quinta-feira, 22 de junho de 2006

Polícia do Pensamento

Dois comentários recentes colocados neste blog quase passaram despercebidos por terem sido feitos em posts afixados há já algum tempo. Refiro-me aos comentários assinados por A.Mobarak (no post To Zeinobia, in Egypt) e por um anónimo, presumivelmente baha’i (no post 54 Bahá'ís presos no Irão).

Apesar de terem sido escritos por pessoas diferentes, com convicções diferentes, os autores têm uma convicção comum: confundem o seu entendimento da verdade com a própria verdade. E com isso se consideram superiores nas observações que fazem.

O comentário de A.Mobarak é igual a muitos outros que se encontram em fóruns e sites anti-baha’is: afirma que a Fé Bahá’í não é uma religião e sugere um site muçulmano onde se tenta provar que a religião bahá'í é falsa. Para mim, a novidade foi o facto desse comentário vir parar aqui.

Já o bahá'í anónimo insinua-se como uma espécie de polícia do pensamento, como se ele soubesse o que os baha’is devem pensar, dizer ou escrever. Também sugere que o que se escreve, e comenta, neste blog (e noutros blogs de baha’is) não estaria de acordo com o que ele lá entende ser a doutrina baha'i, e que seriam apenas "meias-verdades". E quase ameaça com queixinhas às instituições baha'is.

Para quem tem dos bahá’ís uma imagem de tolerância, o comentário do bahá'í anónimo é muito estranho. Mas eu já tinha referido aqui que conhecia dois ou três casos de bahá'ís fundamentalistas.

A resposta a estes dois auto-intitulados "donos da verdade" aqui fica, com uma citação de Agostinho da Silva:
Podemos dizer quando pensamos filosoficamente – e nem é preciso, para isso ser crente de uma determinada religião, a qual tem vantagem porque exerce a sua atenção sobre um ser superior último, seja ele o conceito, por exemplo, cristão ou muçulmano de Deus, seja outro conceito, é evidente que só esse último é que possui a autêntica verdade das coisas – que nós apenas temos de utilizar aquilo que consideramos verdadeiro e o grande perigo é que somos levados a confundir o nosso verdadeiro com a verdade. Então o homem que exerce o poder é o que acha que tem a verdade, que conhece a verdade, que dizer, comete o pecado de se considerar igual a Deus e de achar que pode dar determinações aos outros.

Agostinho da Silva, Vida Conversável, pag. 66

5 comentários:

João Moutinho disse...

Há um ponto em que penso que todos acabamos por concordar, felizmente que vivemos num país livre. O que permite a utilização de blogues para a transmissão e debate de ideias.

Anónimo disse...

Ganda noia!!!!
Agora tens os fundamentalistas da tua comunidade a morderem-te as canelas!
Ah ah ah ah ah
Eu tenho uma teoria para isto: Os fundamentalistas estão para as religiões como as carraças estão para os cães! Por muito cuidado que se tenham, acabam sempre por aparecer.

Anónimo disse...

Uma vez fui a uma reunião bahai e estava lá um fulano a falar muito vaidoso e todo cheio de verdades absolutas. Como nunca tive pachorra para gente convencida, saí a meio e deixei-o lá a falar para outras pessoas. Mas o curioso é que o tom da conversa dele é o mesmo do comentário aqui referido. Quem sabe se não é a mesma pessoa.
P.Amaral

Marco Oliveira disse...

Não sejam maus com os vossos fundamentalistas.
Uma religião sem fundamentalistas é como um circo sem palhaços: não tem graça!

Elise disse...

é preciso denunciar os fundamentalistas.

"A bowl of milk turns into curd with a single drop of lemon."