Por David Langness.
Todos nós vivemos num planeta que nos
sustenta, dizem os ensinamentos Bahá'ís, e no entanto, a própria Terra continua
humilde:
Todo o homem de discernimento, ao caminhar sobre a terra, sente-se, de
facto, envergonhado, na medida em que estiver plenamente consciente de que
aquilo que é a fonte da sua prosperidade, da sua riqueza, do seu poderio, da sua
exaltação, da sua evolução e autoridade. é – conforme decretado por Deus – a
própria terra que é pisada pelos pés de todos os homens. Não pode haver dúvida
de que quem conhece esta verdade, está purificado e santificado de todo o
orgulho, arrogância e vanglória. (Bahá'u'lláh, Epistle to the Son of the Wolf,p. 44)
É difícil ser orgulhoso ou arrogante –
parece dizer Bahá'u'lláh – quando reconhecemos que o simples pó sob os nossos
pés nos dá tudo o que precisamos para viver e prosperar. Então, perguntam-nos
os ensinamentos Bahá'ís, como podemos aspirar ao mesmo nível de humildade e
serviço, e atingir a tão desejada harmonia entre a sociedade humana e o mundo natural?
A Casa Universal de Justiça, na sua carta
de Novembro de 2017 sobre o tema das alterações climáticas, coloca esta
importante questão de uma nova maneira:
Um dos problemas mais prementes da humanidade no século actual é a forma
como uma população global, crescente, em desenvolvimento acelerado e unida,
pode, de forma justa, viver em harmonia com o planeta e com os seus recursos
finitos. Algumas realidades biológicas apresentam-se quando um organismo afecta
negativamente ou excede a capacidade do seu ecossistema. A disponibilidade
limitada e a distribuição desigual dos recursos impactam profundamente, e de
muitas formas, as relações sociais no interior das nações e entre estas, ao
ponto de precipitar convulsões e guerras. E os acordos particulares dos assuntos
humanos podem ter consequências devastadoras para o ambiente. A questão do
impacto das alterações climáticas, e a medida em que estas são provocadas pelo
homem e os seus efeitos podem ser melhorados, é hoje o principal aspecto deste
problema. A Revelação de Bahá’u’lláh alude, directa e indirectamente, a várias
destas preocupações, numa forma que fala de uma harmonia entre a sociedade e o
mundo natural. É essencial, portanto, que os Bahá’ís contribuam para o
pensamento e acção em relação a estes assuntos. (A Casa Universal de Justiça,
29 Novembro 2017, a um grupo de Bahá'ís)
Este objectivo fantástico – “harmonia
entre a sociedade e o mundo natural” – define um dos princípios essenciais dos
ensinamentos Bahá'ís:
Para os Bahá'ís, o objectivo da existência é levar avante uma civilização
em progresso constante. Essa civilização apenas pode ser construída numa Terra
que se pode sustentar a si própria. O compromisso Bahá’í com a natureza é
fundamental na nossa Fé. (Comunidade Internacional Baha'i, Outubro 1987, TheBaha'i Statement on Nature)
Mas como é que lá chegamos? Como é que
criamos uma sociedade que vive em harmonia com o mundo natural, em vez de o
poluir, envenenar e destruir?
As escrituras Bahá'ís sugerem que principiemos
por espiritualizar a nossa vida interior:
Insuflai um novo sopro de vida no corpo desgastado e consumido do mundo, e
nos sulcos de todas as regiões plantai a semente sagrada… No ponto de encontro
da vida, sede uma vela que guia; nos céus deste mundo, sede estrelas
deslumbrantes; nos jardins da unidade, sede aves do espírito cantando verdades
e mistérios profundos. ('Abdu'l-Bahá, Selections from the Writings of‘Abdu’l-Bahá, #218)
Seguidamente devemos reconhecer a ligação
entre a realidade humana profunda – e começar a compreender como essa condição
espiritual que todos vivenciamos tem uma influência e impacto enormes nas
condições exteriores do mundo:
Não podemos segregar o coração humano do ambiente ao nosso redor e dizer
que depois deste se transformar, tudo irá melhorar. O homem tem uma ligação
orgânica com o mundo. A sua vida interior molda o ambiente e ele próprio é
profundamente afectado por este. Cada um influencia o outro e todas as
alterações permanentes na vida do homem são o resultado destas reacções mútuas.
(de uma carta escrita em nome de Shoghi Effendi a um Bahá’í individual)
E por fim, devemos fazer tudo o que for
possível para conseguir construir a unidade mundial, o requisito fundamental de
todos os esforços globais para salvar verdadeiramente o ambiente do nosso
planeta:
Até àquele momento em que as nações do mundo compreendam e sigam os
conselhos de Bahá'u'lláh para trabalhar juntas e com toda a sinceridade na busca
dos melhores interesses da humanidade, e se unam na procura de caminhos e meios
que respondam aos muitos problemas ambientais que cercam o nosso planeta, a
Casa de Justiça sente que pouco progresso será feito em direcção à sua
resolução… (A Casa Universal de Justiça, 18 Outubro 1981, a um Bahá'í individual)
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Texto
original: Achieving Harmony between Society and the Natural World
(www.bahaiteachings.org)
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David Langness é jornalista e crítico de
literatura na revista Paste. É também editor e autor do site
www.bahaiteachings.org. Vive em Sierra Foothills, California, EUA.
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