Na nossa era pós-moderna, temos notoriamente – e tragicamente – desgastado e fragmentado os laços da comunidade humana.
Filósofos e psicólogos contemporâneos dizem que o nosso sentimento de separação e desunião se tornou tão pronunciado, que são cada vez mais as pessoas sentem pouca lealdade para com qualquer comunidade maior que a sua família ou os seus amigos próximos. Em vez disso, muitas pessoas encontram-se afastadas e isoladas, sem uma ligação comunitária com outras pessoas, ou um sentimento de pertença a qualquer grupo maior, coeso e solidário.
É evidente que existe uma enorme multidão de pessoas que se sentem indesejadas, à deriva, marginalizadas e sozinhas.
Alguns culpam a Internet por esta ausência de uma ética social, por esta ruptura da relação entre o indivíduo e a comunidade. Mas a anomia, a alienação e a falta de valores partilhados na sociedade existem há muito mais tempo do que os computadores. A nossa arte e a nossa literatura provam isso.
Fiódor Dostoievski |
Os Irmãos Karamazov – universalmente considerada uma das maiores e mais profundas obras de ficção alguma vez escritas – inspiraram muito outras obras literárias sobre alienação e pavor existencial de escritores como Kafka, Camus, Eliot, Joyce e Ellison. A sua exploração artística profunda centrou-se na impotência, na falta de sentido, no isolamento e na falta de fé que as sociedades contemporâneas podem produzir.
Mas a sua visão sombria de um mundo moderno desprovido de sentido comunitário não tem de se tornar a nossa realidade.
Embora Dostoievski tenha escrito o seu romance no final do século XIX, a Fé Bahá’í e os seus novos ensinamentos sobre uma comunidade global unificada já tinham começado a espalhar-se por todo o mundo e na consciência da humanidade. Hoje, comunidades Bahá’ís unidas, calorosas e acolhedoras florescem em quase todas as nações da Terra, e todos podem encontrar, ligar-se e juntar-se a uma dessas comunidades – que formam uma comunidade global unida.
Os Bahá’ís vêem este ressurgimento da comunidade, esta alegre unidade forjada a partir da enorme diversidade mundial, como um dos resultados mais felizes, mais saudáveis e mais humanitários de todos os ensinamentos de Bahá’u’lláh.
Isto porque os ensinamentos de Bahá’u’lláh – que servem de base para esta renovação crescente da comunidade em todo o mundo – enfatizam a unidade mundial, o amor pela humanidade e a eliminação de todas as formas de preconceito. Exortam-nos a quebrar as barreiras de raça, classe, etnia e nacionalidade que mantêm as pessoas isoladas e separadas. Em última análise, eles incentivam-nos a unirmo-nos como um só.
As comunidades Bahá’ís existem em quase todo o lado. Onde quer que existam, os Bahá’ís concentram-se na construção de um sentido de associação próxima, de espírito mundial e de apoio, de assistência mútua e de respeito amoroso por todos. As actividades Bahá’ís de construção de comunidades envolvem crianças, jovens e adultos numa nova forma dinâmica, interessante e desafiante de estabelecer ligações, que oferece a todos um sentimento de contribuição, pertença e participação – o que serve como antídoto para a alienação e a separação. Esta poderosa força criadora de comunidades desencadeada por Bahá’u’lláh centra-se na necessidade humana universal de apoio, consulta e ligação, e foca-se no estabelecimento da unidade entre todos os povos e culturas:
Hoje, neste mundo, cada povo vagueia perdido no seu próprio deserto, movendo-se aqui e ali de acordo com os ditames das suas fantasias e veleidades, seguindo os seus caprichos particulares. Entre todas as numerosas multidões da terra, apenas esta comunidade [de Bahá’ís] está livre e isenta de maquinações humanas, e não tem qualquer propósito egoísta a promover. Sozinho entre todos eles, este povo surgiu com objectivos purificados de si mesmo, seguindo os Ensinamentos de Deus, trabalhando arduamente e esforçando-se em direcção a um único objetivo: transformar este pó inferior num céu superior, fazer deste mundo um espelho para o Reino, para transformar este mundo num mundo diferente, e fazer com que toda a humanidade adopte os caminhos da rectidão e um novo modo de vida. (Selections from the Writings of Abdu’l-Baha, nº 35)
Quando tomar a decisão individual, pessoal e espiritual de explorar e aprender sobre a Fé Bahá’í, conhecerá as pessoas da sua comunidade Bahá’í local. Grande ou pequena, essa comunidade local existe para nutrir, ajudar e apoiar espiritualmente os seus membros, os seus amigos e todos os outros. No caloroso abraço dessa comunidade, os buscadores e os novos Bahá’ís podem fazer amigos para toda a vida, experimentar a vasta e alegre diversidade dos Bahá’ís e das suas origens, e descobrir um sentido recém-despertado de proximidade e unidade entre as pessoas.
Todos os Bahá’ís fazem parte de uma comunidade e cultura Bahá’í globais, que oferecem um modelo crescente, adaptável e baseado na aprendizagem de como diversas pessoas podem viver juntas em harmonia e unidade. Os Bahá’ís lutam pela cidadania mundial, e isso significa que a comunidade mundial Bahá’í se tornou um dos corpos mais unidos de pessoas na Terra. Todos podem participar, acrescentando a sua contribuição e inspiração. Nenhuma outra força organizada para o bem tem o âmbito, a diversidade e a unidade mundiais da comunidade Bahá'í – e devido a esse alcance e sinergia únicos, nenhuma outra comunidade tem uma capacidade tão imediata e enormemente poderosa de transmitir a consciência da cidadania mundial.
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Texto original: From Alienation to a Global Community (www.bahaiteachings.org)
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David Langness é jornalista e crítico de literatura na revista Paste. É também editor e autor do site BahaiTeachings.org. Vive em Sierra Foothills, California, EUA.
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