sábado, 17 de janeiro de 2015

A Incrível Consistência das Experiências Quase-Morte

Por David Langness.


Já testemunhei milagres.

Não me estou a referir a magia, coisas fantasmagóricas, ou do tipo Hollywoodesco; estou a referir-me a milagres médicos e científicos. Tive esse privilégio único e inspirador graças a três décadas de trabalho na área da saúde. Passei anos em centros de investigação hospitalar e centros médicos universitários; conheci muitas pessoas que medicina moderna salvou da morte quase certa, e algumas que realmente morreram e depois voltaram à vida.

De facto, as intervenções que salvam vidas não são incomuns nos dias de hoje. A medicina moderna tem avançado tremendamente. Com novas tecnologias e técnicas de reanimação, médicos e paramédicos descobriram formas inovadoras de salvar a vida de pessoas que certamente teriam falecido até há poucos anos atrás. Os transplantes de órgãos, as novas tecnologias cardíacas e as técnicas avançadas de reanimação de emergência fazem uma enorme diferença na recuperação de pacientes que estão à beira da morte. Em casos de paragens cardíacas, choque anafilático grave, afogamento ou electrocução, e até mesmo em casos de lesão cerebral traumática, sabemos agora literalmente roubar a vida à morte. A morte clínica - ausência de batimentos cardíacos, de pulsação e de actividade cerebral - já pode, por vezes, ser revertida.

Isso significa que cada vez mais pessoas têm experiências de quase-morte.

O Crescimento do Número de Experiências de Quase-Morte

Com base numa sondagem recente, a organização Gallup estima que oito milhões de americanos tiveram uma experiência de quase-morte. Investigadores na Alemanha, Austrália e Holanda afirmam que entre 4 a 12% das populações desses países dizem que tiveram uma EQM. Com o aumento das nossas capacidades para salvar vidas e com a medicina a ressuscitar cada vez mais pacientes moribundos, é de esperar que estas percentagens subam ainda mais.

Devido ao aumento das nossas capacidades para salvar vidas, e em resposta ao enorme e generalizado interesse no assunto, durante o último meio século cientistas e investigadores criaram um novo campo de investigação para estudar e recolher informações sobre experiências de quase-morte. Formalmente criada em 1981, a Associação Internacional para Estudos de Quase-Morte (AIEQM), em 1981, tem agora delegações em todo o mundo. [http://www.iands.org/home.html]

A AIEQM possui um arquivo de histórias de casos quase-morte, e os investigadores que utilizam e contribuem para alargar o repositório de informação têm estudado as EQMs em diferentes culturas por todo o mundo. Estes investigadores descobriram uma notável semelhança nos relatos de quem passou por uma EQM.

O Debate sobre Experiências Quase-Morte: Porquê tão Consistentes?

Os relatos das pessoas que tiveram uma experiência quase-morte são tão semelhantes que agora assume-se que um EQM "típica" é composta por:
  • Uma sensação de bem-estar e paz emocional. A dor desaparece e é substituída por emoções positivas.
  • A sensação de estar fora do próprio corpo (chamada “experiência fora-do-corpo”).
  • A sensação de se mover para cima, através de uma passagem ou um túnel, em direcção a uma luz poderosa e quente.
  • Encontro com entes queridos que já morreram, ou com aquilo a que as pessoas muitas vezes descrevem como "seres de luz".
  • Passar por uma revisão da vida, com a possibilidade de ver todos os pormenores da vida.
  • Experimentar uma assimilação de conhecimento e sabedoria sobre o universo.
  • Imersão completa numa luz acolhedora de amor e unidade.
Estas sensações semelhantes, descritas tão consistentemente por quem passou por uma EQM, têm surgido entre pessoas de todas as culturas, todas as religiões (ou sem religião), todos os tipos de vida, todos os níveis de educação e de todas as idades. Por enquanto, quem estuda as EQMs afirma que essa notável uniformidade de experiência sugere uma de duas possibilidades aparentemente opostas:
  • O cérebro humano ao morrer, concluem alguns neuro-cientistas, produz efeitos ilusórios ou alucinatórios que imitam o movimento através de um túnel em direcção a uma luz.
  • A consciência humana continua após a morte física do cérebro e do corpo.
A maioria das pessoas, provavelmente, toma um lado ou outro neste debate, de acordo com a sua convicção na vida após a morte. Mas os ensinamentos Bahá’ís, com a sua ênfase na concordância essencial entre ciência e religião, podem sugerir uma terceira opção, segundo a qual, esses dois pontos de vista são verdadeiros. A fisiologia do cérebro humano pode certamente dar o seu contributo no processo geral de quase-morte; e, sem dúvida, os escritos Bahá’ís afirmam que a consciência humana se mantém após a morte do corpo físico:
Imaginar que após a morte do corpo o espírito perece é como imaginar que um pássaro numa gaiola é destruído se a sua gaiola for destruída, apesar do pássaro nada ter a temer com a destruição da gaiola. O nosso corpo é como a gaiola, e o espírito é como o pássaro. Vemos que, sem a gaiola este pássaro voa no mundo do sono; portanto, se a gaiola for destruída, o pássaro continuará a existir. Os seus sentimentos serão ainda mais poderosos, as suas percepções serão maiores, e a sua felicidade aumentará. Na verdade... ele atingirá um paraíso de delícias, porque para um pássaro agradecido não há paraíso maior do que estar livre da gaiola. ('Abdu'l-Bahá, Respostas a Algumas Perguntas, cap. 61)
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Texto original: The Remarkable Consistency of Near-Death Experiences (bahaiteachings.org)

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David Langness é jornalista e crítico de literatura na revista Paste. É também editor e autor do site bahaiteachings.org. Vive em Sierra Foothills, California, EUA.

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