Assinala-se hoje, 14 de Maio, o segundo aniversário da detenção dos sete dirigentes bahá'ís iranianos. Estes sete bahá'ís constituíam um grupo informal conhecido como o Yaran, ou "Amigos que ajudam", formado para responder às necessidades sociais e espirituais dos muitos milhares de bahá'ís iranianos (a maior minoria religiosa do Irão). O grupo tem estado detido na prisão de Evin desde 14 de Maio de 2008; um deles foi detido em Março desse mesmo ano.
Depois da sua detenção foi necessário aguardar 19 meses para serem levados a tribunal pela primeira vez. Desde Janeiro deste ano até hoje realizaram-se três audiências no ramo 28 do Tribunal Revolucionário. As acusações apresentadas - que incluem espionagem, actividades de propaganda e “espalhar corrupção na terra”- foram prontamente negadas.
Sobre a situação destes sete dirigentes detidos, Bani Dugal, a representante da Comunidade Bahá’í junto das Nações Unidas declarou: "Nas três sessões do julgamento que se realizaram até agora, não foi apresentada qualquer prova de ilegalidades - o que torna ainda mais evidente que os prisioneiros estão detidos apenas devido à sua crença religiosa".
"Se não lhes for concedida imediatamente a liberdade, no mínimo, eles deveriam ser libertados sob fiança. Além disso, devem ser tomadas medidas para garantir que o seu julgamento seja rápido e conduzido em conformidade com as normas internacionais", acrescentou Dugal.
Entretanto surgiram novas informações sobre as condições de detenção dos sete dirigentes Bahá’ís. Sabe-se, por exemplo, que as duas mulheres e cinco homens estão confinados a duas celas, que são tão pequenas que restringem os movimentos e o repouso adequado. A pouca iluminação das celas, o cheiro fétido, a ausência de camas e a limitação de contactos com familiares a visitas ou telefonemas de 10 minutos por semana, mereceram um comentário da Sra Dugal:
"Essas condições desumanas mostram completo desrespeito por princípios definidos em acordos internacionais sobre tratamento de prisioneiros, que estabelecem que ninguém pode ser submetido a tortura nem a tratamento ou punição cruel, desumano ou degradante", afirmou.
Segundo a jornalista Roxana Saberi - que partilhou uma cela por três semanas com duas das mulheres Bahá’ís – elas estão confinadas num pequeno espaço. "Elas enrolam um cobertor para servir de almofada ", declarou. "O piso é de cimento e coberto apenas com um tapete fino e castanho; os presos têm frequentemente dores nas costas e outros problemas por dormir em cima dele ... Quando eu estava com elas, éramos autorizadas quatro dias por semana a ir durante 20 a 30 minutos para um pátio murado".
Para assinalar este triste aniversário, a Casa Universal de Justiça – o organismo internacional que dirige a Comunidade Bahá'í – pediu aos Bahá’ís que realizassem nesta sexta-feira reuniões especiais de oração em todo o mundo, para lembrar os Bahá’ís do Irão e todos os seus compatriotas que são igualmente vítimas de opressão.
O segundo aniversário, afirmou a Casa Universal de Justiça, deve recordar-nos das "diversas formas de opressão" que estão sendo enfrentados pela comunidade bahá'í do Irão, incluindo os "interrogatórios, detenções arbitrárias e prisões, a privação de meios de subsistência, a destruição de bens e propriedades e a negação do acesso à educação para os estudantes bahá'ís."
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