Por TomTai-Seale.
O Buda
afirmou: "a vida religiosa não depende do dogma". Para os Budistas, o
dogma "não tem benefícios, nem tem que ver com os fundamentos da religião,
nem tende para a aversão, ausência de paixão, cessação, quietude, faculdades
sobrenaturais, sabedoria suprema e nirvana; portanto, não o expliquei". Em
resumo, a essência da religião, como os Bahá’ís acreditam, centra-se no
refinamento do carácter humano, no nosso alinhamento com a realidade divina
(nirvana) e na construção da civilização. Transformá-la em distinções obscuras,
não é produtivo.
Mas apesar do
Buda não se alongar na teologia, Ele afirma claramente:
“Existe o Não-nascido, o Não-formado,
o Não-criado, o Não-composto; se não existisse, ó mendicantes, não haveria
saída do mundo do nascido, do formado, do criado e do composto.” (Udana 8:3 in The Spiritual Heritage
of India, Swami Prabhavananda, p. 181)
Essa fonte
de salvação Não-nascida tem claramente uma semelhança impressionante com Deus,
tal como as religiões do mundo Ocidental entendem o Criador. Mas em vez de
tentar falar sobre esse Deus numa terra de muitos deuses, a solução elegante do
Buda passou apenas por falar sobre a condição humana, o sofrimento e o caminho
para a salvação. No entanto, é um erro pensar que o Buda não conhece Deus. Ele
tinha um conhecimento especial de Deus, dizendo ao Seu discípulo Vasetta:
Pois eu conheço Brahman, Vasettha, e
o mundo de Brahman, e o caminho que conduziu a Ele. Sim, eu conheço-o como
alguém que entrou no mundo Brahman e nasceu dele. (Svetasvatara 3: 9 in The Spiritual Heritage of India Swami Prabhavananda, p. 173)
É importante
notar que, sempre que, no Ocidente, falamos de Deus, Ele é, como S. Tomás de
Aquinas nos recorda na sua obra De
Potentia, incognoscível, porque Ele "transcende tudo o que podemos
entender dele". Falamos de Deus porque nos sentimos ligados aos Ser de
Deus, a fonte derradeira da Realidade, e isso é que os Budistas chamam nirvana.
É verdade
que a maioria das formas do Budismo pouco fala de um Deus criador. Mas, na
verdade, as histórias sobre a criação ocupam muito pouco das Escrituras
Ocidentais. O que realmente preenche as nossas Escrituras são nossas tentativas
de descrever a nossa atracção pelo Ser com o qual estamos ligados, as nossas
interrogações sobre o mundo e aquilo que é conducente ao progresso (ou
retrocesso) pessoal e social. Estes são os mesmos rumos das escrituras
Budistas. No seu âmago, as religiões orientais e ocidentais têm o mesmo
objectivo e envolvem-se nas mesmas tarefas. O Dalai Lama referiu este assunto:
Para um não-budista, o conceito de
nirvana e uma vida seguinte parecem não ter sentido. Da mesma forma, para os
Budistas, a noção de um Deus Criador soa, por vezes, sem sentido. Mas estas
coisas não são importantes; podemos deixá-las. O que importa é que, através
destas diferentes tradições, uma pessoa muito negativa pode-se transformar numa
pessoa boa. Esse é o propósito da religião - e esse é o resultado real. (The
Four Noble Truths, p. 5)
Dizer que o
Budismo é ateu é não compreender o Budismo. O Buda falava frequentemente de Brahman
(Deus) com conhecimento íntimo, e, como vimos, Ele condenou aqueles sacerdotes
que não agiam de acordo com a natureza de Brahman. Além disso, toda a missão do
Budismo é ajudar a aliviar o sofrimento humano, pregando o comportamento moral
e o alinhamento com a natureza sagrada da realidade (Deus).
Os Bahá’ís
acreditam que esta forma profunda e santa de ver o universo (e nosso lugar
nele) coloca o Budismo no panteão das grandes religiões mundiais. Para os
Bahá’ís estas verdades eternas, quer sejam transmitidas por Buda ou por Cristo
ou Bahá’u’lláh, têm todas a mesma fonte:
Nenhuma verdade pode contradizer
outra verdade. A luz é boa em qualquer lâmpada que esteja acesa! Uma rosa é
bela em qualquer jardim que possa florescer! Uma estrela tem o mesmo esplendor
se brilhar no Oriente ou no Ocidente. Libertai-vos do preconceito para amar o
Sol da Verdade em qualquer ponto no horizonte que possa surgir! Compreendereis
que, se a luz Divina da verdade brilhou em Jesus Cristo, então também brilhou
em Moisés e em Buda. ('Abdu'l-Bahá,
Paris Talks, p. 137)
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Texto Original: Buddhists, Baha’isand Dogma (www.bahaiteachings.org)
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Tom
Tai-Seale é professor de saúde pública na Texas A&M University e
investigador de religião. É autor de numerosos artigos sobre saúde pública e
também de uma introdução bíblica à Fé Bahai: Thy Kingdom Come, da Kalimat
Press.
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