A religião é, em verdade, o principal instrumento para o estabelecimento da ordem no mundo e tranquilidade entre os seus povos. (Epístolas de Bahá’u’lláh, Palavras do Paraíso)Uma percentagem cada vez maior do mundo moderno parece rejeitar a religião.
A falsificação ou imitação da verdadeira religião adulterou a crença humana e os seus fundamentos perderam-se de vista. As divergências entre estas imitações produziram inimizades e conflito, guerra e derramamento de sangue. (‘Abdu’l-Bahá, The Promulgation of Universal Peace, p. 152)
Cada vez menos pessoas - em especial os jovens - dizem ter uma religião. Igrejas, mesquitas e sinagogas estão a ficar vazias. As estatísticas indicam que uma percentagem crescente (entre um terço a metade) da população dos países mais desenvolvidos afirma não ter preferência religiosa, ou ser “espiritual mas não religioso”.
De certa forma, a própria religião organizada tem muita da culpa pelo afastamento massivo dos crentes. Dogmas contraditórios e credos opostos, discussões sobre a eficácia da ciência, enfase no dinheiro e no materialismo, conflitos e até guerras entre as várias seitas e envolvimento na política partidária, tudo isto afastou muitos sistemas de crença da sua mensagem espiritual original. Muito longe das suas raízes espirituais, a religião cristaliza e morre. Tal como ‘Abdu’l-Bahá afirmou, a religião falsificada produz “inimizades e conflito, guerra e derramamento de sangue”.
As Escrituras Bahá’ís apresentam um remédio.
Se um homem deseja ter sucesso na busca da verdade, deve, em primeiro lugar, fechar os olhos para todas as superstições tradicionais do passado... Todas as religiões se tornaram gradualmente limitadas pela tradição e dogma.“Abandonar os preconceitos da tradição”, “desprendermo-nos das formas e práticas externas da religião” e fechar os olhos “para todas as superstições tradicionais do passado”, aconselham os ensinamentos Bahá’ís. Como podemos fazer isso? Como podemos encontrar a nossa verdadeira religião e vez de uma imitação?
Todos se consideram, respectivamente, os únicos guardiões da verdade, e todas as outras religiões são compostas de erros. Eles próprios estão certos, todos os outros estão errados… Se todos se condenam uns aos outros, onde podemos procurar a verdade? Todos se contradizem, não podem ser todos verdadeiros. Se cada um acredita que a sua religião é a única verdadeira, então fica cego para a verdade das outras…
Devemos, portanto, desprendermo-nos das formas e práticas externas da religião. Devemos perceber que estas formas e práticas, por muito belas que sejam, são apenas ornamentos que revestem o coração caloroso e órgãos vivos da verdade Divina. Devemos abandonar os preconceitos da tradição se desejamos ter sucesso na procura da verdade no âmago de todas as religiões. (‘Abdu’l-Bahá, Paris Talks, p. 135)
Em primeiro lugar, podemos olhar para nós próprios e entender a nossa verdade examinando aquilo em que cada um de nós acredita. Uma Bahá’í que me é muito querida - a minha esposa - fez isso durante muito tempo antes de encontrar a Fé Bahá'í; escreveu uma lista das suas próprias crenças espirituais mais profundas. Essas convicções, e a sua expressão escrita, na verdade, levou-a para explorar muitas crenças, e, em seguida, como resultado dessa pesquisa, tornou-se Bahá’í. Fazer uma lista daquilo que realmente acreditamos, pode ter um resultado surpreendente.
Em segundo lugar, podemos analisar atentamente para os princípios mais profundos das religiões que mais respeitamos, e ver se coincidem com os nossos.
E em terceiro lugar, podemos comparar as duas coisas e verificar se a religião que investigamos está de acordo com a mensagem e princípios originais do seu fundador. Todas as grandes religiões começaram com os ensinamentos de amor e harmonia; mas será que hoje tentam praticar esses princípios? Esse sistema de crença manteve a sua integridade? E não é verdade que todas as religiões, na sua essência, pregam os mesmos princípios básicos? E se em vez de escolher uma das religiões, decidimos que todas as religiões são uma só?
Porque devemos matar nossos semelhantes? Se esta guerra e conflito se deve a uma questão religiosa, é evidente que ela viola o espírito e a base de toda a religião. Todos os Manifestantes divinos proclamaram a unicidade de Deus e da unidade da humanidade. Eles ensinaram que os homens devem amar e ajudar-se mutuamente, a fim de poderem progredir. Agora, se este conceito de religião é verdadeiro, o seu princípio essencial é a unidade da humanidade. A verdade fundamental dos Manifestantes é a paz. Isto está subjacente a toda a religião, a toda a justiça. O propósito divino é que os homens vivam em unidade, concórdia e que se amem uns aos outros. Considerem as virtudes do mundo humano e percebam que a unidade da humanidade é o fundamento principal de todas elas. Leiam o Evangelho e os outros livros sagrados. Aí perceberão que os seus fundamentos são uma e a mesma coisa. Por isso a unidade é a verdade essencial da religião e quando assim é percebido, ela inclui todas as virtudes do mundo humano. Louvado seja Deus! Esse conhecimento foi divulgado, os olhos abriram-se e ouvidos ficaram atentos. Portanto, devemos esforçar-nos para promulgar e praticar a religião de Deus, que foi fundada por todos os profetas. E a religião de Deus é amor e a unidade absolutas. (‘Abdu'l-Bahá, Foundations of World Unity, p. 50)
O oceano da misericórdia divina está a encapelar-se, os aguaceiros primaveris estão a cair, o Sol da Realidade está a brilhar gloriosamente. Ensinamentos celestiais aplicáveis ao progresso das condições humanas foram revelados nesta era misericordiosa. A reformação e renovação da realidade fundamental da religião constitui o verdadeiro resultado prático do espírito do modernismo, a inconfundível luz do mundo, o esplendor manifesto da Palavra de Deus, o remédio divino para todas a enfermidade humana, a dádiva da vida eterna para toda a humanidade. ('Abdu’l-Bahá, Foundations of World Unity, p. 10)
-------------------------------------------
Texto original: 3 Ways to Tell Counterfeits and Imitations from True Religion (www.bahaiteachings.org)
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
David Langness é jornalista e crítico de literatura na revista Paste. É também editor e autor do site bahaiteachings.org. Vive em Sierra Foothills, California, EUA
Sem comentários:
Enviar um comentário