sábado, 23 de novembro de 2024

Como evitar o cansaço, os problemas e a morte

Por David Langness.


Ó Filho do Homem! Muitos dias passaram por ti enquanto te ocupavas com as tuas fantasias e vãs imaginações. Quanto tempo vais permanecer adormecido no teu leito? Levanta a cabeça do sono, pois o Sol subiu ao zénite, talvez possa brilhar sobre ti com a luz da beleza.

Ó Filho do Homem! A luz brilhou sobre ti vinda do horizonte do Monte sagrado e o espírito da iluminação soprou no Sinai do teu coração. Por isso, liberta-te dos véus das vãs fantasias e entra na Minha corte, para que possas estar preparado para a vida eterna e ser digno de Me encontrar. Assim, a morte não te poderá alcançar, nem o cansaço, nem os problemas. (Bahá’u’lláh, As Palavras Ocultas, do árabe, #62, #63)

Passaram vários meses desde que escrevi o último texto desta série de artigos sobre o belo e místico livro de Bahá’u’lláh, As Palavras Ocultas. Peço desculpa pela demora – por vezes, exalto-me com a beleza destas palavras e tento meditar nelas todos os dias, e depois uma destas frases fica gravada na minha mente e parece habitar nos meus pensamentos durante meses. Quando isto acontece, levo muito tempo a processar e depois a tentar compreender os significados profundos dos impressionantes aforismos de Bahá’u’lláh.

Foi o que aconteceu com estas duas citações d’As Palavras Ocultas.

Depois de reflectir sobre elas durante algum tempo, parecem resumir e conter a própria essência daquilo que é acreditar. Achei-as tão profundas; e ainda estou a lutar para conseguir entendê-las.

Bahá’u’lláh apela-nos, na primeira citação, a despertar do nosso sono: “Levanta a tua cabeça…” Ele pede-nos para deixarmos para trás as nossas “fantasias e vãs imaginações” e emergirmos da longa noite da alma. Porquê? Porque “o Sol subiu ao zénite, talvez possa brilhar sobre ti com a luz da beleza”.

A noite e a escuridão simbolizam, obviamente, sempre o estado inconsciente; por outro lado, o dia representa a iluminação e o despertar da mente consciente. Nestas frases, Bahá’u’lláh diz-nos que chegou uma nova era de consciência e que o Sol brilha sobre todos nós – que Deus enviou mais uma vez um mensageiro sagrado à humanidade. Anuncia que a luz nasceu de novo, se ao menos acordássemos e olhássemos.

Na segunda citação, Bahá'u'lláh continua a alusão à luz que brilha sobre nós “do Monte sagrado”.

Muitas vezes, nas Escrituras religiosas, o Monte Sinai, ou o Monte sagrado – um dos lugares mais sagrados do Judaísmo, do Cristianismo e do Islão, onde Moisés recebeu os Dez Mandamentos – simboliza o próprio profeta de Deus. A palavra Sinai representa também o coração humano puro, que recebe a luz do profeta.

Uma vez que os Bahá'ís aceitam Bahá’u’lláh como o novo profeta de Deus – o mais recente de uma longa linhagem de mensageiros sagrados como Abraão, Krishna, Buda, Moisés, Cristo e Maomé – estas frases d’As Palavras Ocultas convidam todos “para a Minha corte… ”

A utilização da palavra “Minha” em maiúscula indica que aqui Deus fala directamente connosco através de Bahá’u’lláh, pedindo a cada um de nós que alcance a vida eterna, reconhecendo a efusão de luz que o novo profeta traz. Bahá’u’lláh convida-nos a reconhecer a Sua revelação, a compreender que Deus voltou a falar, a abrir os nossos olhos e a deixar entrar a luz.

Este convite, que Bahá’u’lláh fez a toda a humanidade, contém uma promessa: “Assim, a morte não te poderá alcançar, nem o cansaço, nem os problemas.

Como é que isto é possível? O que significa esta promessa?

Diz-nos que quando reconhecemos o mais recente chamamento de Deus, Ele começa a preparar as nossas almas para poderem estar preparadas para a vida eterna e dignas de O encontrar. Não promete algum tipo de salvação ou recompensa instantânea – em vez disso, Bahá’u’lláh diz que devemos libertar-nos dos “véus das vãs fantasias” para podermos ver claramente e reconhecer a “luz da beleza”.

Assim, a morte não te poderá alcançar …”, escreveu Bahá’u’lláh, oferecendo a todos a vida eterna.

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Texto original: How to Avoid Weariness, Trouble and Death (www.bahaiteachings.org)


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David Langness é jornalista e crítico de literatura na revista Paste. É também editor e autor do site www.bahaiteachings.org. Vive em Sierra Foothills, California, EUA

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