terça-feira, 10 de junho de 2008

O Verdadeiro Dia de Portugal

Octávio dos Santos (jornalista e escritor) escreve hoje no jornal Público:

E qual deveria ser o – verdadeiro – Dia de Portugal? Existem várias hipóteses, diferentes alternativas. 24 de Junho (de 1128), dia da Batalha de S. Mamede: ou 25 de Julho (de 1139), dia da Batalha de Ourique – momentos decisivos da ascensão e aclamação de D. Afonso Henriques enquanto Rei, e, por arrastamento, da formação e da consolidação de Portugal. 5 de Outubro (de 1143!), dia da assinatura do Tratado de Zamora, que reconheceu – pela primeira vez – a independência do nosso país. 1 de Dezembro (de 1640), quando se restaurou a independência.

Porém, o dia que mais atributos reúne para merecer a designação de – verdadeiro – Dia de Portugal é 14 de Agosto. Nesta data, em 1385, a Batalha de Aljubarrota – culminar de uma crise que proporcionou (por uma vez) uma notável coesão entre os diferentes estratos da população – assegurou, mais do que a sobrevivência da nação, a sua futura expansão: confirmou como rei D. João I, que fundou a dinastia de Avis e gerou a Ínclita Geração, primeira responsável pelos Descobrimentos. (…)

Só mesmo os ignorantes, os indiferentes e os interesseiros é que podem continuar a defender o 10 de Junho como o Dia de Portugal.

4 comentários:

Anónimo disse...

que hipocrisia !!!!
é mesmo a data que tem uma grande influência no assunto !!!!
que o dia de portugal se mantenha o dia 10 de junho, não existe razão nenhuma para não o ser.
já agora mudem o dia de natal para o verão, dá mais jeito abrir as prendas na praia !!!!!

Marco Oliveira disse...

Filha,

O 10 de Junho representa a morte de Camões e, de certa forma, a morte de Portugal. Lembras-te daquela frase atribuída ao Camões "Pátria, morro contigo"?

Por que razão o dia de Portugal deve ser celebrar na data que assinala uma das suas maiores derrotas?

Héliocoptero disse...

Octávio dos Santos põe uma boa questão e pesa a importãncia histórica de determinados eventos na constituição da nacionalidade portuguesa.

Camões dá forma poética à consciência nacional, é certo, mas 10 de Junho, como bem diz o Marco, é a data da sua morte. O aniversário de um país deve celebrar um (re)nascimento: a fundação, a eleição de um líder ou o acto de recuperação, a aprovação de um documento fundacional, a afirmação de uma vontade ou consciência nacional, uma batalha decisiva, uma revolta essencial, etc. São Mamede, Ourique, Zamora, a Restauração ou Aljubarrota são momentos da nossa História que servem muito melhor a finalidade de "aniversário" do país do que a morte de um dos seus maiores poetas.

Pessoalmente, prefiro o 6 de Abril para Dia de Portugal e por motivos idênticos aos de Octávio dos Santos para a escolha de Aljubarrota: foi a 6 de Abril de 1385 que as Cortes reunidas em Coimbra elegeram para rei de Portugal o Mestre de Avis. Foi o acto oficial de fundação da Dinastia de Avis, a coroação do pai da Ínclita Geração, o prelúdio dos Descobrimentos e da Diáspora e o êxito dos que se uniram em torno de uma causa nacional no período da nossa História que, então como hoje, mais inspirou o sentimento de "portugalidade". Não foi por acaso que D. João I recebeu o cognome de "O de Boa Memória". Aljubarrota foi a confirmação no campo de batalha da decisão das Cortes.

Mas se o Dia de Portugal passasse para 14 de Agosto, também não ia achar mal. Nada mesmo!

Anónimo disse...

O melhor mesmo era considerarmos que o dia de Portugal é como o Natal: "quando o homem quiser" (que por acaso devia ser todos os dias). Assim como o dia da mãe, do pai, do avô, do afilhado, do primo em 3º grau, da árvore, do rosmaninho, do fósforo, do pé chato, do papel pardo e de quem o agarrar!
O cumprimento de calendário não é mais do que simbólico, é certo, e terá a sua importância (para alguns, pelos menos), mas nem por isso aumenta a coesão ou orgulho nacional. Passadas as datas e respectivas festividades tudo de desvanece. Lembra-me o fogo de artifício. É pena!
Quanto ao mudarem o dia de natal para o verão, como sugere filha do administrador, já estivémos mais longe, basta vermos as alterações climáticas... :-)