quinta-feira, 6 de maio de 2004

Um ideal de vida

Uma das perguntas típicas que me colocam quando digo a alguém que sou bahá’í é "O que é que vocês fazem?" É aquela pergunta tradicional de quem associa à religião um conjunto de rituais e leis (do tipo "não faças isto" ou "fazer aquilo é pecado"). Esta perspectiva distorcida do que é a religião, muitas vezes impede um bom diálogo.

Outras pessoas, porém avançam com a pergunta "Em que é que vocês acreditam?". É uma pergunta de quem associa a religião a um conjunto de crenças e princípios. Geralmente tenho conversas interessantes com quem me coloca este tipo de pergunta.

A pergunta mais frequente é: O que é ser Bahá’í? Cada crente tem a sua resposta; cada um de nós pode expressar à sua maneira o que é o seu ideal de vida Bahá’í.

A esta pergunta eu responderia com um pequeno texto das escrituras de Bahá’u’lláh:

Sê generoso na prosperidade e grato no infortúnio.
Sê digno da confiança de teu próximo e dirige-lhe um olhar afectuoso e acolhedor.
Sê um tesouro para o pobre, uma advertência para o rico, uma resposta ao pranto do necessitado, e preserva a santidade das tuas promessa.
Sê recto no teu julgamento e comedido nas tuas palavras. Com ninguém sejas injusto e a todos mostrai brandura.
Sê como uma lâmpada para os que caminham nas trevas, um consolo para o triste, um mar para o sedento, um refúgio para o abatido, um sustentáculo e defensor da vítima da opressão. Que a integridade e a rectidão marquem todos os teus actos.
Sê um lar para o forasteiro, um bálsamo para o sofredor, fortaleza para o fugitivo.
Sê os olhos para os cegos e farol para os pés dos que se perdem.
Sê um adorno na face da verdade; uma coroa na fronte da fidelidade; um pilar no templo da rectidão; um sopro de vida no corpo da humanidade; um estandarte das hostes da justiça; uma estrela sobre o horizonte da virtude; uma gota de orvalho no solo do coração humano; uma arca no oceano do conhecimento; um sol no céu da generosidade; uma jóia no diadema da sabedoria; uma luz radiante no firmamento de tua geração; um fruto na árvore da humanidade.


A mesma questão colocada a outros crentes pode ter respostas muito interessantes se for baseada nas escrituras ou nos textos de algum santo ou sábio. O ideal de qualquer religião não anda muito longe dos conceitos expostos no texto anterior. Se a resposta for dada com textos das suas escrituras, a beleza literária das palavras poderá ser diferente, mas a essência espiritual da mensagem é a mesma. Talvez o Tiago Mendes, o Nuno Guerreiro e os membros do Terra da Alegria possam dar exemplos de respostas muito interessantes a este tipo de questão (se é que não o fizeram anteriormente). Se mais alguém quiser partilhar outros exemplos, é bem-vindo!

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