Ó Filho do Homem! O templo do ser é o Meu trono; purifica-o de todas as coisas, para que ali Eu Me possa estabelecer e habitar.
Ó Filho do Ser! O teu coração é o meu lar; santifica-o para a Minha descida. O Teu espírito é o Meu lugar de revelação; limpa-o para a Minha manifestação.
Ó Filho do Homem! Coloca a tua mão no Meu peito, para que Eu Me possa erguer acima de ti, radiante e resplandecente.
Ó Filho do Homem! Ascende ao Meu céu, para que possas alcançar a alegria da reunião, e do cálice da glória imperecível beber o vinho incomparável. (Bahá’u’lláh, As Palavras Ocultas, do árabe, #58, #59, #60, #61)
Estas quatro citações do livro de Bahá’u’lláh, As Palavras Ocultas, centram-se todas num tema: a santidade e a beleza espiritual do coração humano.
Nos ensinamentos místicos de todas as religiões e nas Escrituras de Bahá’u’lláh, é-nos dito que Deus é o dono dos nossos corações:
Ele... escolheu os corações dos homens como o Seu próprio domínio. (Bahá’u’lláh, Tablets of Baha’u’llah, pp. 220-221.)
O Deus uno e verdadeiro sempre considerou os corações dos homens como Seus, como Sua propriedade exclusiva – e também apenas comouma expressão da Sua misericórdia insuperável, para que, porventura, as almas mortais possam ser purificadas e santificadas de tudo o que pertence ao mundo do pó, e possam ser admitidas nos domínios da eternidade. (Bahá’u’lláh, Súriy-i-Haykal, ¶214)
Assim, estas quatro citações das Palavras Ocultas, do magnânimo livro de Bahá’u’lláh, contendo pequenos aforismos de sabedoria eterna, contêm alguns conselhos profundos para cada ser humano. Pedem-nos para limpar e santificar a paisagem interior do nosso próprio coração, e fazer dela a morada de pensamentos e emoções sublimes e espirituais. Pedem-nos para guardar os afectos dos nossos corações para o que realmente perdura, em vez das bugigangas brilhantes e das atracções que desaparecem rapidamente do mundo material. Pedem-nos para nos desligarmos do mundo material e voltarmos o nosso olhar para o reino espiritual:
Ó amigo, o coração é a morada dos mistérios eternos, não faças dele o lar das fantasias efémeras; não desperdices o tesouro da tua vida preciosa ocupado com este mundo que se desvanece depressa. Tu vens do mundo da santidade – não prendas o teu coração à terra; és um morador da corte da proximidade – não escolhas a pátria do pó. (Bahá’u’lláh, The Seven Valleys, p. 34.)
O que significa isto?
Numa perspetiva Bahá’í, significa transcender o eu inferior e ascender a um eu superior. Significa elevar-se acima do temporário, aspirar ao permanente e procurar o templo místico do ser:
Abandona os teus próprios desejos, volta a tua face para o teu Senhor e não sigas os passos daqueles que tomaram as suas inclinações corruptas como o seu deus, para que talvez possas encontrar abrigo no coração da existência, sob a sombra redentora d’Aquele que forma todos os nomes e atributos. (Bahá’u’lláh, Gems of Divine Mysteries, pp. 48-49)
Todos viemos de Deus e todos voltamos para Deus. Todas as grandes religiões afirmam esta verdade eterna. Para permanecermos nessa morada eterna, dizem as Escrituras Bahá’ís, devemos “procurar os sopros sagrados do espírito…” Mas o que significa abandonar os nossos próprios desejos e renunciar ao eu inferior? 'Abdu'l-Bahá explica:
Quanto à afirmação n’As Palavras Ocultas, de que o homem deve renunciar a si próprio, o significado é que ele deve renunciar aos seus desejos desmesurados, aos seus propósitos egoístas e aos impulsos do seu eu humano, e procurar os sopros sagrados do espírito, e seguir os anseios do seu eu superior e mergulhar no mar do sacrifício, com o coração fixado na beleza do Todo-Glorioso. (Selections from the Writings of ‘Abdu’l-Bahá, p. 206)
Este amor profundo, constante e incessante pela “beleza do Todo-Glorioso”, que só pode vir do reino invisível, tem uma pretensão profunda em relação aos nossos corações:
Dá ouvidos, ó povo, àquilo que Eu, em verdade, vos digo. O único Deus verdadeiro, exaltada seja a Sua glória, sempre considerou, e continuará a considerar, os corações dos homens como Seus, a Sua posse exclusiva. (Baha’u’llah, Gleanings from the Writings of Baha’u’llah, p. 206)
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Texto original: Aspiring to the Mystical Temple of Being (www.bahaiteachings.org)
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David Langness é jornalista e crítico de literatura na revista Paste. É também editor e autor do site www.bahaiteachings.org. Vive em Sierra Foothills, California, EUA
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