----------------------------------------

O novo pragmatismo americano para com o Irão vai inevitavelmente focar-se nos meios diplomáticos para resolver o impasse da questão nuclear e não a questão da natureza do regime. Isto são, certamente, boas notícias para a estabilidade regional, na medida em que pela primeira vez os EUA e o Irão podem abordar directamente preocupações mútuas de segurança. No entanto, no que toca à segurança humana no Irão, o crescendo dos laços diplomáticos bilaterais vê os assuntos da "liberdade de religião e de expressão" como estrategicamente inoportunos. A Europa também colocou os direitos humanos em segundo plano e foca-se apenas na reactivação nas negociações nucleares.
A campanha para as eleições presidenciais em Junho de 2009 está em marcha. Mas ao contrário das eleições de 1997, que foram dominadas por apelos à democracia e discursos reformistas sobre direitos humanos e o primado da lei, as facções em disputa centram a sua atenção nas reformas económicas. As agendas dos dois principais candidatos da facção reformista, o antigo porta-voz do Parlamento, Mehdi Karrubi e o antigo primeiro ministro Mir-Hoseyn Musavi criticaram fortemente as políticas económicas e o estilo de gestão de Ahmadinedjad. E apesar de Karrubi e Musavi terem condenado as perceptíveis inclinações do Presidente para o nepotismo, corrupção e e violação do primado da lei, as suas principais atenções são a economia e a política externa. Musavi, em particular, tornou bem claro que não gosta de “provocar todo o mundo sem qualquer motivo e apoia políticas de privatização”. Atendendo ao estado débil da economia iraniana, parece que o eleitorado reagirá mais favoravelmente a provocadores reformistas que se abstêm em matéria de direitos humanos e em retórica de democratização, e em vez disso prometem uma détente com o Ocidente que inerentemente abrirá caminho para o progresso económico. As eleições no Irão são notoriamente difíceis de prever, mas parece evidente que qualquer candidato que consiga apresentar-se como gestor de crises que tirará o país do isolamento, poderá vencer em Junho.
------------------------------------------
Artigo completo: Iran: a faith on trial (em inglês)
Sem comentários:
Enviar um comentário