sábado, 21 de janeiro de 2023

Os Dois Irmãos Mártires e o "Lobo" de Isfahan


Durante o primeiro século de história da Fé Bahá’í, foram muitos os momentos em que sacerdotes fanáticos e os seus seguidores desencadearam perseguições mortais contra os Bahá’ís. E vários mártires vítimas dessas perseguições são mencionados nas Escrituras Bahá’ís.

A última grande Epístola revelada por Bahá’u’lláh – um livro chamado Epístola ao Filho do Lobo – foi escrito para o filho de um clérigo muçulmano que ordenara a execução de dois abastados Bahá’ís. Estes dois irmãos, Hasan e Husayn, eram comerciantes na cidade de Isfahan, e eram respeitados pela sua fortuna, filantropia e idoneidade. O clérigo – cuja crueldade levou Bahá’u’lláh a designá-lo como “Lobo” – justificou a execução com o facto dos dois irmãos serem Bahá’ís. Mas o “Lobo” também tinha outros motivos. Devia-lhes um considerável montante de dinheiro. E se eles fossem executados, livrava-se da dívida e poderia confiscar a sua riqueza.

No dia da sua execução, Hasan e Husayn ficaram de braços dados, com grande dignidade e serenidade. Os dois homens não queriam morrer. Tal como outros milhares de mártires Bahá'ís, eles tinham famílias que amavam e não as queriam deixar. Eles gostavam das suas vidas e tinham muito para viver. As suas vidas tinham um grande significado para eles e para aqueles que lhes eram próximos, porque viviam para servir a humanidade. No entanto, quando lhes foi dado a escolher entre renunciar à sua fé ou morrer, eles escolheram morrer como Bahá'ís, em vez de viver sem a honra de ser Bahá'í. Como poderiam viver sem aquela Fé que os sustentava?

Os dois irmãos mártires, Hasan (esq.) e Husayn (dir.).

Assim como a prova da existência de um Criador é a própria criação, a prova do poder de Bahá’u’lláh é a nova criação que Ele chamou à existência, uma nova raça de seres humanos que coloca os apelos da alma acima de tudo.

Na Epístola ao Filho do Lobo e em muitos outros livros, Bahá’u’lláh apela à abolição da instituição do sacerdócio – em parte, porque a humanidade alcançou uma fase de maturidade em que as pessoas podem ler a palavra de Deus por si próprias, e permitir que ela crie raízes e floresça nas suas vidas. Bahá’u’lláh referiu-se aos clérigos corruptos como aquele que emitiu a sentença de morte contra Hasan e Husayn como "os últimos vestígios de luz solar no topo da montanha". E também avisou o “Lobo”, aquele clérigo sanguinário, que em breve ele e os seus semelhantes desapareceriam, e deixariam de existir. Para o “Lobo”, Bahá’u’lláh escreveu:

Mantiveste-te fiel à tirania e rejeitaste a justiça; perante isso, todas as coisas criadas lamentaram, e ainda assim estás entre os perversos. Condenaste à morte os idosos e saqueaste os jovens. Pensas que irás desfrutar daquilo que a tua iniquidade acumulou? Não, por Mim Mesmo! Assim te informa Aquele Que o conhecedor de tudo. Por Deus! As coisas que possuis não te serão proveitosas, nem aquilo que acumulaste através da tua crueldade. Disto dá testemunho o teu Senhor, o Omnisciente. Ergueste-te para apagar a luz desta Causa; em breve, o teu próprio fogo será extinto, por Sua ordem. (Epístola ao Filho do Lobo, ¶158)

Hasan e Husayn foram para a morte com uma dignidade silenciosa.

Posteriormente, o “Lobo” cometeu uma série de erros políticos que o deixaram falido e banido de Isfahan. Só mais tarde, foi autorizado a regressar à cidade, onde teve uma morte horrível devido a um cancro na garganta. Tinha um enorme abscesso no pescoço. Isso provocava-lhe uma dor terrível, e nos seus últimos dias, causava um cheiro tão desagradável que a sua esposa e a filha mal conseguiam cuidar dele.

Era amplamente sabido que na época da execução de Hasan e Husayn, que em resposta aos que questionavam sobre a justiça da condenação dos dois irmãos à morte, o “Lobo” colocou as mãos no seu próprio pescoço e disse: “Se houver algum pecado nisto, que esteja no meu pescoço!”

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Traduzido e adaptado de: Innocent Merchants Martyred by Corrupt Cleric in Isfahan, Iran (www.bahaiteachings.org)


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