 anos - e agora sou bastante mais velha - ouvi as mais diversas falsidades - definições, afirmações e acusações - sobre minha religião.

Nestes dois artigos, vamos abordar directamente algumas das inverdades mais óbvias: a Fé Bahá’í é uma seita ou um ramo do Islão; existe clero Bahá’í; quem nasce numa família Bahá’í é Bahá’í; os Bahá’ís não acreditam em Cristo; e os Bahá’ís querem o seu dinheiro. Nenhuma destas possui uma nesga de verdade – de facto, são todas completamente falsas.

Afirmação falsa nº 1: "A Fé Bahá’í é um ramo do Islão"

Na verdade, a Fé Bahá’í é uma religião distinta, reconhecida como tal pela vasta maioria das nações e intelectuais do mundo. Embora o profeta e fundador da Fé, Bahá’u’lláh, tenha nascido numa família muçulmana, Ele fundou uma religião completamente independente. A sua ligação ao Islão é a mesma que liga Cristo ao Judaísmo. Tendo nascido judeu, Jesus cumpriu a profecia judaica e fundou o Cristianismo. Embora o Cristianismo contenha as mesmas verdades básicas que a fé judaica, elas são duas religiões distintas. Bahá’u’lláh veio para unir as religiões:
Cristo foi o profeta dos Cristãos, Moisés dos Judeus - porque é que os seguidores de cada profeta não devem também reconhecer e honrar os outros profetas? Se os homens pudessem apenas aprender a lição da tolerância mútua, da compreensão e do amor fraterno, a unidade do mundo seria rapidamente um facto estabelecido. ('Abdu'l-Bahá, Paris Talks, pags. 48-49)

Uma vez que a realidade essencial das religiões é apenas uma e a sua aparente diferença e multiplicidade encontra-se na adesão a modelos e imitações que foram surgindo, então é evidente que essas causas de diferença e desacordo devem ser abandonadas para que a realidade subjacente possa unir a humanidade, esclarecendo-a e edificando-a. Todos os que se agarram à realidade única estarão em concordância e unidade. Assim, as religiões devem convocar as pessoas para a unicidade do mundo da humanidade e para a justiça universal; desta forma, proclamarão a igualdade de direitos e exortarão os homens à virtude e à fé na misericórdia amorosa de Deus. A base subjacente das religiões é uma; não existe diferença intrínseca entre elas. Portanto, se os mandamentos essenciais e fundamentais das religiões forem cumpridos, a paz e a união manifestar-se-ão, e todas as diferenças de seitas e denominações desaparecerão. ('Abdu'l-Bahá, The Promulgation of Universal Peace, pag. 99)
Afirmação falsa nº 2: “A Fé Bahá’í tem um clero tal como as outras religiões”

Os Bahá’ís acreditam que intermediários, tais como pastores, sacerdotes, mulás ou rabinos, já não são necessários para aprender sobre Deus e comunicar com Ele. E visto que os ensinamentos da Fé Bahá'í afirmam que toda a humanidade é igual sem excepção, os Bahá’ís acreditam que atingimos um estado de maturidade colectiva da humanidade e que qualquer pessoa pode procurar e investigar a verdade, de forma independente. Cada um de nós tem uma relação individual com Deus que é sagrada e pessoal - chegámos a uma fase de maturidade humana que já não requer as antigas formas de fé:
Este é também o ciclo de maturidade e reforma na religião. As imitações dogmáticas de crenças ancestrais estão desaparecer. Elas foram o eixo em torno do qual a religião rodava, mas agora já não são frutíferas; pelo contrário, neste dia elas tornaram-se a causa da degradação e bloqueio humano. Fanatismo e adesão dogmática às crenças antigas tornaram-se a fonte principal de animosidade entre os homens, o obstáculo ao progresso humano, a causa da guerra e da luta, o destruidor da paz, da serenidade e do bem-estar no mundo. ('Abdu'l-Bahá, The Promulgation of Universal Peace, pag. 439)
Assim, apesar da Fé Bahá’í não ter qualquer clero, existe uma administração Bahá’í que é eleita. Todos os anos, os Bahá’ís elegem democraticamente uma Assembleia Espiritual Local de nove pessoas em cada cidade – uma eleição realizada sem propaganda ou politiquices. Estas Assembleias Espirituais focam-se nas necessidades espirituais da comunidade.

Afirmação falsa nº3: "Uma pessoa nasce Bahá’í"

Embora muitos filhos de famílias Bahá’ís acabem por tomar a decisão pessoal de aceitar a Fé, esse processo não é automático. Ao contrário de outras religiões, as crianças de famílias Bahá’ís são encorajadas a estudar todas as tradições espirituais e, depois dos 15 anos, podem fazer - por si próprias - uma opção consciente e informada. Uma vez que a Fé Bahá’í valida os ensinamentos espirituais de muitas tradições do passado, e reconhece e honra todas as grandes religiões do mundo, isto raramente é um problema. Um dos princípios essenciais da Fé Bahá'í - a investigação independente da verdade - garante que ninguém se torna ou permanece um Bahá’í contra a sua própria vontade:
...Deus criou no homem o poder da razão, com o qual o homem é capaz de investigar a realidade. Deus não desejou que o homem imitasse cegamente os seus pais e antepassados. Ele dotou-o com a mente - ou a faculdade do raciocínio - com cujo exercício ele deve investigar e descobrir a verdade, e ele deve aceitar aquilo que descobre ser real e verdadeiro. Ele não deve ser um imitador ou um seguidor cego de qualquer alma. Ele não deve confiar implicitamente na opinião de qualquer homem, sem investigar; pelo contrário, cada alma deve procurar de forma inteligente e independente, e chegar a uma conclusão real e limitada apenas por essa realidade. ('Abdu'l-Bahá, The Promulgation of Universal Peace, pag. 291)
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Texto original: 3 Common Misconceptions about the Baha’i Faith (www.bahaiteachings.org)

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Kathy Roman é educadora reformada, aspirante a escritora, esposa e mãe de dois filhos que vive em Elk Grove, California (EUA), onde serve como responsável de Informação Pública Bahá’í.

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