domingo, 27 de dezembro de 2009

A tolerância é um valor absoluto

No Editorial de ontem do Público.
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E se fosse ao contrário? O peso da reciprocidade nas relações entre pessoas, países ou religiões sempre foi, e é, fundamental para explicar a sua natureza pacífica ou conflitual. E se, em lugar dos muçulmanos na Suíça que querem adornar as suas mesquitas com minaretes, se desse o caso de uma comunidade cristã no Egipto pretender erigir um lugar de culto? O trabalho de Margarida Santos Lopes (...) mostra-nos o outro lado do espelho e revela-nos como esse direito básico seria recusado. Quando se ouvem as declarações indignadas de altas figuras do mundo islâmico a vituperar o referendo na suíça só podemos, pois, reparar que nesta relação não há reciprocidade e que só a hipocrisia pode justificar estas críticas.

Quer isto dizer que devemos apaziguar o nosso desconforto pelo que se passou na Suíça? Não, pelo contrário. Por muito que a perseguição a minorias religiosas persista no Irão ou na Indonésia, não se pode aceitar que essa realidade justifique a intolerância dos suíços.  A Europa sofreu demais com guerras religiosas para não ter aprendido a conviver com as diferenças. Apesar do relativismo e do politicamente correcto, é essa forma de ver o mundo, aberta e sem dogmas, que sublina a superioridade dos valores ocidentais.

Para ler o trabalho de Margarida Santos Lopes:
* Quando o apartheid religioso critica a islamofobia
* Religiões Proíbidas

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