sábado, 11 de janeiro de 2020

Procurar a harmonia entre a Sociedade e o Mundo Natural

Por David Langness.


Todos nós vivemos num planeta que nos sustenta, dizem os ensinamentos Bahá'ís, e no entanto, a própria Terra continua humilde:

Todo o homem de discernimento, ao caminhar sobre a terra, sente-se, de facto, envergonhado, na medida em que estiver plenamente consciente de que aquilo que é a fonte da sua prosperidade, da sua riqueza, do seu poderio, da sua exaltação, da sua evolução e autoridade. é – conforme decretado por Deus – a própria terra que é pisada pelos pés de todos os homens. Não pode haver dúvida de que quem conhece esta verdade, está purificado e santificado de todo o orgulho, arrogância e vanglória. (Bahá'u'lláh, Epistle to the Son of the Wolf,p. 44)

É difícil ser orgulhoso ou arrogante – parece dizer Bahá'u'lláh – quando reconhecemos que o simples pó sob os nossos pés nos dá tudo o que precisamos para viver e prosperar. Então, perguntam-nos os ensinamentos Bahá'ís, como podemos aspirar ao mesmo nível de humildade e serviço, e atingir a tão desejada harmonia entre a sociedade humana e o mundo natural?

A Casa Universal de Justiça, na sua carta de Novembro de 2017 sobre o tema das alterações climáticas, coloca esta importante questão de uma nova maneira:

Um dos problemas mais prementes da humanidade no século actual é a forma como uma população global, crescente, em desenvolvimento acelerado e unida, pode, de forma justa, viver em harmonia com o planeta e com os seus recursos finitos. Algumas realidades biológicas apresentam-se quando um organismo afecta negativamente ou excede a capacidade do seu ecossistema. A disponibilidade limitada e a distribuição desigual dos recursos impactam profundamente, e de muitas formas, as relações sociais no interior das nações e entre estas, ao ponto de precipitar convulsões e guerras. E os acordos particulares dos assuntos humanos podem ter consequências devastadoras para o ambiente. A questão do impacto das alterações climáticas, e a medida em que estas são provocadas pelo homem e os seus efeitos podem ser melhorados, é hoje o principal aspecto deste problema. A Revelação de Bahá’u’lláh alude, directa e indirectamente, a várias destas preocupações, numa forma que fala de uma harmonia entre a sociedade e o mundo natural. É essencial, portanto, que os Bahá’ís contribuam para o pensamento e acção em relação a estes assuntos. (A Casa Universal de Justiça, 29 Novembro 2017, a um grupo de Bahá'ís)

Este objectivo fantástico – “harmonia entre a sociedade e o mundo natural” – define um dos princípios essenciais dos ensinamentos Bahá'ís:

Para os Bahá'ís, o objectivo da existência é levar avante uma civilização em progresso constante. Essa civilização apenas pode ser construída numa Terra que se pode sustentar a si própria. O compromisso Bahá’í com a natureza é fundamental na nossa Fé. (Comunidade Internacional Baha'i, Outubro 1987, TheBaha'i Statement on Nature)

Mas como é que lá chegamos? Como é que criamos uma sociedade que vive em harmonia com o mundo natural, em vez de o poluir, envenenar e destruir?

As escrituras Bahá'ís sugerem que principiemos por espiritualizar a nossa vida interior:

Insuflai um novo sopro de vida no corpo desgastado e consumido do mundo, e nos sulcos de todas as regiões plantai a semente sagrada… No ponto de encontro da vida, sede uma vela que guia; nos céus deste mundo, sede estrelas deslumbrantes; nos jardins da unidade, sede aves do espírito cantando verdades e mistérios profundos. ('Abdu'l-Bahá, Selections from the Writings of‘Abdu’l-Bahá, #218)

Seguidamente devemos reconhecer a ligação entre a realidade humana profunda – e começar a compreender como essa condição espiritual que todos vivenciamos tem uma influência e impacto enormes nas condições exteriores do mundo:

Não podemos segregar o coração humano do ambiente ao nosso redor e dizer que depois deste se transformar, tudo irá melhorar. O homem tem uma ligação orgânica com o mundo. A sua vida interior molda o ambiente e ele próprio é profundamente afectado por este. Cada um influencia o outro e todas as alterações permanentes na vida do homem são o resultado destas reacções mútuas. (de uma carta escrita em nome de Shoghi Effendi a um Bahá’í individual)

E por fim, devemos fazer tudo o que for possível para conseguir construir a unidade mundial, o requisito fundamental de todos os esforços globais para salvar verdadeiramente o ambiente do nosso planeta:

Até àquele momento em que as nações do mundo compreendam e sigam os conselhos de Bahá'u'lláh para trabalhar juntas e com toda a sinceridade na busca dos melhores interesses da humanidade, e se unam na procura de caminhos e meios que respondam aos muitos problemas ambientais que cercam o nosso planeta, a Casa de Justiça sente que pouco progresso será feito em direcção à sua resolução… (A Casa Universal de Justiça, 18 Outubro 1981, a um Bahá'í individual)

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Texto original: Achieving Harmony between Society and the Natural World (www.bahaiteachings.org)

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David Langness é jornalista e crítico de literatura na revista Paste. É também editor e autor do site www.bahaiteachings.org. Vive em Sierra Foothills, California, EUA.

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