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sábado, 19 de agosto de 2017

Porque é que um Deus único tem tantas religiões?

Por Marty Schirn.


Nasci e cresci numa família do Judaísmo da Reforma em Kansas City (EUA) e minhas crenças judaicas sempre foram muito fortes, especialmente que a de que existe apenas um único Criador.

Quando tinha 16 anos, comecei a namorar. Os meus pais estabeleceram uma regra com a qual eu concordei e obedeci rigorosamente. Eu apenas podia namorar moças judias, para evitar um casamento misto.

No ensino secundário, conheci muitas moças judias através da B'nai B'rith, uma organização judaica internacional.

Mas em 1964, quando comecei a frequentar a Universidade do Kansas, o grupo B'nai B'rith tinha apenas 25 mulheres judias. Quando era caloiro, tive muitos encontros. Mas em 1965, como estudante do segundo ano, as mesmas 25 mulheres eram as únicas mulheres judias na escola. Naquela época, eu não gostava delas; e elas não gostavam de mim, ou tinham namorados. Já não havia mulheres judias para namorar!

A regra dos meus pais estava tão enraizada no meu coração que eu parei de namorar. Durante muitas noites, chorei antes de dormir. Aquilo foi extremamente traumático para mim!

Uma noite, enquanto chorava intensamente por não poder namorar, comecei a pensar como a religião se tornara uma grande barreira entre as pessoas, em vez de as unir em unidade e harmonia. De repente, surgiu uma pergunta na minha mente.

Porque é que um Deus único tem tantas religiões?

Na época, não percebi, mas esta pergunta mudou drasticamente a minha vida. Gradualmente deixei de sofrer e reflecti profundamente. Com tantas religiões e denominações que afirmam ser o único caminho para Deus, isso não fazia sentido para mim. Senti que era uma contradição ilógica.

Quando pensava nisso, percebi que geralmente a religião de uma pessoa é determinada pelo seu local de nascimento e pela religião dos seus pais. Depois ensinam-lhe que a sua religião é a verdadeira e todas as outras são falsas. Isso também não fazia qualquer sentido para mim.

Um mês mais tarde, conheci um colega chamado D.J. Tornámo-nos bons amigos. Coloquei-lhe a minha questão e fiquei surpreendido com a resposta. Ele disse-me o seguinte: "Logicamente, um Deus único só pode ter uma única religião. Ele não está em competição consigo próprio".

Depois D.J. explicou que Deus tem revelado a Sua única religião não uma, mas muitas vezes, ao longo da história. Os Seus mensageiros foram os fundadores das principais religiões mundiais: Abraão, Krishna, Moisés, Zoroastro, Buda, Cristo e Muhammad.

Isto significa que todas as principais religiões mundiais têm origem divina, são uma única na essência, são igualmente verdadeiras, são igualmente importantes, são igualmente válidas e todas fazem parte de um processo único e gradual.

Deus, através dos Seus Mensageiros, adaptou a Sua religião única para responder às necessidades de cada era em que foi revelada – assim, as principais religiões do mundo são como diversos capítulos de um único livro. Se faltasse um capítulo, o livro estaria incompleto.

Um Criador afectuoso e universal não tem favoritos. Ele quer que todos os Seus filhos conheçam a Sua existência, que O amem e Lhe obedecem e, ao fazê-lo, se transformem nos seres humanos espirituais que Ele deseja que sejam.

Infelizmente - explicou o meu amigo - o clero falível em cada religião tentou interpretar a palavra infalível de Deus, conforme revelada pelos Seus mensageiros. E qual foi o resultado? Conflitos de interpretações, confrontos sectários e desunião. Como se isso não bastasse, o clero impôs as suas interpretações falíveis aos seus seguidores, proclamando: "A minha interpretação é verdadeira e todas as outras são falsas".

Os seguidores assumiram que seus sacerdotes eram sábios e conhecedores; e assim seguiram cegamente o clero, em vez de investigarem a verdade de forma independente, por si próprios e chegarem às suas próprias conclusões.

Isto levou à criação de inúmeras seitas, medo profundo, hipocrisia, fanatismo, preconceito, ódio, distorções exageradas dos ensinamentos originais dos fundadores das religiões do mundo e até mesmo guerras destrutivas travadas em nome da religião.

Originalmente, os mensageiros de Deus vieram para criar unidade e harmonia. O clero e os seguidores criaram desunião.

Aqui estava uma explicação que me fazia todo o sentido! Era lógica e universal. Que contraste com a contradição ilógica das visões exclusivas e restritivas da religião que vemos hoje.

Naturalmente, perguntei ao D.J. como é que ele tinha chegado a esta explicação. Ele disse que estava nos ensinamentos de Bahá'u'lláh, que afirmou:
É claro e evidente para ti que todos os Profetas são os Templos da Causa de Deus, Que apareceram vestidos com diversos trajes. Se observares com olhar criterioso, verás todos habitando no mesmo tabernáculo, voando no mesmo céu, sentados no mesmo trono, proferindo as mesmas palavras e proclamando a mesma Fé. (Livro da Certeza, ¶162)
Após uma investigação muito profunda sobre a vida e os ensinamentos de Bahá’u’lláh, tornei-me Bahá'í em 14 de Janeiro de 1967.

Depois comecei novamente a namorar - só dessa vez, saí com mulheres de diversas religiões, raças ou nacionalidades. Que mudança maravilhosa!

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Texto original: Why Does One God Have So Many Religions? (www.bahaiteachings.org)

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Marty Schirn é um Bahá’í de origem Judaica. Estudou psicologia e administração de empresas. Viveu em Chicago, onde trabalhou no jornal Chicago Tribune e como guia no Templo Bahá’í de Chicago. Actualmente, vive em Tucson, no Arizona (EUA)

sábado, 18 de março de 2017

Pode a Religião renunciar à Exclusividade e à Finalidade?

Por David Langness.


Para dar o salto do pluralismo religioso para a unicidade, cada uma das grandes religiões do mundo deve renunciar às suas pretensões de exclusividade e finalidade.

Aquelas pretensões de acesso privilegiado e absoluto à verdade - do tipo "somos o único caminho para Deus" ou "somos a palavra final e absoluta de Deus" - criaram alguns dos mais amargos conflitos entre os povos da Terra. As religiões que insistem na finalidade ou na exclusividade têm causado incontáveis mortes e tragédias como resultado dessas pretensões sectárias, opondo-se a outras religiões, governos ou povos, e criando ódio em vez de harmonia:
Vimos que aquilo que traz divisão no mundo da existência causa a morte. De igual modo, no mundo do espírito, opera a mesma lei. Portanto, cada servo do Deus Único deve ser obediente à lei do amor, evitando todo o ódio, a discórdia e o conflito. ('Abdu'l-Bahá, Paris Talks, pp. 139-140)
Os ensinamentos Bahá’ís, que sempre renunciaram ao carácter destrutivo dessas pretensões, afirmam que estas não surgiram originalmente com os Profetas e Mensageiros que fundaram cada Religião, mas com as interpretações posteriores influenciadas pelo poder do clero de cada tradição. Além disso, os seguidores das religiões têm muitas vezes permitido que uma devoção excessivamente zelosa aos seus fundadores os leve a acreditar que a sua fé particular é a palavra final ou exclusiva de Deus, e seguidamente negam a possibilidade de aparecimento de qualquer religião posterior.

Ironicamente, os fundadores das grandes Religiões mundiais não reivindicaram exclusividade ou finalidade para seus ensinamentos; em vez disso, todos eles reconheceram as Religiões que tinham aparecido anteriormente e anunciaram futuras Religiões. Toda a religião tem profecias que prometem novos profetas, e toda religião se baseia também nas suas predecessoras. Todas as religiões aguardam o reaparecimento dos seus Mensageiros, porque todos os Mensageiros prometeram regressar.

É por isso que os Bahá’ís não reivindicam finalidade, exclusividade ou superioridade para a sua Fé; e é por isso que Bahá'u'lláh - o profeta e fundador da Fé Bahá'í - exorta a humanidade à unidade:
Não pode haver dúvida alguma de que os povos do mundo, de qualquer raça ou religião que sejam, derivam a sua inspiração de uma única Fonte Celestial e são súbditos de um único Deus. A diferença entre os preceitos sob os quais vivem deve ser atribuída aos diversos requisitos e exigências da época em que foram reveladas. Todas elas, exceptuando-se apenas umas poucas que são o resultado da perversidade humana, foram decretadas por Deus e são um reflexo da Sua Vontade e do Seu Propósito. Levantai-vos e, armados com o poder da fé, despedaçai os deuses das vossas imaginações vãs, os semeadores da dissensão entre vós. Apegai-vos àquilo que vos aproxima e vos une. (SEB, CXI)
Em 2002, a Casa Universal de Justiça - o corpo eleito democrática e globalmente, que administra a Fé Bahá'í - enviou uma declaração sobre este importante assunto aos líderes religiosos do mundo de todas as Fés. A declaração reflectiu sobre o apelo de Bahá'u'lláh, acima citado, e concluía pedindo a todas as religiões que renunciem às suas reivindicações de exclusividade ou finalidade:
Tal apelo não exige o abandono da fé nas verdades fundamentais de qualquer um dos grandes sistemas de crenças do mundo. Bem pelo contrário. A fé tem o seu próprio imperativo e é a sua própria justificação. O que os outros acreditam - ou não acreditam - não pode ser a autoridade em qualquer consciência individual digna do nome. O que as palavras acima instam inequivocamente é à renúncia a todas as pretensões de exclusividade ou finalidade que, ao envolver as suas raízes em torno da vida do espírito, se tornaram o principal factor na sufocação dos impulsos à unidade e na promoção do ódio e da violência. (A Casa Universal da Justiça, Abril de 2002, Aos Líderes Religiosos do Mundo)
Este urgente apelo Bahá’í aos líderes das Religiões do mundo vai muito além da mera tolerância religiosa, diversidade ou pluralismo. Vai ao coração da nossa compreensão de Deus. Desafia todos os líderes religiosos a compreender mais profundamente a verdade das suas próprias crenças, a considerar o futuro do mundo nesse contexto e, finalmente, a reconhecer e agir segundo a promessa básica de toda a religião - a promessa de Deus de trazer a paz e a unidade à humanidade:
Que o fanatismo e a intolerância religiosa sejam desconhecidos, que toda a humanidade adira ao vínculo da fraternidade, que as almas se associem em perfeito acordo, que as nações da terra hasteiem o estandarte da verdade e as religiões do mundo entrem no templo divino da unicidade, pois as fundações das religiões celestiais são uma realidade única. A realidade não é divisível; ela não admite a multiplicidade. Todos os Santos Manifestantes de Deus proclamaram e promulgaram a mesma realidade. Convocaram a humanidade para a própria realidade, e a realidade é uma só. As nuvens e as brumas das imitações obscureceram o Sol da Verdade. Devemos abandonar essas imitações, dissipar essas nuvens e brumas e libertar o Sol das trevas da superstição. Então o Sol da Verdade brilhará mais gloriosamente; todos os habitantes do mundo estarão unidos, as religiões serão uma só; seitas e denominações reconciliar-se-ão; todas as nacionalidades fluirão para o reconhecimento de uma única Paternidade e todos os níveis da humanidade se reunirão ao abrigo do mesmo tabernáculo, sob o mesmo estandarte. (’Abdu’l-Bahá, The Promulgation of Universal Peace, pp. 95-96)

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Texto original: Can Religion Renounce its Claims to Exclusivity and Finality? (www.bahaiteachings.org)

Artigo anterior: Podemos esperar um futuro pluralista e inter-religioso?

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David Langness é jornalista e crítico de literatura na revista Paste. É também editor e autor do site bahaiteachings.org. Vive em Sierra Foothills, California, EUA.

domingo, 12 de março de 2017

Podemos esperar um futuro pluralista e inter-religioso?

Por David Langness.


Quem é pessimista consegue ver conflitos religiosos por toda a parte – mas quem é optimista, vê o surgimento do movimento inter-religioso.

As acções sensacionais e violentas de extremistas religiosos podem dominar capas de jornais e noticiários, mas isso representa apenas as opiniões contundentes e radicais de uma pequena minoria. O que as capas dos jornais muitas vezes não reflectem - e que a maioria das pessoas não sabe - é o crescente poder de uma nova tendência global para a cooperação e intercâmbio inter-religioso, conhecido como o movimento inter-religioso.

Já passou mais de um século desde o Parlamento das Religiões do Mundo, em Chicago, em 1893, onde membros e líderes de todas as religiões se uniram para pedir a compreensão global, cooperação e paz entre as religiões. Muitos dos Hindus, Budistas, Sikhs, Muçulmanos, Judeus, Bahá'ís e Cristãos (Católicos, Ortodoxos, Protestantes e Evangélicos) do mundo participaram nesse apelo. Ajudaram a formar o movimento inter-religioso, o que permitiu que se fizesse o apelo para aliança e colaboração. O movimento começou mesmo ter impacto na teologia e nas políticas das maiores entidades religiosas do mundo. A Igreja Católica declarou formalmente que os muçulmanos são parte do plano de salvação de Deus, e o Papa recentemente referiu-se ao povo judeu como os "nossos queridos e amados irmãos mais velhos". Está a nascer uma nova era de paz religiosa, e quem olhar com atenção verá que está a acontecer por toda a parte.

Em milhares de cidades por todo o planeta, membros de todas as religiões uniram-se para formar um movimento inter-religioso único, novo, descentralizado e difuso, sem precedentes em qualquer outro momento da história humana. Pastores, sacerdotes, rabinos, mulláhs, imãs e monges, juntamente com milhões de fiéis, começaram a reunir-se e a trabalhar em conjunto com seus parceiros de outras religiões. Os encontros devocionais inter-religiosos, os serviços inter-religiosos e as apresentações inter-religiosas tornaram-se comuns. Cada vez mais, as barreiras que costumavam manter as religiões separadas estão a diminuir e desaparecer.

Existem agora diversas organizações inter-religiosas, incluindo o Parlamento das Religiões do Mundo, Religions for Peace, United Religions Initiative, Interfaith Youth Core e muitas mais.

Se o movimento inter-religioso tem um lema, ele provavelmente vem de Hans Kung, o teólogo e presidente da Fundação para a Ética Global:
Não haverá paz entre as nações sem paz entre as religiões.
Não haverá paz entre as religiões sem diálogo entre as religiões.
Mas muito antes de o movimento inter-religioso ter começado, os ensinamentos Bahá’ís recomendavam exactamente a mesma coisa:
Na medida em que a realidade essencial das religiões é apenas uma e a sua aparente desconformidade e pluralidade está na adesão às formas e às imitações que surgiram, torna-se evidente que essas causas de diferença e divergência devem ser abandonadas para que a realidade subjacente possa unir a humanidade no seu esclarecimento e desenvolvimento. Todos os que se apegam à realidade única estarão de acordo e unidos. Assim, as religiões convocarão as pessoas para a unicidade do mundo da humanidade e para a justiça universal; assim, proclamarão a igualdade de direitos e exortarão os homens à virtude e à fé na misericórdia amorosa de Deus. A base subjacente das religiões é uma única; não há diferença intrínseca entre elas. Portanto, se observarmos os mandamentos essenciais e fundamentais das religiões, a paz e a unidade amanhecerão, e todas as diferenças de seitas e denominações desaparecerão. ('Abdu'l-Bahá, The Promulgation of Universal Peace, p. 98)
Porque é que tudo isso começou a acontecer agora? Os Bahá’ís acreditam que isso aconteceu devido à revelação de Bahá'u'lláh, que apela à unidade de todas as religiões:
É evidente que um número crescente de pessoas está a começar a perceber que a verdade subjacente a todas as religiões é - na sua essência – apenas uma. Este reconhecimento não surge através de uma resolução de disputas teológicas, mas como uma consciência intuitiva nascida da experiência cada vez mais alargada dos outros e de uma aceitação do nascimento da unicidade da própria família humana. Fora da confusão das doutrinas religiosas, dos rituais e dos códigos legais herdados de mundos desaparecidos, surge a sensação de que a vida espiritual - tal como a unidade manifesta em diversas nacionalidades, raças e culturas - constitui uma realidade ilimitada igualmente acessível a todos...

... a Comunidade Bahá’í tem sido uma vigorosa promotora de actividades inter-religiosas desde a sua criação. Além das associações estimadas que estas actividades criam, os Bahá’ís vêem no esforço das diversas religiões para se aproximarem uma resposta à Vontade Divina para uma raça humana que está a entrar na sua maturidade colectiva. Os membros da nossa comunidade continuarão a ajudar de todas as maneiras possíveis. Contudo, devemos afirmar claramente aos nossos parceiros neste esforço comum a nossa convicção de que o discurso inter-religioso - se quiser contribuir de maneira significativa para curar os males que afligem uma humanidade desesperada - deve agora abordar honestamente e sem mais subterfúgios - as implicações daquela verdade abrangente que trouxe o movimento à existência: que Deus é um só e que, para lá de toda a diversidade de expressão cultural e interpretação humana, a religião é igualmente uma só. (A Casa Universal da Justiça, Abril de 2002, To the World’s Religious Leaders, pp. 4-6)
O que será necessário para alcançar essa meta sublime da unificação da religião? Pode parecer um sonho impossível, mas que passos no caminho rumo à unificação poderíamos dar agora?

No mesmo documento citado acima, escrito aos líderes religiosos do mundo em 2002, o corpo administrativo eleito da comunidade internacional Bahá’í - a Casa Universal de Justiça - apelou para um único e importante primeiro passo: a "renúncia a todas as pretensões de exclusividade ou finalidade que, ao envolver as suas raízes em torno da vida do espírito, têm sido o principal factor no sufocar dos impulsos à unidade e na promoção do ódio e da violência." (Idem, p. 4)

Como podem as religiões - agora que entraram numa nova era de discurso inter-religioso e colaboração - renunciar às suas pretensões de exclusividade ou finalidade? No próximo artigo desta série, vamos explorar essa questão crucial.

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Texto original: Can We Possibly Have a Pluralistic, Interfaith Future? (www.bahaiteachings.org)

Artigo seguinte: Pode a Religião renunciar à Exclusividade e à Finalidade?
Artigo anterior: Pode alguma Religião ter o Exclusivo da Verdade?

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David Langness é jornalista e crítico de literatura na revista Paste. É também editor e autor do site bahaiteachings.org. Vive em Sierra Foothills, California, EUA.