domingo, 8 de maio de 2011

Homenagem Inter-Religiosa a Aristides Sousa Mendes

Realizou-se ontem em Cabanas de Viriato, uma homenagem inter-religiosa ao antigo diplomata português, Aristides de Sousa Mendes. Tratou-se de uma iniciativa da Confederação Portuguesa do Voluntariado, em parceria com a Rede ANIMAR - Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Local, que contou com o apoio e colaboração de diversas organizações.

O evento - realizado o âmbito das celebrações do Ano Europeu do Voluntariado 2011 - iniciou-se com a concentração dos participantes na estação de Oliveirinha (Carregal do Sal) e prosseguiu com uma caminhada até Cabanas de Viriato, terra natal do antigo diplomata português. Ali chegados procedeu-se à plantação de sete oliveiras no jardim da casa da família Sousa Mendes.

Posteriormente alguns familiares de Sousa Mendes e representantes de várias confissões religiosas evocaram e homenagearam Aristides de Sousa Mendes.

Álvaro de Sousa Mendes fez votos para que a iniciativa chame a atenção para o estado degradado em que se encontra o edifício, que gostaria de ver transformado numa casa museu e num centro de direitos humanos. “A Fundação Aristides Sousa Mendes sozinha não pode fazer nada, precisamos de todos. Precisamos de dinheiro, de boas vontades, de mecenas, de toda uma cadeia, câmaras municipais, IGESPAR, Direcção Regional da Cultura”, frisou.

Os representantes das diversas confissões religiosas foram unânimes ao afirmar que os valores do humanismo e da solidariedade mostrados por Sousa Mendes são comuns às grandes religiões mundiais. Foi recordado o facto de Oskar Schindler ter salvo apenas algumas centenas de judeus que trabalhavam para ele; em contrapartida, Aristides Sousa Mendes, contrariou ordens expressas de Salazar, e concedeu 30 mil vistos de entrada em Portugal a refugiados de todas as nacionalidades que desejavam fugir de França em 1940. Foram ainda lembrados vários episódios da sua vida e a forma como faleceu na pobreza.

O Pe. Peter Stilwell ao apresentar-me como representante da Comunidade Bahá’í, expôs brevemente as origens da Fé Bahá’í e lembrou devido às perseguições no Irão, os Bahá’ís daquele país também necessitam hoje de muitas pessoas como Aristides Sousa Mendes.

Na minha evocação do antigo diplomata português, lembrei como os valores e princípios da Fé Bahá’í encontram um paralelo na vida e atitude de Aristides Sousa Mendes. Seguidamente fiz votos de que a recuperação da antiga casa da Família Sousa Mendes se torne uma realidade e li uma oração em sua memória:
Ó Tu, Senhor Bondoso! Criaste toda a humanidade dos mesmos pais. Desejaste que todos pertencessem ao mesmo lar. Em Tua Santa Presença, todos são Teus servos, e todo o género humano se abriga sob Teu Tabernáculo. Todos se têm reunido à Tua Mesa de graças e brilham pela luz da Tua Providência. Ó Deus! És bondoso para com todos, provês a todos, ampara a todos, e a todos, concede vida. De ti, todos os seres recebem faculdades e talentos. Todos estão submersos no oceano da Tua misericórdia. Ó Tu, Senhor Bondoso! Une todos, fazem as religiões concordarem e torna as nações uma só, para que sejam como uma única espécie e filhos da mesma pátria. Que se associem em união e acordo. Ó Deus! Ergue o estandarte da unidade do género humano! Ó Deus! Estabelece a Suprema Paz! Enlaça os corações, ó Deus! Ó Tu, Pai Bondoso! Extasia os corações com a fragrância do Teu amor, ilumina os olhos com Tua luz que guia; alegra os ouvidos com as melodias da Tua Palavra e abriga-nos no recinto da Tua Providência. Tu és o Grande e o Poderoso! És o clemente - Aquele que perdoa as faltas da humanidade.
No final da homenagem, Luís Fidalgo, vice-presidente da câmara de Carregal do Sal e administrador da Fundação Aristides de Sousa Mendes, afirmou que “qualquer pessoa que chega a Cabanas de Viriato e se depara com a casa em ruína fica muito desagradavelmente surpreendido”. Na sua opinião, a casa “significa os valores que Aristides de Sousa Mendes sempre defendeu - da paz, da humanidade - que hoje são preponderantes” e que devem ser recuperados para a sociedade, “sobretudo para os jovens e para as escolas”.

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