sábado, 29 de outubro de 2011

Um caminho ou vários caminhos?

"A inabalável certeza de que se continua a possuir a verdade enquanto os outros estão enganados já não é uma possibilidade", Edward Schillebeeckx[1]
Para aqueles que concordem com Schillebeeckx, a pluralidade não é uma situação para ser tolerada até que os Cristãos consigam conceber um plano mestre que arrebanhe todas estas “outras” ovelhas num único curral. Para aqueles convencidos por estudos antropológicos, históricos e sociológicos que não existe um caminho único ou superior, a multiplicidade é a essência da realidade, a forma como as coisas são e funcionam. Será isto algo que os Cristãos podem ou devem aceitar? Ou será que leva à negação da verdade religiosa fundamental? Estas são as questões que estão por detrás das declarações dos teólogos e pastores das igrejas quando se debatem com estes assuntos.

E deve-se notar rapidamente que estas são as mesmas questões que Muçulmanos, Hindus, e outros se colocam. Na verdade, é a resistência ao chamado relativismo dos académicos ocidentais que inspira hoje muitos professores Muçulmanos. Não devemos iludir-nos pensando que as respostas as estas questões serão fáceis.

É claro que muitas pessoas com educação universitária no Ocidente e noutros lugares estão convencidas que as tradições religiosas não são formas fiáveis de afirmar a verdade sobre o universo. Na verdade, para muitas pessoas, é um axioma que a religião leve ao conflito, ao retrocesso, à superstição e ao ódio. Em que medida devem os Cristãos (ou Judeus, Muçulmanos ou Budistas para este assunto) concordar com esses pontos de vista? Se colocarmos uma destas críticas legítimas à religião na nossa tradição, poderá esse ponto de vista constituir um ácido que não só elimina abusos e formas de pensar ultrapassadas, mas também corrói as atitudes nucleares essenciais para entrar na religião enquanto mistério e espiritualidade? Estas são questões que, mesmo que não estejam no topo da discussão, deixam muitos teólogos e professores de religião pouco à vontade com a modernidade.

Paul F. Knitter, Introducing Theologies of Religions, p. 7
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[1] - The Church: The Human Story of God, 1990, p. 50-51

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