As religiões têm a sua origem no momento em que um profeta anuncia pela primeira vez uma nova revelação; foi assim que Cristo fez a João Baptista e o Buda fez aos seus dois primeiros discípulos, Trapusa e Bahalika.
É sempre assim que as religiões nascem - um mensageiro de Deus recebe uma revelação e começa a partilhar a nova e a antiga sabedorias com os outros. A mensagem do profeta espalha-se, as pessoas aderem e a revelação cria uma realidade inteiramente nova, derrubando os velhos costumes e posteriormente alterando civilizações inteiras.
Exactamente da mesma forma, o Bab, o jovem arauto da Fé Bahá’í e o fundador da Fé Bábi, declarou a Sua missão em 22 de Maio de 1844 a um jovem buscador chamado Mulla Husayn.
Seis anos e seis semanas depois, em 9 de Julho de 1850, o Báb morreria com uma salva de tiros disparados por um pelotão de fuzilamento, seguindo ordens do governo persa que temia o poder da mensagem do Báb, o rápido crescimento rápido da Sua causa e a devoção sacrificial demonstrada por dezenas de milhares dos Seus seguidores.
Os Bahá'ís acreditam que o Báb – um título que significa “a Porta” – abriu o caminho para o posterior estabelecimento da unidade da humanidade. Então, quem era o Báb, cuja declaração é celebrada no dia 23 de Maio?
O Báb – também conhecido como Siyyid Ali Muhammad – nasceu em Shiraz, na Pérsia, em 1819. (Siyyid significa “descendente do profeta Muhammad”). Provinha de uma família de comerciantes; fora criado por um tio materno após a morte prematura do Seu pai, em 1826; na Sua família tinham-se destacado místicos sufis em várias gerações; desde a infância destacara-se pela Sua sabedoria, inteligência e humildade; com o Báb surgiu um movimento apenas comparável aos primórdios do cristianismo:
A paixão de Jesus Cristo, e de facto todo o Seu ministério público, por si só apresentam um paralelismo com a Missão e morte do Báb, paralelismo que nenhum estudante de religião comparada pode deixar de perceber ou ignorar. Na juventude e serenidade do Inaugurador da Dispensação Bábi; na brevidade e turbulência extremas do Seu ministério público; na rapidez dramática com que esse ministério se precipitava para o seu clímax; na ordem apostólica que Ele instituiu, e na primazia que Ele conferiu a um dos seus membros; na ousadia do Seu desafio às convenções, ritos e leis consagradas pelo tempo que haviam sido definidas no tecido da religião em que Ele próprio nascera; no papel que uma hierarquia religiosa oficialmente reconhecida e firmemente estabelecida desempenhou como principal instigadora dos ultrajes que Ele foi obrigado a sofrer; nas indignidades lançadas sobre Ele; na rapidez da Sua prisão; no interrogatório a que foi submetido; no escárnio derramado e na flagelação infligida sobre Ele; na afronta pública que sofreu; e, finalmente, na Sua suspensão ignominiosa perante o olhar de uma multidão hostil - em tudo isso não podemos deixar de discernir uma notável semelhança com as características distintivas do percurso de Jesus Cristo. (Shoghi Effendi, God Passes By, pp. 56-57)
Os Bahá'ís acreditam que no dia em 22 de Maio de 1844 – algumas horas após o pôr-do-sol – iniciou-se uma nova era de fé, uma renovação da promessa eterna da própria religião. Pouco depois, muitos milhares tornaram-se seguidores do Báb, que revogava as leis do passado e declarava que tinha vindo para preparar o caminho para outro profeta de Deus, o Prometido de Todas as Eras, que fundaria uma religião universal e unificadora do mundo.
Os historiadores que analisam a enorme transformação social iniciada pelo Báb comentam frequentemente sobre a violenta perseguição que a Sua mensagem gerou:
O fogo de Sua eloquência, a maravilha dos Seus textos rápidos e inspirados, a Sua extraordinária sabedoria e conhecimento, a Sua coragem e zelo como reformador, despertaram o maior entusiasmo entre os Seus seguidores, mas despertaram um nível equivalente de receio e inimizade entre os muçulmanos ortodoxos. Os eruditos xiitas denunciaram-No veementemente e persuadiram o governador de Fars, ou seja, Husayn Khan, um governante fanático e tirânico, a lançar a repressão da nova heresia. Assim começou para o Báb uma longa série de prisões, deportações, interrogatórios perante tribunais, flagelações e indignidades, que só terminaram com o Seu martírio em 1850... Como consequência dessas declarações do Báb e da alarmante rapidez com que pessoas de todas as classes, ricos e pobres, eruditos e ignorantes, respondiam ansiosamente aos Seus ensinamentos, os esforços de repressão tornaram-se cada vez mais implacáveis e determinados. As casas eram saqueadas e destruídas. As mulheres foram raptadas e levadas. Em Teerão, Fars, Mazindaran e noutros locais, grandes números de crentes foram mortos. Muitos foram decapitados, enforcados, despedaçados pela boca dos canhões, queimados ou esquartejados. Apesar de todas as tentativas de repressão, porém, o movimento progrediu. (Dr. J.E. Esslemont, Baha'u'llah and the New Era, pp. 14-16)
'Abdu'l-Bahá descreveu a Declaração do Báb e os sacrifícios que os Seus seguidores fizeram numa palestra feita nos Estados Unidos, no aniversário da Declaração do Báb:
Neste dia, em 1844, o Báb foi enviado, anunciando e proclamando o Reino de Deus, proclamando as boas novas da vinda de Bahá'u'lláh e resistindo à oposição de toda a nação persa. Alguns dos persas seguiram-No. Por isso, eles padeceram as dificuldades mais penosas e provações severas. Eles resistiram aos testes com uma força maravilhosa e um heroísmo sublime. Milhares foram lançados na prisão, punidos, perseguidos e martirizados. As suas casas foram saqueadas e destruídas, os seus bens confiscados. Eles sacrificaram as suas vidas de boa vontade, e permaneceram inabaláveis na sua fé até ao fim. Essas almas maravilhosas são as lâmpadas de Deus, as estrelas da santidade brilhando gloriosamente no horizonte eterno da vontade de Deus. (The Promulgation of Universal Peace, p. 138)
Os Bahá'ís regozijam-se e comemoram todos os anos no aniversário da Declaração do Báb, que fez soar o grande chamamento para a unidade de todos os povos, culturas, nações e religiões:
Sabei que em primeiro lugar na religião está o conhecimento de Deus. Isso atinge a sua consumação no reconhecimento da Sua unidade divina… (Selections from the Writings of the Bab, p. 117)
As religiões começam quando um profeta de Deus recebe uma revelação divina – uma transferência mística de inspiração, conhecimento e poder espiritual do Criador. Com Buda, com Abraão, com Jesus, com Muhammad, com o Báb e com Bahá'u'lláh, ocorreu esse mesmo padrão básico. Cada um desses profetas abriu o caminho para um novo nível de consciência humana. Os Bahá'ís acreditam que o Báb criou os meios para o futuro estabelecimento da unidade da humanidade.
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TRADUZIDO E ADAPTADO DE : How Religions are Born: The Declaration of the Bab (www.bahaiteachings.org)
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