Entre as várias recomendações que resultaram deste simpósio, destaca-se uma onde se apela aos governos que combatam a intolerância religiosa, promovendo o diálogo e o debate nas comunidades religiosas e entre estas, e que assegurem a participação das mulheres e de lideres políticos nesses diálogos.
Os painelistas presentes salientaram a forma como o acelerado processo de globalização e integração de culturas que estamos a viver leva muita gente a procurar raízes, repostas às suas interrogações e integração em comunidades; isso expressa-se em diversas religiões e formas de crença. Paralelamente assiste-se a uma persistente intolerância e discriminação baseada na religião, assim como à proliferação da violência e ódio em nome da religião.
Na opinião de um dos painelistas, Piet de Klerk (embaixador holandês para os direitos humanos), a liberdade religiosa é a mãe de todos os direitos humanos e acrescentou que todos os direitos humanos são universais e estão interligados entre si. A situação da liberdade religiosa num país reflecte a situação geral dos direitos humanos nesse país. "No nosso mundo globalizado, algumas religiões ou crentes sentem-se cada vez mais ameaçados". Isto tem levado a um aumento do fundamentalismo, assim como de choques entre as leis civis e as leis religiosas.
Uma outra painelista, Felice Gaer (Directora do Jacob Blaustein Institute for the Advancement of Human Rights), afirmou que alguns países distorcem o texto de convenções internacionais sobre protecção de direitos políticos e civis para justificar a opressão das minorias religiosas. Na Arábia Saudita, por exemplo, funcionários governamentais disseram aos membros da USCIRF (United States Commission on International Religious Freedom) que a total liberdade de expressão religiosa – como a existência de locais de culto não-muçulmanos ou símbolos religiosos - deve ser controlada porque "o povo saudita não o toleraria e poder-se-ia opor violentamente à expressão pública de religiões não muçulmanas".
Também no Egipto, quando os membros da USCIRF investigavam a opressão das comunidades Copta, Judaica e Baha'i, os funcionários governamentais justificaram algumas medidas como sendo necessárias para manter a ordem pública. No entanto, quando lhes foi pedido que apresentassem provas das ameaças colocadas por esses grupos, nada conseguiram mostrar.
"Dizem que os baha'is se envolvem em actividades políticas e a comunidade pratica actos imorais. Mas não tinham factos que apoiassem as suas denúncias. E quando lhes dissemos isso, mas eles ficaram completamente indiferentes; na reunião seguinte, continuaram com os mesmos argumentos".
Notícia completa no BWNS: Panel urges talks on religious intolerance.
4 comentários:
"Na Arábia Saudita, por exemplo, funcionários governamentais disseram aos membros da USCIRF que a total liberdade de expressão religiosa ... deve ser controlada porque "o povo saudita não o toleraria e poder-se-ia opor violentamente à expressão pública de religiões não muçulmanas"."
Apesar de ser um pretexto (no meu julgamento) pode ser que haja alguma veracidade nisto. Não podemos diabolizar a classe dirigente(não estou a dizer que está a ser feito) e termos uma perspectiva angélica sobre o "povo".
João Moutinho,
Se for esse o caso, então é obrigação da "classe dirigente" educar e preparar o povo para ser tolerante.
João Moutinho,
Creio que vais gostar de ler isto: Muslims and the 5 Questions
Vi o texto na transversal. Ao fim e ao cabo ele confirma algumas das coisas que são transmitidas pelo senso comum.
Mas voltando à "obrigação da "classe dirigente" educar e preparar o povo para ser tolerante", com a divulgação cada vez mais irrestrita que há da informação menor peso há de ter essa "classe dirigente" e maior será a responsabilidadedo comum dos mortais.
Quando falei de "povo" de modo algum quis restrigir aos muçulmanos.
O que aconteceu recentemente nos Balcãs não foi obra de cabecilhas.
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