quinta-feira, 18 de janeiro de 2007

Suástica

Segundo a BBC, a Alemanha, que actualmente detém a presidência rotativa da União Europeia, pretende que a exibição de cruzes suásticas e a negação do holocausto seja considerado um crime em toda a UE. Recorde-se que actualmente na Alemanha a exibição de suásticas está proibida e a negação do holocausto também é punida; outros países na UE que têm leis semelhantes.

Esta proposta da Alemanha não é novidade; no início do ano passado uma proposta semelhante foi recusada pela União Europeia. Nessa ocasião, os ministros da justiça da Grã-Bretanha, Dinamarca, Hungria e Itália argumentaram que tal proibição poderia pôr em causa a liberdade de expressão.

A actual iniciativa alemã está agora a provocar polémica entre as Comunidades Hindus de diversos países europeus. Motivo: o símbolo da mais sinistra ditadura europeia do século XX é também um símbolo sagrado para o Hinduísmo. Um dirigente Hindu afirmou que esta medida equivale a proibir a exibição de cruzes porque o Klu Klux Klan também usa uma cruz em chamas como o seu símbolo.

Esta notícia mostra como os símbolos iguais podem ter conotações tão distintas em sociedades diferentes. Mas também levanta a questão do multiculturalismo e do conflito valores na Europa. Até que ponto aceitamos a liberdade de expressão? O que fazer quando liberdade de expressão choca com respeito pela diversidade?

Como baha’i, já me deparei com um problema com a suástica.

No templo baha’i de Chicago, a decoração exterior inclui símbolos de todas as religiões. Entre estes descobri a cruz suástica, como símbolo do Hinduísmo. Claro que para mim aquilo foi um choque; afinal, eu sou um europeu, e para mim aquele é um símbolo nazi. Naturalmente que preferia que o Hinduísmo ali estivesse representado por outro símbolo. Fica a foto com o pormenor do edifício onde se pode ver a suástica.

10 comentários:

Anónimo disse...

Interessante a fotografia que colocaste Marco...
Relativamente à questão da proibição, o que está na base na eventual proibição da suástica não é a cruz em si, mas o que ele representa, e se ela representa coisas diversas a lei terá que ter isso em atenção, não me parece que possa haver duvidas quanto a isso.

Iuri Matias disse...

Há uma diferença entre as suásticas nazis e as usadas pelo hinduismo e budismo, as nazis estão sempre no sentido dos ponteiros do relógio, e as hindus e budistas estão *normalmente* no sentido contrario a dos ponteiros do relógio. Há quem diga que simbolicamente, o sentido dos ponteiros do relógio representa o mal.

A cruz que aparece no templo bahai é no sentido contrario aos ponteiros do relogio.

http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/7/74/Lightmatter_buddha_with_swastika.jpg/180px-Lightmatter_buddha_with_swastika.jpg

José Fernandes disse...

Seja lá para que lado esteja virada a suástica há-de perdurar mil anos como símbolo do mal

Elfo disse...

O símbolo hindu, que por acaso também aparece nos templos Mayas da América, nada tem ver com o nazismo genocida de err hitler.
Na verdade aquela cruz com astes dobradas, significa o sol e a sua aparente rotação. Se essa rotação é descrita para a direita ou para a esquerda, é uma questão de perspectiva...
Não se pode ignorar que hitler era um adepto fervoroso de todos os símbolos de poder, que foi procurar, ou mandou procurar, aos ocultistas e necromantes que lhe dariam o suposto poder para tudo e todos levar de vencida. J.R.R Tolkien, que escreveu parte do livro do Senhor dos Anéis nas trincheiras aliadas na 2ªa Guerra Mundial, associava hitler e a suástica a Sauron e ao Anel maldito que a todos haveria de subjugar.
Na verdade, a suástica funcionava como um símbolo de poder que a todos subjugaria pois os outros não o saberiam usar.
Houve, na realidade, um outro símbolo de poder que prevaleceu sobre a suástica: UMA ESTRELA DE CINCO PONTAS, símbolizando o homem que se sobrepõe às trevas da ignorãncia e da superstição.

Se tivermos o cuidado de analisar, com olhos imparciais, os símbolos que imperaram nessa guerra, veremos que eram o sol nascente, o sol, e a Estrela de cinco pontas. Não descuremos que o símbolo salomónico foi o que mais sofreu nestas andanças, mas foi o que sofreu o holocausto.
Os aliados não tinham qualquer símbolo que os representasse.
O único e inesperado e também temido aliado a (URSS) era portadora do Símbolo humano ( A Etrela ) sobre a matéria, que por mero acaso também era uma "suástica" visto que a foice e o martelo de pena cruzados, formam uma suástica com as astes viradas em sentido contrário às de hitler.
O punho da foice está virado para a esquerda, a pena do martelo, também, a lamina da foice também está virada para a esquerda, ou seja estava tudo no sentido inverso da Suástica de hitler que tinha as astes todas viradas para a direita.

Como o Cyprus diz, e com razão, a simbologia nazi nada tem a ver com o símbolo sagrado do sol.

lb disse...

Um bom exemplo que um símbolo em si não é nem bom nem mau, e não tem significado se destituído do seu contexto. Seria bom que lembrassemos disto antes de afeiçoar-nos em demasia a eles.

Fartei-me de vêr a suástica na India, tão ou mais omnipresente como a cruz nas culturas cristãs. E, claro, ninguém lhe atribui o significado nazi.

Claro que na europa isso é diferente. Sou no entanto contra a sua proibição.
Primeiro, sou a favor da liberdade de expressão, mesmo nos casos em que a suastica significa nazismo; segundo acho que a proibição contraproducente; em terceiro lugar acho a legítima recuperação da suástica como símbolo do sol, um direito de quem lhe atribui este significado; e por fim agrada-me a sua mútua relativização, em que o uso concorrente resultaria.

José Fernandes disse...

lutz, não estarás a fazer uma optimização do sistema

Marco Oliveira disse...

Pois é Lutz.
Mais sagrados que os símbolos são os valores, como a liberdade de expressão.

Mikolik disse...

Epá Marco, não sabia que desconhecias essa diferença que o cyprus nomeou. A cruz suástica nazi é precisamente um simbolo do mal porque é a representação inversa dum simbolo do bem, que é a cruz hindu.

Apresento-vos um excerto duma palestra proferida por um bahá'í, Lee Brown, chefe da tribo Lakota, onde menciona este facto:

"Desta forma eles sabiam que algo iria acontecer. As coisas iam acelerar um pouco, haveria uma teia construída à volta do mundo, e as pessoas iriam falar através dessa teia. Quando esta teia falante, o telefone, fosse construída à volta da terra, um sinal de vida iria aparecer no leste, mas ia ficar torto e trazer a morte (a cruz suástica, símbolo dos Nazis). "

RMSoares disse...

Porque tornar as suástica um fruto proibido? Deviam era preocupar-se em ensinar os verdadeiros valores morais.
Mais do que um símbolo, o preocupante é os valores e jogos de interesse que estão por trás do racismo, xenofobia e outros fenómenos.

Anónimo disse...

Os alemães e as proibições... parece que não aprendem!!