quinta-feira, 4 de novembro de 2021

Aniversários Gémeos de Manifestantes Gémeos

Por Kamelia.


Durante séculos, os povos do mundo aguardaram o Dia Prometido de Deus, um Dia em que a paz e a harmonia seriam estabelecidas na terra. O amanhecer deste novo dia testemunhou o aparecimento não de um, mas de dois Manifestantes de Deus - o Báb e Bahá’u’lláh - cujas Revelações libertaram as forças espirituais destinadas a transformar a sociedade.

"Manifestante de Deus" é um conceito Bahá’í usado para definir um intermediário entre Deus e a humanidade, ou o que é comumente referido como um Mensageiro ou Profeta. O termo "Manifestantes Gémeos" refere-se à Revelação sem precedentes do Báb e de Bahá’u’lláh, numa sequência temporal muito próxima.

A Fé Bábi resplandeceu durante seis anos, até que o martírio do seu fundador - o Báb, em 1850 - lançou a jovem Fé em desordem. Embora o Báb fosse um Manifestante de Deus e o fundador de uma grande religião, Ele também Se considerava um precursor e exortou ardentemente os Seus seguidores a procurarem o segundo Manifestante - referido enigmaticamente como "Aquele Que Deus tornará manifesto" - que surgiria “em menos de um piscar de olhos” após a Sua própria missão, para completar o aparecimento único de Manifestantes gémeos numa única era.

Entre os apoiantes devotos do Báb estava Mirza Husayn-Ali, que mais tarde assumiu o título de Bahá’u’lláh – que significa a Glória de Deus. Bahá’u’lláh e o Báb nunca Se encontraram e apenas trocaram cartas.

Foi só em 1863, dezanove anos após o início da Fé Bábi (treze desde a morte do Báb), que Bahá’u’lláh declarou publicamente ser o Prometido anunciado pelo Báb, produzindo assim o “fruto destinado e revelando o seu propósito final”, e também proclamou ser o Prometido de todos os Tempos.

Para Israel, Ele não era nem mais nem menos do que a encarnação do “Pai Eterno”, o “Senhor dos Exércitos” que desceu “com dez mil santos”; para a Cristandade, Cristo regressado "na Glória do Pai"; para o Islão xiita, o regresso do Imam Husayn; para o Islão sunita, a descida do “Espírito de Deus” (Jesus Cristo); para os Zoroastrianos, o prometido Shah-Bahram; para os Hindus, a reencarnação de Krishna; para os Budistas, o quinto Buda. (Shoghi Effendi, God Passes By, pag. 94)

Com o nascimento da Fé Bahá’í, o aparecimento de duas religiões relacionadas, mas independentes, surgindo na mesma era tornou-se uma realidade.

Todos os povos do mundo esperam dois Manifestantes, que devem ser contemporâneos; todos aguardam o cumprimento desta promessa. Na Bíblia, os judeus têm a promessa do Senhor dos Exércitos e do Messias; no Evangelho, é prometido o regresso de Cristo e de Elias. Na religião de Muhammad há a promessa do Mihdi e do Messias, e é o mesmo acontece no Zoroastriano e as outras religiões. (‘Abdu’l-Bahá, Some Answered Questions, p39)

O motivo por trás dessa rápida sequência, e as dádivas sem precedentes libertadas pela Revelação dos Manifestantes Gémeos, permanece um mistério.

“Que um intervalo tão breve”, afirmou Ele [Bahá’u’lláh], “tenha separado esta poderosíssima e maravilhosa revelação da Minha própria Manifestação anterior, é um segredo que nenhum homem pode desvendar, e um mistério que nenhuma mente pode sondar. A sua duração foi predestinada.” (Shoghi Effendi, God Passes By, pag. 92)

‘Abdu'l-Bahá apresenta de forma convincente a verdadeira relação entre os Fundadores gémeos da Fé, com esta explicação esclarecedora:

A Revelação do Báb pode ser comparada ao sol [...] A posição da Revelação de Bahá’u’lláh, por outro lado, é representada pelo [...] sol no meio do verão e na posição mais alta. Com isso quer-se dizer que esta Dispensação sagrada está iluminada com a luz do Sol da Verdade brilhando na sua posição mais exaltada, e na plenitude da sua resplandecência, do seu calor e glória. (Shoghi Effendi, God Passes By, pags. 99-100)

O conceito de “Manifestantes Gémeos de Deus” é fundamental nos ensinamentos Bahá’ís, pois a missão do Báb e de Bahá'u'lláh estão inextricavelmente ligadas: a missão do Báb era preparar o caminho para a vinda de “Aquele que Deus tornará Manifesto”, que finalmente apareceu na pessoa de Bahá'u'lláh. Por esta razão, tanto o Bab como Bahá’u’lláh são reverenciados como figuras centrais da Fé Bahá’í. Juntos, esses Luminares gémeos inaugurariam uma era de paz e justiça prometida em todas as religiões do mundo.

Foi profetizado que no tempo desses dois Manifestantes a terra será transformada, o mundo da existência será renovado. A justiça e a verdade envolverão o mundo; a inimizade e o ódio desaparecerão; todas as causas de divisão entre povos, raças e nações desaparecerão; e a causa da união, harmonia e concórdia aparecerá. (‘Abdu’l-Bahá, Some Answered Questions, cap. 10)

Para fortalecer ainda mais a ligação entre estes dois Manifestantes, temos a celebração dos seus Aniversários Gémeos. “O Festival dos Aniversários Gémeos” ou “Dias Sagrados Gémeos” celebram o nascimento do Báb no primeiro dia de Muharram no calendário islâmico (20 de Outubro de 1819) e o nascimento de Bahá’u’lláh no segundo dia de Muharram (dois anos antes, em 12 de Novembro de 1817). Quanto aos aniversários gémeos, Bahá’u’lláh declarou:

Estes dois dias são considerados um só aos olhos de Deus. (Bahá’u’lláh, The Kitáb-i-Aqdas, p.225)

Até recentemente, alguns países celebravam os Dias Sagrados Gémeos de acordo com o calendário islâmico, enquanto outros celebravam os nascimentos do Báb e do Bahá’u’lláh com algumas semanas de intervalo, de acordo com o calendário gregoriano. Em 2014, a Casa Universal de Justiça anunciou que tinha chegado o momento de todas as comunidades Bahá’ís adoptarem o calendário Bahá’í. Agora, os Bahá’ís e os seus amigos em todo o mundo podem celebrar esses Dias Sagrados Gémeos como um jubiloso festival global.

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Texto original: Twin Birthdays for Twin Manifestations (www.bahaiblog.net)

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Kamelia é Bahá’í e mãe de três crianças. Estudou Direito, Contabilidade e Apoio Infantil. Tem um interesse especial em Estudos Bahá’ís e Educação Infantil.

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