sábado, 8 de dezembro de 2018

Como podemos provar que Deus existe?

Por Peter Terry.


“No princípio, Deus...”

A maioria dos nossos antepassados, durante quase três milénios, acreditou em Deus. A maioria das pessoas ainda acredita. Mas há já alguns séculos que existem cépticos. Em resposta aos cépticos tem havido tentativas de provar a existência de Deus.

Nesta série de ensaios vamos examinar a resposta a estes cépticos na filosofia divina de 'Abdu'l-Bahá, nascido na Pérsia em 1844 e falecido na Terra Santa em 1921. Para contextualizar intelectualmente estes argumentos, iremos citar outros argumentos, alguns antigos e outros mais modernos. Iremos ainda considerar as provas da existência de Deus nos ensinamentos Bahá’ís e, também, explorar a sua veracidade científica e lógica.

‘Abdu’l-Bahá escreveu:
As pessoas dividem-se em duas categorias: uma que está satisfeita com o conhecimento dos atributos divinos e outra que se esforça por determinar a existência da divindade e conhecer os princípios fundamentais da filosofia divina. (Star of the West, Volume 4, p. 62.)
Esta resposta indica duas tendências: uma satisfeita com a crença num Ser Supremo e outra que exige provas. Os que exigem provas geralmente acreditam num status quo mais moderno, o status quo do consenso científico e da experiência sensorial:
Os materialistas chegam a conclusão de que a vida, por outras palavras, significa composição; que onde quer que encontremos elementos simples numa forma agregada, aí contemplamos o fenómeno da vida orgânica; que toda a composição orgânica é vida orgânica. Assim, se a vida significa composição de elementos, então o materialista pode chegar à conclusão da não-necessidade de um criador, pois a composição é tudo o que existe e que é conseguida com adesão ou coesão. ('Abdu’l-Bahá, The Promulgation of Universal Peace, p. 423)
As provas da existência de Deus dirigem-se a três audiências específicas: os que se esforçam por “determinar a existência da divindade e conhecer os princípios fundamentais da filosofia divina”; os que já estão convencidos da existência de Deus e desejam definir esta existência em bases filosóficas firmes e duradouras; e aqueles que rejeitam a existência de Deus, a menos que sejam convencidos do contrário.

Nos ensinamentos Bahá’ís, encontramos estes três tipos de provas de existência de Deus - provas “racionais” (lógicas, científicas); “provas escritas na Bíblia e no Alcorão”; e “provas espirituais”. (…)

Nestes ensaios não vamos abordar as provas escritas da existência de Deus, porque estas já são conhecidas e aceites pelos seguidores das religiões e rejeitadas pelos descrentes, e por esse motivo têm menos significado e efeito.

Apesar de algumas pessoas considerarem o intelecto como uma fonte de verdade absolutamente infalível, no caso das provas da existência de Deus estas parecem estar mais adequadas aos seres humanos contemporâneos. ‘Abdu’l-Bahá afirma: “Estas são provas racionais; nesta era os povos do mundo necessitam dos argumentos da razão”.

No entanto, quem já se sentiu iluminado pela Luz Divina não tem necessidade de provas racionais:
...se a visão interior estiver aberta, podem-se ver centenas de milhar de provas claras. Assim, quando um homem sente o espírito interior, ele não tem necessidade de argumentos para a sua existência; mas para aqueles que estão privados da graça do espírito, é necessário expor argumentos externos. (‘Abdu’l-Bahá, Some Answered Questions, newly revised edition, p. 7)
Os Bahá’ís acreditam que Deus existe – mas também acreditam na razão, na lógica e no poder da mente humana para descobrir as realidades da vida:
Dá graças a Deus por Ele te ter concedido o poder através do qual consegues compreender estes mistérios divinos. Reflecte profundamente, pondera cuidadosamente, pensa minuciosamente e então as portas do conhecimento abrir-se-ão para ti. (‘Abdu’l-Bahá, Star of the West, Volume 4, p. 64)
... a mente prova a existência de uma Realidade invisível que envolve todas as coisas, que existe e se revela em todas as fases, cuja essência está para lá da compreensão da mente. As emanações misericordiosas dessa Essência Divina, porém, são concedidas a todos os seres e incumbe ao homem ponderar no seu coração sobre as efusões da Graça Divina, a alma (do homem) é contada como um (sinal desta), em vez de (ponderar) sobre a própria Essência Divina. Este é o limite extremo da compreensão humana. (‘Abdu’l-Bahá, Tablet to Auguste Forel)
Nesta série de ensaios vamos focar-nos na razão, na lógica e no poder da mente humana para desvelar as verdadeiras realidades do Criador.

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Texto original: How Can We Possibly Prove that God Exists? (www.bahaiteachings.org)

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Peter Terry é um académico independente, músico e professor. É autor dos livros A Prophet in Modern Times (uma biografia do Bab), In His Own Words (uma biografia de Baha'u'llah), Proofs of the Prophets (uma compilação e comentário sobre as 40 provas da condição de Profeta), Proofs of the Prophets: Lord Krishna e Proofs of the Prophets: Baha'u'llah.

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