Mirza Abu'l-Fadl nasceu em 1844 numa aldeia perto de Gulpaygan, no centro do Irão. Durante vários anos dedicou-se a estudos religiosos em diversas escolas. Em Outubro de 1873, instalou-se num colégio religioso de Teerão, que o tinha convidado para leccionar teologia especulativa. No âmbito das suas actividades académicas, foi desenvolvendo o gosto pela filosofia e pela história da religião. Ainda na capital iraniana teve a oportunidade de trocar conhecimentos com sábios budistas e aprender ciência com professores europeus; não demorou muito tempo até se tornar director do colégio.
Foi também em Teerão que teve o primeiro contacto com a religião bahá’í. Uma conversa ocasional com um ferreiro analfabeto (que era bahá’í) deixou-o particularmente impressionado e despertou-lhe enorme curiosidade pelos ensinamentos daquela nova religião. Posteriormente, conheceu outros membros da comunidade bahá’í e foram-lhe emprestadas algumas cópias de epístolas de Bahá'u'lláh. Só aceitou a nova religião quando entendeu que se tinham cumprido algumas profecias de Bahá'u'lláh contidas nas escrituras. Corria o mês de Setembro de 1876.
Pouco tempo depois, Mirza Abu'l-Fadl foi demitido do seu cargo na escola; passou então a dedicar-se à divulgação dos ensinamentos bahá'ís. As suas actividades valeram-lhe a prisão em três ocasiões (1876, 1882 e 1885). Em 1886, recebeu cartas de Bahá'u'lláh pedindo-lhe que viajasse pela Pérsia com o objectivo de dar a conhecer a religião bahá'í. No seu itinerário ficaram as cidades de Kashan, Isfahan, Yazd, Tabriz (onde teve vários debates com um missionário britânico), Hamadan e Mashad. Viajou também pela Ásia Central; Ishqabad (no actual Azerbeijão) e Samarqand (no actual Uzbequistão) receberam a sua visita durante vários meses.
Após umas férias em 'Akká, e seguindo um conselho de 'Abdu'l-Bahá, foi para o Egipto, onde leccionou na Universidade de al-Azhar e estabeleceu contactos com escritores e editores. Com a publicação de vários artigos em revistas do Cairo e um crescendo de prestígio nos meios intelectuais da cidade, Fadl começou a preocupar as autoridades eclesiásticas. Após a publicação de dois livros, o ulama do Egipto publicou um decreto em que o considerava "infiel".
Em 1900, 'Abdu'l-Bahá pediu-lhe que fosse aos Estados Unidos, com o objectivo de esclarecer e aprofundar os conhecimentos dos crentes americanos. Durante quatro anos Mirza Abu'l-Fadl viajou pela América do Norte, reunindo-se com bahá'ís em várias cidades, esclarecendo e aprofundando os conhecimentos dos crentes, estimulando e dinamizando as suas actividades. Os últimos anos da sua vida foram passados no Egipto, vindo a falecer no Cairo, em 21 de Janeiro de 1914.
Conhecimento e humildade são os termos com que Mirza Abu'l-Fadl é mais frequentemente referido pelos seus biógrafos. O seu conhecimento de línguas orientais e de diferentes tradições religiosas permitiam-lhe relacionar os ensinamentos bahá'ís com ensinamentos islâmicos, judeus, cristãos, hindus e zoroastrianos. Entre o seus livros mais conhecidos encontram-se Al-Hujaju'l-Bahá'íyyih (traduzido em inglês como The Bahá'í Proofs) e Al-Duraru'l-Bahiyyih (traduzido em inglês como Miracles and Metaphors)
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Notas / Outras leituras:
* Epistola revelada por 'Abdu'l-Bahá referente ao seu falecimento
* Gulpáygání, Mirza Abu'l-Fadl, de Moojan Momen
* A Biblioteca de Mirza Abu'l Fadl, na International Bahá'í Library.
* Vários livros de Mirza Abu'l-Fadl estão disponíveis na Kalimat Press e na Amazon.
1 comentário:
pois é Marco, sem fazeres referência ao futebol aqui estou a comentar se bem que de vez em quando também me dê uma forte vontade de postar sobre o antifutebol de que o futebol nacional é feito (isto a propósito de comentários ao post "jantarada").
Sobre este interessante post e o meu total desconhecimento sobre Mirza Abu'l-Fadl, torna-se mais uma vez evidente a frágil educação e cultura de que dispomos, ocidentais. Agarrados às nossas referências, à tecnologia e à cultura material desconhecemos tantos exemplos de sabedoria e de vida que, pertencendo a outras culturas nos passam ao lado. É uma das razões porque vou visitando o teu blogue com gosto e é também pela mesma razão que faço poucos comentários; porque aqui tenho contacto com uma realidade da qual não tenho quase nenhum conhecimento. abraço.
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