Escreve Fareed Zakaria no seu livro "O Mundo Pós Americano":
Os mecanismos tradicionais de cooperação internacional são relíquias de uma época já passada. O sistema das Nações Unidas representa uma configuração de poder que já passou de moda. Os membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas são os vencedores de uma guerra que acabou há sessenta anos. Esse organismo não inclui o Japão ou a Alemanha, a segunda e a terceira maiores economias do mundo (a taxas de câmbio de mercado), da mesma maneira que não inclui nem a Índia, que é a maior democracia do mundo, nem nenhum país da América Latina ou África. O Conselho de Segurança exemplifica a antiga estrutura de governação global em sentido geral. O G8 não inclui nem a China, que já é a quarta maior economia do mundo, nem a Índia e a Coreia do Sul, que já estão no décimo segundo e no décimo terceiro lugares. Tradicionalmente o Fundo Monetário Internacional é sempre dirigido por um europeu, enquanto que o Banco Mundial o é por um americano. Esta tradição, tal como os costumes de um antigo clube de países selectos, pode ser encantadora e divertida para os próprios, mas para os que não fazem parte deste clube selecto é uma hipocrisia e um ultraje. (p. 43-44)Para fazer frente a uma crise financeira global, o G-20 parece assumir um protagonismo interessante; houve uma cimeira em Washington em Novembro, e já se anuncia outra em Londres para o mês de Abril. Não deixa de ser interessante ver o G-20 começar a substituir o G-8, na medida em que representa um processo de tomada de decisão mais alargado e envolvendo mais parceiros. É certo que o G-20 não pode ser visto como uma nova ordem mundial; mas, comparado com o G-8, é certamente uma organização que cujo equilíbrio de poderes reflecte mais correctamente a realidade do nosso mundo de hoje.
Uma reformulação similar seria necessária no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Além da abolição do direito de veto, seria importante que algumas novas potências - como o Brasil e a Índia - adquirissem um estatuto de membros permanentes. Também seria importante que países como o Reino Unido e a França abdicassem desse estatuto a favor da União Europeia (claro que será difícil convencer Britânicos e Franceses a ceder neste ponto).
Uma coisa parece-me certa: o surgimento de uma nova ordem mundial (conforme antecipado nas Escrituras Baha’is) não será algo que acontecerá do dia para a noite; será certamente um processo lento e de transformação gradual. Espero que a relevância que o G-20 agora começa a obter, seja um pequeno passo na construção de um novo equilibro no relacionamento entre povos e nações.
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