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sábado, 3 de março de 2018

Como a pornografia nos afecta e o que podemos fazer sobre isso?

Por Kelly Monjazeb e Susanne Alexander.


A pornografia é uma epidemia global em crescimento - é uma das maiores crises sociais (e de saúde) dos nossos dias.

Quando afecta pessoas que também têm fortes convicções espirituais, a luta resultante é frequentemente muito dolorosa. Compreender a crise e perceber que ninguém está imune aos seus efeitos é uma forma de dar esperança às pessoas que procuram uma solução:

… Cada era tem os seus próprios problemas, e cada alma os seus anseios particulares. O remédio que o mundo necessita nas aflições do dia de hoje nunca poderá ser o mesmo que uma era posterior pode exigir. Preocupa-te ansiosamente com as necessidades da era em que vives, e centra as tuas deliberações nas suas exigências e requisitos. (Gleanings from the Writings of Baha’u’llah, CVI)

A pornografia na internet é um fenómeno que cresceu ao longo das duas últimas décadas, e se infiltrou silenciosamente em lares e mentes em todo o mundo. Com o passar do tempo, as pessoas tornaram-se insensíveis à crescente intensidade e influência da pornografia. Consequentemente, comportamentos que eram comuns na pornografia são agora elogiados nas artes, na música, na televisão, no cinema, nos jogos, em livros e revistas, em comédias, em concursos de beleza e de moda e noutras formas de expressão.

Se por um lado existem muitas pessoas que promovem e apoiam a pornografia como positiva e até inofensiva, outras estão a aperceber-se dos efeitos amplamente nocivos desta epidemia global. Um número incontável de indivíduos vive hoje o tormento do vício e do isolamento; há famílias que se desintegram como resultado directo da pornografia; e há jovens que se esforçam por manter relacionamentos saudáveis.

A pornografia tem um impacto profundo nas gerações mais novas. Os estudos realizados começam a levantar fortes preocupações. Crianças e adolescentes vêem uma quantidade surpreendentemente elevada de imagens pornográficas electrónicas, e os seus cérebros em desenvolvimento são altamente susceptíveis ao vício. Já houve casos de crianças norte-americanas com 8 anos de idade que foram identificadas como “utilizadores problemáticos”. A exposição ao longo da adolescência é prejudicial ao desenvolvimento sexual, e também impede a compreensão do que são relacionamentos saudáveis. É particularmente preocupante a forma como a pornografia afecta o cérebro de um adolescente durante a puberdade.

Há cada vez mais dados científicos sobre os efeitos da pornografia no cérebro. Para descrever de uma forma simples, os neurónios no cérebro “estão ligados entre si e excitam-se mutuamente”. O uso regular da pornografia altera as ligações da excitação no cérebro. Accionam a libertação de dopamina, um neurotransmissor que nos dá uma sensação de excitação agradável. Quanto mais pornografia se vê e mais dopamina se liberta (fruto da excitação sexual), mais essa actividade fica ligada no seu cérebro.

Existe uma tendência crescente de problemas de erecção - em homens de todas as idades - à medida que o cérebro processa a excitação sexual, e a associa essa excitação à pornografia e à masturbação em vez de um parceiro sexual real. Além disso, as atitudes e preferências sexuais baseadas em informação pornográfica tendem a causar desunião no quarto. Estes efeitos poderosos da pornografia estão a ter um impacto profundo no bem-estar sexual e no relacionamento entre homens e mulheres.

Apesar da aceitação da pornografia começar num nível de inocência (“É coisa de homens” ou “Que mal há em apimentar as coisas no quarto?”), os utilizadores frequentes de pornografia dão por vezes consigo a ver imagens que anteriormente eram consideradas perturbadoras. Isto deve-se ao desenvolvimento de uma “tolerância”, que significa ser necessário um maior estímulo (pornografia mais intensa e violenta) para libertar a mesma quantidade de dopamina. O efeito social mais amplo é a procura de pornografia cada vez mais violenta, degradante e socialmente inaceitável, devido à resposta química cada vez mais intensa que é produzida e desejada.

A pornografia é frequentemente considerada como uma falha moral pessoal. Raiva, desonra e desprezo são frequentemente dirigidas a quem é “apanhado” e o utilizador sente uma vergonha profunda. É muito mais útil tentar perceber que incontáveis pessoas foram emocionalmente atraídas e sexualmente feridas pelo mundo poderoso da pornografia na internet. Reconhecer a sua natureza viciante e impacto profundo permite que utilizadores e não utilizadores tomem uma atitude compassiva em relação a este problema.

Um primeiro passo para uma sexualidade mais saudável é começar por conversar de forma honesta, curiosa e sem fazer juízos sobre como a pornografia está a moldar a nossa cultura e o seu efeito em pessoas de todas as idades.

Para quem está afectado pelos efeitos da pornografia, aqui estão algumas ideias e etapas a seguir:
  • Saiba que não está sozinho nos seus desafios e problemas sexuais;
  • Perceba que é possível recuperar dos efeitos da pornografia, incluindo fazer uma cura ao cérebro;
  • Reconheça que, até certo ponto, toda a gente foi afectada por mensagens sexuais pouco saudáveis;
  • Tome uma decisão pessoal de descobrir o que é que o bem-estar sexual significa para si;
  • Comece a partilhar honestamente com uma pessoa de confiança (pode ser uma pessoa de família, um amigo ou um profissional);
  • Informe-se sobre os efeitos da pornografia (veja: fightthenewdrug.org);
  • Tenha conversas compassivas em família sobre sexualidade e relacionamentos saudáveis e sobre os desafios que enfrentamos;
  • Não esteja sozinho com este problema se ele o afecta; procure ajuda e apoio.

Estamos a atravessar uma profunda transformação social; uma mudança para a igualdade sexual, e cada vez toleramos menos os abusos. Esta crise está a criar uma oportunidade de ouro para entrarmos numa nova era de saúde e maturidade sexual, assim como liberdade espiritual pessoal.

São as almas em sofrimento que serão motivadas para fazer mudanças. São as pessoas que desejam libertar-se de uma sexualidade distorcida e viciante que procurarão ajuda para se curar. São os casais que estão cansados de rupturas emocionais e físicas no seu casamento que aprenderão a voltar-se um para o outro para criar uma ligação emocional e sexual autêntica. São os jovens que compreendem a verdade sobre a pornografia que defenderão a igualdade sexual e o amor respeitoso.

Quando consideramos que a humanidade está a progredir espiritualmente e socialmente em direcção à maturidade, podemos perceber que o nosso amadurecimento sexual colectivo é um aspecto de importância vital nesse processo. Os muitos exemplos de violência sexual, dor e sofrimento que existem hoje são áreas de trevas onde a luz ainda não chegou. Observando com olhos espirituais, somos encorajados a enfrentar esses problemas difíceis e complexos com esperança e determinação.

Neste momento, é crucial abordar os efeitos da pornografia na Internet. Começando por nós próprios, Bahá'u'lláh convida-nos a discernir:

... o homem deve conhecer-se a si próprio e reconhecer o que conduz à elevação ou à humilhação, à glória ou à degradação, à riqueza ou à pobreza ... (Tablets of Baha’u’llah, p. 35)

Ele fala-nos da nossa verdadeira natureza e destino:

Ó Filho do Espírito! Nobre, eu te criei, mas tu rebaixaste-te. Ergue-te, pois, para aquilo que foste criado. (Bahá'u'lláh, The Hidden Words, p. 9)

'Abdu'l-Bahá prometeu que: 
O teu Senhor generoso... perdoará os teus pecados e transformá-los-á em boas acções. (Selections from the Writings of Abdu’l-Baha, #141)

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Kelly Monjazeb é assistente social e tem formação na área da educação sexual. Tem-se dedicado a aconselhamento de problemas relacionados com igualdade de género e sexualidade humana. O seu website é: SpiritFirstSeminars.com
Susanne Alexander é conselheira matrimonial e tem organizado vários cursos sobre casamento. (www.marriagetransformation.com; www.bahaimarriage.net). 


sábado, 24 de fevereiro de 2018

Falar de sexo no casamento




No casamento somos parceiros iguais com muitas aspirações que provavelmente incluem um relacionamento sexual mutuamente satisfatório.

Saber como agradar um ao outro e criar uma vida sexual agradável e feliz pode acontecer com uma comunicação carinhosa, diálogo respeitoso e vontade de crescer juntos.

Aprender a conversar sobre sexo de forma eficaz é uma das tarefas únicas que um casal descobre em conjunto. Há que gerir o equilíbrio entre ser franco e honesto, e ser amoroso e delicado. Além disso, se somos sensíveis um com o outro, podemos ouvir claramente as perspectivas do outro. Nos ensinamentos Bahá’ís, esse tipo de comunicação afectuosa chama-se de consulta:

A consulta confere uma maior consciência e transforma conjecturas em certeza. É uma luz brilhante que, num mundo sombrio, indica o caminho e orienta. Para tudo, existe e existirá um lugar de perfeição e maturidade. A maturidade do dom da compreensão manifesta-se através da consulta. (Bahá’u’lláh, de uma epístola a um Baha'i individual)

Uma linguagem gentil é o imã dos corações dos homens. É o pão do espírito, que veste as palavras com significado, é a fonte da luz da sabedoria e da compreensão... (Gleanings fromthe Writings of Baha’u’llah, CXXXII)

Falar entre si sobre sexo pode ser um desafio para muitos casais. É um assunto profundamente pessoal associado à vulnerabilidade e sensibilidades. Pode-se ferir facilmente os sentimentos do outro; por isso é particularmente importante ter uma abordagem franca, mas delicada. Dada a sensibilidade deste assunto, o tom de voz é tão importante como as palavras que se usam. Para ter uma comunicação de alta qualidade, é melhor minimizar as distracções e tratar primeiramente de factores como a fome ou a fadiga.

Nem tudo o que um homem sabe pode ser revelado, nem tudo o que pode ser revelado pode ser considerado oportuno, nem toda a palavra oportuna pode ser considerada adequada à capacidade daqueles que a escutam. (Idem, LXXXIX)

O sexo e a sexualidade são complexos e incluem uma grande variedade de atitudes, convicções, valores, preferências, expectativas e histórias. O sexo é um tema que muitas pessoas não estão acostumadas a discutir, e tende a ser um assunto de muita exigência. O resultado pode ser desentendimento e um afastamento emocionalmente doloroso. Não é surpreendente, portanto, que os casais evitem o assunto do sexo, especialmente se as discussões anteriores não correram bem.

Cada pessoa tem uma história de compreensão e experiências sexuais moldadas pelo mundo ao seu redor. Em alguns casos, a vergonha ou a culpa sobre acções passadas, ou trauma de experiências de abuso, podem afectar a vida íntima de um casal. Uma oportunidade maravilhosa de cura e crescimento surge quando os cônjuges se escutam um ao outro de forma compassiva e solidária. Desta forma, podem abordar juntos as influências negativas do passado e, se necessário, procurar aconselhamento de profissionais.

As conversas sobre sexo têm a vantagem de nos dar a conhecer a sexualidade humana e a reprodução. É importante distinguir as fontes de informação e procurar informações científicas de confiança. A pornografia não é uma fonte de informação fiável. Os casais podem aprender mais sobre sexo no contexto de uma relação matrimonial, e juntos ajustarem-se às complexidades das mudanças de anatomia, fisiologia e emoções ao longo da sua vida. Este conhecimento capacita as mulheres e os homens a entenderem o seu funcionamento sexual e a ter mais confiança um no outro.

Os cônjuges ​​que estão conscientes da sua realidade espiritual podem experimentar uma ligação íntima entre as suas almas quando fazem amor. Esta proximidade espiritual ocorre por meio de actos de delicadeza, generosidade, sinceridade e entusiasmo. Ruhiyyih Rabbani escreveu:

Quando unimos o amor com o sexo no contexto apropriado, que é o casamento, temos uma fonte permanente em que obtemos felicidade e força. O sexo pode fortalecer o amor, o amor pode sublimar o sexo numa comunhão espiritual, uma alegria para a alma e para o corpo. (Prescription for Living, p. 87)

Independentemente da existência de problemas entre o casal, uma chave para o crescimento da ligação emocional e sexual é a comunicação. Falem sobre sexo. Conversem sobre possíveis soluções. Se alguém tem dificuldades em falar do assunto, deve começar com um pedido inicial: "Eu quero falar sobre sexo, mas é difícil para mim. Não estou confortável com isso. Podemos conversar juntos?" E a partir daí continuam. As conversas podem explorar as preferências de maneira honesta e delicada, e a aprendizagem mútua é possível. Os cônjuges podem conseguir iniciar esta conversa se começarem por ler juntos uma parte de um livro ou um artigo informativo.

Com uma mentalidade de aprendizagem em acção, a conversa sobre sexo pode ser combinada com toque experimental e comentários sobre o que faz, e o que não faz, sentir-nos bem. As preferências relacionadas com toque sensual variam de pessoa para pessoa. Algumas pessoas podem precisar expandir a sua capacidade de apreciar o toque, e outras podem precisar restringir a expressão sensual. A paixão e a sensualidade são qualidades humanas normais quando expressas de forma equilibrada. Quando os cônjuges são recém-casados, pode ser fascinante conversar sobre os corpos e as sensibilidades de cada um. É um momento para descobrir as preferências e os prazeres sexuais de cada um. Os cônjuges casados há mais tempo também podem usar a exploração sensual para se religarem.

Casais com crianças pequenas por vezes podem cair na preocupação de cuidar das crianças e esquecerem-se um do outro. Os cônjuges beneficiam se eliminarem distracções e tratarem das responsabilidades de modo a terem tempo livre para si e para a sua intimidade conjunta. Casais com crianças aprendem sobre a importância de fechar as portas do quarto e, se necessário, marcar um encontro com a intimidade.

Cada casal é único, mas parece que todos os casais devem desejar conversar para resolver quaisquer problemas e desenvolver uma relação sexual feliz e satisfatória.

Definam todas as coisas, grandes e pequenas, através da consulta. Sem consulta prévia, não tomem nenhum passo importante nos vossos próprios assuntos pessoais. Preocupem-se um com o outro. (‘Abdu'l-Bahá, Lights of Guidance, p. 178)

Quando os cônjuges se sentem confortáveis ​​para conversar sobre todos os aspectos da sua vida conjunta, criam uma intimidade especial, alimentam a sua ligação emocional e melhoram a estabilidade do seu relacionamento. Os casais que valorizam e honram o bem-estar espiritual e sexual mútuo conseguem ter um casamento que se desenvolve organicamente ao longo das suas vidas e se torna uma bênção para ambos.

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Texto Original: Talking about Sex in Marriage (www.bahaiteachings.org)

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Kelly Monjazeb é assistente social e tem formação na área da educação sexual. Tem-se dedicado a aconselhamento de problemas relacionados com igualdade de género e sexualidade humana. O seu website é: SpiritFirstSeminars.com
Susanne Alexander é conselheira matrimonial e tem organizado vários cursos sobre casamento. (www.marriagetransformation.com; www.bahaimarriage.net). 

sábado, 17 de fevereiro de 2018

Harmonizar Sexualidade e Espiritualidade no Casamento



Os ensinamentos Bahá'ís sustentam que a intimidade sexual é um acto profundo de unidade no casamento e que a concepção e criação de filhos é um propósito sagrado dessa unidade.

Além de ter filhos, a intimidade sexual saudável no casamento contribui tremendamente para o bem-estar mental, emocional, espiritual e físico dos cônjuges. A saúde sexual no casamento é importante.

A ideia comum no mundo de hoje é que o sexo é principalmente um acto de prazer físico. Esta perspectiva não reconhece a sua realidade sagrada ou a nossa natureza fundamentalmente espiritual. Muitas vezes, as pessoas separam inconscientemente assuntos sexuais e espirituais.

Harmonizar sexualidade e espiritualidade pode ser algo que muitas pessoas não consideram. À medida que se vai compreendendo cada vez melhor este conceito, aumenta a capacidade pessoal de experimentar maiores níveis de coerência entre as convicções espirituais e os actos sexuais. Para conseguir isso, é necessário aplicar a capacidade espiritual em todos os aspectos da vida, incluindo a sexualidade.

O corpo humano é visível, a alma é invisível. É a alma, no entanto, que dirige as faculdades de um homem, que governa a sua humanidade. ('Abdu'l-Bahá, Paris Talks, p. 85)

Deste ponto de vista espiritual, também podemos apreciar o propósito de Deus - e a dádiva que Ele nos deu - ao criar o casamento como uma instituição sagrada. Os ensinamentos Bahá'ís exaltam o casamento como uma "fortaleza para o bem-estar", que inclui o bem-estar sexual e social. Esta estrutura social básica apresenta uma oportunidade segura e claramente definida para que os cônjuges se voltem um para o outro com os impulsos sexuais que Deus lhes deu. Isso permite que os casais experimentem uma expressão única, íntima e profunda do seu amor:

... o casamento deve ser uma união do corpo e do espírito, pois aqui marido e mulher estão extasiados com o mesmo vinho, estão ambos enamorados pela mesma Face incomparável, vivem e movem-se pelo mesmo espírito, ambos são iluminados pela mesma glória. Esta ligação entre eles é espiritual, e portanto, é um laço que permanecerá para sempre. Da mesma forma, eles gozam de laços fortes e duradouros no mundo físico, pois, se o casamento se baseia tanto no espírito como no corpo, então essa união é verdadeira, e portanto, irá durar. Se, no entanto, a ligação for física e nada mais, é certo que será apenas temporária e deve terminar inexoravelmente na separação. (Selections from the Writings of Abdu’l-Baha, #84)

Esta citação Bahá'í reconhece o problema de negligência da natureza espiritual da relação conjugal. Também aparenta validar e oferecer ao casal a possibilidade de experimentar as alegrias espirituais e físicas da sua união sexual.

Considere esta opinião semelhante do escritor Tim Alan Gardner no livro Sacred Sex, A Spiritual Celebration ofOneness in Marriage (Sexo Sagrado, Uma Celebração Espiritual da Unicidade no Casamento):

... Deus poderia ter organizado toda a reprodução de qualquer forma que quisesse: um botão escondido, um aperto de mão super-secreto ou algum intercâmbio facial único que provocasse a concepção. Realmente, Ele poderia ter feito isso. Mas, em vez disso, Ele concebeu o sexo. Deve ter tido um bom motivo, mas qual seria? A resposta, resumidamente, é que Deus queria que o sexo fosse muito mais do que apenas uma coisa muito divertida para marido e mulher fazerem juntos. E Ele queria que fosse mais do que uma maneira extremamente agradável de povoar o planeta. Ele tinha em mente um objectivo muito mais elevado. Deus criou o sexo conjugal como um encontro com o divino. A intimidade sexual, com todas as suas emoções esmagadoras e batimentos cardíacos, nunca teve como objectivo ser apenas experimentada nos reinos emocional e físico. Em vez disso, é uma experiência espiritual, mesmo mística, em que dois corpos se tornam um único. Deus está presente de forma muito real sempre que isso acontece. O sexo é realmente sagrado. É um espaço sagrado partilhado na intimidade do casamento. (pags. 4-5)

Quando um casal dá prioridade ao seu relacionamento espiritual e ao amor mútuo, pode experimentar as alegrias espirituais e físicas dessa união:

... a união deve ser uma verdadeira relação, um encontro espiritual e também físico, de modo que durante toda as fases da vida e em todos os mundos de Deus, a sua união persista; pois essa unicidade real é um brilho do amor de Deus. (Selections from the Writings ofAbdu’l-Baha, #84)

... marido e mulher devem estar unidos tanto física como espiritualmente, para que possam melhorar a vida espiritual um do outro e possam desfrutar da unidade eterna em todos os mundos de Deus. (Idem, #86)

Mais especificamente, quais são algumas das qualidades espirituais, ou virtudes, que um casal pode conscientemente tentar aplicar à sua vida sexual conjunta? Benevolência. Fidedignidade. Honestidade e delicadeza. Generosidade. Criatividade. Respeito. Entusiasmo. Cada uma destas fortalece-se com a prática. Estas são apenas algumas qualidades espirituais que sustentam uma relação sexual vital e feliz. Uma abordagem espiritual para criar um maior grau de unidade e satisfação sexual é perguntar: "Que qualidades (ou virtudes) podemos aplicar a nossa vida íntima?"

Idealmente, os aspectos físicos e espirituais da união conjugal podem ser bem integrados. Dito isto, é comum que os casais enfrentem "incompatibilidades" e dificuldades sexuais. Infelizmente, alguns testes tornam-se impossíveis de superar. No entanto, mesmo as questões mais difíceis podem ser abordadas quando o casal procura entender os problemas sexuais através de uma perspectiva espiritual e ambos estão dispostos a utilizar o casamento como veículo de crescimento pessoal.

Em verdade, o teu Senhor transforma as dificuldades em facilidades, problemas em sossego, e as aflições na maior serenidade. ('Abdu’l-Baha, Tablets of Abdu’l-Baha, Volume 2, p. 311)

Os ensinamentos Bahá’ís encorajam uma abordagem equilibrada ao sexo; aconselham-nos para não sermos ignorantes, desdenhosos ou puritanos, nem a enfatizar demasiadamente a importância do sexo na vida humana. Ao aproveitar a nossa capacidade inata de resolução de problemas e procurar uma perspectiva espiritual que permita o nosso maior e mais holístico bem-estar, estamos a caminho de nos tornamos sexualmente mais maduros e espiritualmente mais integrados, tanto individual como colectivamente.

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Kelly Monjazeb é assistente social e tem formação na área da educação sexual. Tem-se dedicado a aconselhamento de problemas relacionados com igualdade de género e sexualidade humana. O seu website é website: SpiritFirstSeminars.com

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