sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Amin Maalouf e Um mundo sem Regras (4)

As Minorias

No livro Um Mundo sem Regras, Amin Maalouf escreve:
Para qualquer sociedade para a humanidade no seu conjunto, o destino das minorias não é um dossiê entre muitos outros; é, juntamente com o destino das mulheres, um dos reveladores mais seguros do avanço moral ou da regressão. Um mundo onde todos os dias se respeita um pouco melhor a diversidade humana, onde qualquer pessoa pode exprimir-se na língua à sua escolha, professar tranquilamente as suas crenças e assumir serenamente as suas origens sem ser vítima de hostilidade ou difamação, quer por parte das autoridades, quer por parte da população, é um mundo que avança, que progride, que se eleva. Inversamente, quando prevalecem as crispações identitárias como acontece hoje na maioria dos países, tanto no Norte do planeta como no Sul, quando todos os dias se torna um pouco mais difícil alguém ser serenamente ele mesmo, praticar livremente a sua língua ou a sua fé, como não falar de regressão? (p.65-66)
COMENTÁRIO:

Nas várias epístolas de Baha'u'lláh dirigidas a reis e governantes do Seu tempo, encontramos repetidas referências à importância da governação reflectir justiça para com todos os cidadãos, independentemente do grupo social a que pertençam. Numa epístola a Napoleão III, o fundador da Fé Bahá'í afirmara: "Sabe, em verdade, que os teus súbditos são uma responsabilidade que Deus te conferiu. Cuida deles, como cuidas de ti."

A questão dos direitos das minorias tem sido uma matéria de atenção por parte da Comunidade Bahá'í, junto das Nações Unidas. No site da BIC, encontramos várias declarações nesse sentido. Numa delas, intitulada Protection of Minorities e apresentada em 1994, podemos ler o seguinte:
Na opinião da Comunidade Internacional Bahá'í, a responsabilidade de garantir a igualdade de direitos para as minorias cai simultaneamente nas maiorias e nas minorias. As Maiorias têm uma responsabilidade especial, por uma questão de justiça, de realizar os ajustamentos sociais e políticas que permitam às minorias para exercer, tanto quanto possível, os seus direitos comuns e fundamentais. As Minorias, por seu lado, têm a responsabilidade moral de responder honestamente a esforços genuínos das maiorias e, como afirma o Relator de "reconhecer e respeitar os seus deveres para com a sociedade em geral" (E/CN.4/Sub.2 / 1993/34/Add.4, par. 20). Ambos devem ver as questões das minorias no contexto de um mundo cada vez mais interdependente. Num mundo assim, a vantagem de uma parte é melhor assegurada, garantindo a vantagem do todo, do mesmo modo, o todo não pode florescer quando as partes são oprimidas ou desfavorecidas.

A necessidade é, pois, identificar as condições que privam certas minorias e exortar os governos a adoptar legislação que permita a essas minorias reivindicar os seus direitos e reformular as suas queixas. Essas medidas, porém, não serão suficientes para garantir que as minorias gozem dos mesmos direitos que os seus concidadãos. As atitudes devem mudar. Deve haver uma mudança na opinião das maiorias em relação às minorias oprimidas e as minorias devem-se libertar do sentimento de impotência induzida por discriminação prolongada.

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