No livro Fé, Verdade e Tolerância, Bento XVI ao comparar o Inclusivismo com o Pluralismo, escreve:
"O «inclusivismo» pertence à natureza da história religiosa e cultural da humanidade, que precisamente não se constrói na forma de um rigoroso pluralismo. O pluralismo, na sua forma radical, nega, em ultima instância a unidade da humanidade e nega a dinâmica da história, que é um processo de unificação" (p.76)

Para perceber as origens históricas do inclusivismo religioso devemos ter presente que os Profetas fundadores das grandes religiões mundiais sempre manifestaram um enorme respeito por outros profetas e pelas religiões anteriores. Isto levou os os seus seguidores a perceber que essas religiões foram etapas de desenvolvimento espiritual da humanidade que de alguma forma prepararam caminho para a revelação que testemunhavam.
Desta forma compreende-se a atitude inclusivista do Cristianismo face ao Judaísmo. E de igual modo, no Islão se encontra uma atitude inclusivista face ao Cristianismo e ao Judaísmo; os profetas e figuras proeminentes do passado são considerados muçulmanos (Noé [10:73], Abraão [2:126] Moisés e Seus seguidores [10:84, 10:90, 7:123], e os discípulos de Cristo [5:111]). Esta noção de Inclusivismo leva-nos a concluir que a mais inclusivista das religiões é a Fé Baha'i.
Note-se que este é o que poderíamos considerar um Inclusivismo genuíno, pois ele está na génese de cada religião; não é o resultado de uma reflexão teológica de alguns sábios; não é uma declaração política de dirigentes religiosos; não se trata de um sincretismo ingénuo; nem tão pouco é uma atitude de sobranceria onde se admite que os outros podem ter consigo alguma verdade. Este é um Inclusivismo cujas raízes se encontram na Palavra revelada nas sagradas escrituras de cada religião.
7 comentários:
Para quando uma citação que permita uma referência elogiosa a Bento XVI?
João,
À medida que ia lendo este livro, o que mais notei foram as diferenças entre as ideias dele e as minhas. Além disso notei que alguns argumentos eram muito enviesados (como este de identificar o pluralismo como sendo "pluralismo radical"); por vezes parece mais uma argumentação política do que teológica.
Houve uma ou duas coisas que me surpreenderam pela positiva, e sobre as quais oportunamente escreverei.
De qualquer forma devemos ter presente que num diálogo inter-religioso não estamos apenas a identificar ideias comuns; a identificação das diferenças é igualmente importante.
E o quê que acham da Igreja católoca vir agora dizer que a lei da liberdade religiosa não se lhe aplica por estarem acima dela?
Recentemente o Papa disse que a Igreja Catolica tem o exclusivo da Verdade. Pelo menos é isso que dizem os jornais.
Eu não percebo como é que o Papa se mostra inclusivista, mas depois quando se refere às outras igrejas cristãs se afirma exclusivista. Há aqui algo que não bate certo.
Joao,
Não sei se a Igreja Católica afirmou exactamente isso; o que se queixa é que há aspectos da concordata que ainda não foram legislados. Não conheço a situação. Mas sei que também há aspectos da Lei da Liberdade religiosa que ainda não foram legislados (por exemplo, a questão do casamento civil só agora foi regulamentada).
GH,
Já vi muitas declarações do Papa serem distorcidas. Tenho sempre muitas reservas sobre o rigor das notícias que referem alguma coisa que ele tenha dito ou feito.
Prefiro ler documentos ou livros do próprio. Assim tenho a certeza que a mensagem que me chega não foi deturpada.
Joao Moutinho,
São poucos os católicos capazes de elogiar o Santo Padre. Esses deviam dar o exemplo.
Ó João Moutinho, eu não te quero desiludir, mas olha que te aconselho a esperares sentado, de preferência à beira mar com os alegres petizes à tua volta a brinca a correr e a saltar, porque do Ratzinger ou dos seus apoiantes...O.D. não deve vir daí nada.
O castço disto é que ouço os sacerdotes a cochichar e a verem com outros olhos a Teologia da Libertação. Queres que é desta que há uma sublevação do catolicismo? Já não era a primeira vez nem haverá de ser a última.
O Marco tem razão em ir beber às fontes papais, sorte a dele, porque eu não tenho pachorra para tal. Eu leria Ratzinger quando ele lesse com olhos de imparcialidade os Escrito de Sua Santidade o Báb (em francês) Os de Bahá'u'lláh (Em árabe) e os de 'Abdu'l-Bahá (em farsi).
Mas enfim...
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