sábado, 8 de outubro de 2005

A Busca de Valores numa Era de Transição

Por ocasião do sexagésimo aniversário das Nações Unidas, a Comunidade Internacional Bahá’í publicou um documento onde se enfatiza a importância da unidade da humanidade e da liberdade religiosa como valores no processo de reforma da ONU.

"O desacerto dos interesses nacionais face às crises globais mostrou - para lá de qualquer dúvida - que o corpo da humanidade representa um todo orgânico" afirma-se neste documento intitulado A Busca de Valores numa Era de Transição. Desta forma a unicidade da humanidade deve tornar-se o foco primordial da procura de soluções para desafios globais como a pobreza, a SIDA, a degradação ambiental, o terrorismo e a proliferação de armas.

"É claro que nenhum dos problemas enfrentados pela humanidade pode ser adequadamente abordado se for isolado dos restantes", afirma-se no documento. "A cada vez mais notória interdependência entre desenvolvimento, segurança e direitos humanos a uma escala global, confirma que a paz e a prosperidade são indivisíveis - que nenhum benefício sustentável pode ser conferido a qualquer nação ou comunidade, se o bem-estar das nações como um todo for ignorado".

Além disso, o documento agora publicado sustenta que os assuntos em torno da religião e da liberdade de crença foram agora elevados à categoria de "excepcional importância global, que as Nações Unidas não podem ignorar". E acrescenta: "Enquanto a Assembleia Geral aprovou um número de resoluções abordando o papel da religião na promoção da paz e apelando à eliminação da intolerância religiosa, debate-se para compreender o papel positivo que a religião pode desempenhar na criação de uma ordem pacífica global, e o impacto destrutivo que o fanatismo religioso pode ter na estabilidade e progresso do mundo".

"Um crescente número de dirigentes e corpos deliberativos reconhece que essas considerações devem deslocar-se da periferia para o centro do debate - reconhecendo que o pleno impacto das variáveis relacionadas com a religião, em assuntos como a governação, a diplomacia, os direitos humanos, o desenvolvimento, as noções de justiça, e a segurança colectiva devem ser melhor compreendidas".

Na linha destas ideias, a declaração apresenta um número de recomendações concretas às Nações Unidas. Estas recomendações caem em quatro grandes áreas: direitos humanos, desenvolvimento, democracia e segurança colectiva. Entre essas recomendações encontram-se:

  • Um apelo para que "as Nações Unidas afirmem inequivocamente o direito do individuo a mudar a sua religião, sob a lei internacional"
  • O estabelecimento de um calendário para a ratificação universal dos tratados de direitos humanos.
  • Que o Gabinete do Alto Comissariado dos Direitos Humanos se torne "o porta-estandarte no campo dos direitos humanos e um instrumento efectivo no aliviar do sofrimento de indivíduos e grupos cujos direitos são negados".
  • Uma ênfase na educação nos programas de desenvolvimento da ONU, pois a "capacidade dos povos participarem na geração e aplicação de conhecimento é uma componente essencial do desenvolvimento humano", devendo ser dada uma atenção especial deve ser dada à educação das raparigas.
  • Que os países ricos do mundo têm uma obrigação moral em remover as barreiras alfandegárias e comerciais que impedem a entrada de outros países no mercado global.
  • Que a ONU desenvolva formas de "envolvimento construtivo e sistemático com organizações da sociedade civil (incluindo organizações comerciais e religiosas)".
  • Que "a democracia saudável seja baseada no princípio da igualdade de direitos entre homem e mulheres" e consequentemente que os esforços dos estados membros sejam "um trabalho vigilante de inclusão das mulheres em todos os aspectos da governação dos respectivos países".
  • Que "no nosso mundo interligado, uma ameaça a um seja uma ameaça a todos" e que o princípio da segurança colectiva signifique que "as Nações Unidas devam, em devido tempo adoptar os procedimentos para eliminação do estatuto de membro permanente e do direito de veto" no Conselho de Segurança.


  • A Comunidade Internacional Bahá'í já tinha publicado várias declarações por ocasião dos aniversários da fundação das Nações Unidas. No 10º aniversário, em 1955, a comunidade emitiu a declaração "Propostas para revisão da Carta das Nações Unidas", e em 1995, por ocasião do 50º aniversário, publicou o documento "Um Ponto de Viragem para Todas as Nações".

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    LINKS:
    Notícia original no BWNS.
    Texto completo (em inglês) do documento
    The Search for Values in an Age of Transition.

    2 comentários:

    Anónimo disse...

    pois é, meu amigo. pois é.
    abçs

    João Moutinho disse...

    filho,
    Está inspirado, sim senhor.
    Tem um bom sentido de humor.