domingo, 29 de dezembro de 2013

Mazgani: "Se não fosse músico, estaria perdido"

Texto de Vanessa Fidalgo publicado no Correio da Manhã, no passado dia 20 de Dezembro

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Não vive para agradar à crítica e canta para "espantar os males". Nascido no Irão, da infância passada em Setúbal, recorda com especial carinho as vitórias do seu Vitória.

Shahryar Mazgani nasceu em 1974 no Irão, mas vive há 35 anos em Portugal. Cresceu em Setúbal depois de a sua família ter deixado a terra natal por ser seguidora da religião bahá'i, num país intolerante para com outras crenças após a Revolução Islâmica de 1979. Licenciou-se em Direito, mas acabou por tornar-se músico. Agora vive em Lisboa e assume o privilégio de ser um cidadão do Mundo.

Mazgani trabalhou como fotógrafo, fez crítica de cinema e, na crise dos 30 anos, decidiu dedicar-se à música. Mas, não tinha mais do uma maquete gravada quando se viu distinguido pela exclusivíssima revista francesa ‘Les Inrockuptibles' como um dos 20 nomes a acompanhar na música europeia

Estreou-se em 2007, com ‘Song of the New Heart', que editou como artista independente. O seu mais recente álbum de estúdio, o terceiro, ‘Common Ground', foi gravado em Londres com os produtores John Parish e Mick Harvey, colaboradores habituais de PJ Harvey e de Nick Cave. Na quinta-feira apresenta no Teatro do Bairro, em Lisboa, pelas 23h30, as músicas de ‘Common Ground' em formato intimista. Repete no dia 14, na Tertúlia Castelense, na Maia.

* A resposta escolhida aparece sublinhada.

Em 2007, foi considerado um dos 20 melhores novos artistas musicais da Europa pela revista francesa de referência ‘Les Inrockuptibles'. Nunca antes um músico português tinha tido essa honra. Sente que...
a) Foi uma grande e boa surpresa, mas não vivo para agradar à crítica.
b) Serviu essencialmente para alavancar o arranque da minha carreira. As pessoas falaram muito nisso.
c) Foi fantástico. Ainda hoje tenho essas páginas de revista coladas nas paredes do meu quarto...

Considera que a sorte grande seria...
a) Ganhar um prémio chorudo nos jogos da Santa Casa, como quase todos os portugueses.
b) Ganhar um Grammy.
c) Gravar com Leonard Cohen, Tom Waits ou talvez com Nick Cave.

Mas se, por acaso, ganhasse mesmo o primeiro prémio do Euromilhões...
a) Fazia as malas e mudava-me já amanhã para Nova Iorque.
b) Pagava a dívida soberana de Portugal.
c) Pagava ao Leonard Cohen, ao Tom Waits e ao Nick Cave para gravarem um disco comigo.
d) Outra hipótese: Despedia o Cohen, o Waits e o Cave.

Nasceu no Irão, mas veio ainda em tenra idade viver para Portugal. Atualmente, sente-se:
a) Dividido entre duas culturas e formas de estar diferentes.
b) Saí muito pequeno. Mal me lembro do Irão.
c) Sinto-me mais português do que um pacato alentejano, um portuense ferrenho ou um lisboeta bairrista.
d) Outra hipótese: Sinto-me um privilegiado por poder estar dividido.

Se mandasse no País, a sua primeira medida governamental seria...
a) Sempre fui fã do Robin Hood: começava por tirar aos ricos para dar aos mais pobres.
b) Demitir-me.
c) Fazia as malas. Mais valia voltar para o Irão.

Antes da música, estudou Direito. Se não fosse músico, por esta altura acha que seria...
a) Advogado.
b) Jogador de futebol.
c) Estaria provavelmente desempregado.
d) Outra hipótese: Estaria muito perdido.

Se um dia escrevesse um romance inspirado em pessoas reais, não dispensaria personagens que lhe recordassem...
a) José Saramago e Pilar.
b) Paulo Portas, Pedro Passos Coelho e António José Seguro.
c) Dom Sebastião.
d) Outra hipótese: Pessoas que conheço bem.

Em tempos, escreveram que a sua música é "cinzenta e introspetiva, assombrada por medos e desilusões"...
a) Diria antes que é sóbria e equilibrada, apesar de apaixonada.
b) Quem canta seus males espanta.
c) De certa forma, somos todos um bocadinho assim...
d) Outra hipótese: "Quem canta seus males espanta", sem dúvida, mas esperando, no entanto, que a minha música não seja da forma que foi descrita.

E se saísse para a rua, além de gritar palavras de ordem, levaria...
a) O microfone.
b) O megafone.
c) Uma máquina de filmar. 

Num dia normal, quando sai para a rua, o que tem de levar sempre consigo?
a) Um bloco e uma caneta, claro.
b) O cartão multibanco e o telemóvel.
c) A roupa, mas só porque tem mesmo de ser.

Cresceu em Setúbal. O que é que melhor traduziria as suas memórias de infância?
a) A pronúncia carregada de ‘erres' que ainda se ouve nas ruas.
b) O cheiro a choco frito das tasquinhas.
c) As vitórias do Vitória.

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