Já testemunhei milagres.
Não me estou a referir a magia, coisas fantasmagóricas, ou do tipo Hollywoodesco; estou a referir-me a milagres médicos e científicos. Tive esse privilégio único e inspirador graças a três décadas de trabalho na área da saúde. Passei anos em centros de investigação hospitalar e centros médicos universitários; conheci muitas pessoas que medicina moderna salvou da morte quase certa, e algumas que realmente morreram e depois voltaram à vida.
De facto, as intervenções que salvam vidas não são incomuns nos dias de hoje. A medicina moderna tem avançado tremendamente. Com novas tecnologias e técnicas de reanimação, médicos e paramédicos descobriram formas inovadoras de salvar a vida de pessoas que certamente teriam falecido até há poucos anos atrás. Os transplantes de órgãos, as novas tecnologias cardíacas e as técnicas avançadas de reanimação de emergência fazem uma enorme diferença na recuperação de pacientes que estão à beira da morte. Em casos de paragens cardíacas, choque anafilático grave, afogamento ou electrocução, e até mesmo em casos de lesão cerebral traumática, sabemos agora literalmente roubar a vida à morte. A morte clínica - ausência de batimentos cardíacos, de pulsação e de actividade cerebral - já pode, por vezes, ser revertida.
Isso significa que cada vez mais pessoas têm experiências de quase-morte.
O Crescimento do Número de Experiências de Quase-Morte
Com base numa sondagem recente, a organização Gallup estima que oito milhões de americanos tiveram uma experiência de quase-morte. Investigadores na Alemanha, Austrália e Holanda afirmam que entre 4 a 12% das populações desses países dizem que tiveram uma EQM. Com o aumento das nossas capacidades para salvar vidas e com a medicina a ressuscitar cada vez mais pacientes moribundos, é de esperar que estas percentagens subam ainda mais.
Devido ao aumento das nossas capacidades para salvar vidas, e em resposta ao enorme e generalizado interesse no assunto, durante o último meio século cientistas e investigadores criaram um novo campo de investigação para estudar e recolher informações sobre experiências de quase-morte. Formalmente criada em 1981, a Associação Internacional para Estudos de Quase-Morte (AIEQM), em 1981, tem agora delegações em todo o mundo. [http://www.iands.org/home.html]
A AIEQM possui um arquivo de histórias de casos quase-morte, e os investigadores que utilizam e contribuem para alargar o repositório de informação têm estudado as EQMs em diferentes culturas por todo o mundo. Estes investigadores descobriram uma notável semelhança nos relatos de quem passou por uma EQM.
O Debate sobre Experiências Quase-Morte: Porquê tão Consistentes?
Os relatos das pessoas que tiveram uma experiência quase-morte são tão semelhantes que agora assume-se que um EQM "típica" é composta por:
- Uma sensação de bem-estar e paz emocional. A dor desaparece e é substituída por emoções positivas.
- A sensação de estar fora do próprio corpo (chamada “experiência fora-do-corpo”).
- A sensação de se mover para cima, através de uma passagem ou um túnel, em direcção a uma luz poderosa e quente.
- Encontro com entes queridos que já morreram, ou com aquilo a que as pessoas muitas vezes descrevem como "seres de luz".
- Passar por uma revisão da vida, com a possibilidade de ver todos os pormenores da vida.
- Experimentar uma assimilação de conhecimento e sabedoria sobre o universo.
- Imersão completa numa luz acolhedora de amor e unidade.
- O cérebro humano ao morrer, concluem alguns neuro-cientistas, produz efeitos ilusórios ou alucinatórios que imitam o movimento através de um túnel em direcção a uma luz.
- A consciência humana continua após a morte física do cérebro e do corpo.
Imaginar que após a morte do corpo o espírito perece é como imaginar que um pássaro numa gaiola é destruído se a sua gaiola for destruída, apesar do pássaro nada ter a temer com a destruição da gaiola. O nosso corpo é como a gaiola, e o espírito é como o pássaro. Vemos que, sem a gaiola este pássaro voa no mundo do sono; portanto, se a gaiola for destruída, o pássaro continuará a existir. Os seus sentimentos serão ainda mais poderosos, as suas percepções serão maiores, e a sua felicidade aumentará. Na verdade... ele atingirá um paraíso de delícias, porque para um pássaro agradecido não há paraíso maior do que estar livre da gaiola. ('Abdu'l-Bahá, Respostas a Algumas Perguntas, cap. 61)------------------------------------------------------------
Texto original: The Remarkable Consistency of Near-Death Experiences (bahaiteachings.org)
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David Langness é jornalista e crítico de literatura na revista Paste. É também editor e autor do site bahaiteachings.org. Vive em Sierra Foothills, California, EUA.
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