No editorial do Diário de Notícias de hoje:
Ontem houve uma grande notícia - grande em tamanho e em atenção dada - sobre a alegada discriminação de alunos ciganos numa escola em Barcelos. E foi publicada também uma pequena notícia, igualmente interessante e sobre o mesmo tema, mas que passou despercebida. Edmundo Martinho, presidente da Comissão Nacional do Rendimento Social de Inserção, disse num colóquio que "não pode haver transigência no que respeita ao exercício de direitos das crianças e jovens. Aceitar que uma jovem mulher de 13 anos não vá à escola para não se encontrar com rapazes não é uma prática aceitável." Não o disse, ou, se o disse, não vinha citado na Lusa, mas estava a referir-se à comunidade cigana.
É pena que poucos falem com esta clareza sobre este assunto. Porque aquilo que se passa com as crianças ciganas nas escolas portuguesas é um autêntico crime, muitas vezes denunciado até dentro da comunidade. As meninas são afastadas da escola para não conviverem com rapazes depois da 4.ª classe, e mesmo entre os rapazes são raros os que fazem mais do que o 10.º ano.
Isto é um atentado aos direitos humanos e devia levar-nos a levantar a voz. A denunciá-lo, como fazemos contra os hábitos islâmicos de discriminação das mulheres. Mas calamo-nos. Nem sequer fazemos referência à comunidade de que estamos a falar. E assim somos todos - jornalistas, assistentes sociais, técnicos de rendimento mínimo - cúmplices destas práticas liberticidas. Tão perto de nós. Tão no meio de nós.
2 comentários:
Marco, um link para alguém q não se cala: http://www.agencia.ecclesia.pt/noticia_all.asp?noticiaid=70853&seccaoid=3&tipoid=94
Abraço.
Excelente texto, as ciganas têm o direito à cidadania como qualquer outro ser humano residente em Portugal.
Enviar um comentário