quarta-feira, 23 de junho de 2004

Mirzá Mihdi (O Ramo Mais Puro)

Passam hoje 134 anos sobre o falecimento do filho de Bahá’u’lláh, Mirzá Mihdi (em português, "O Ramo Mais Puro"). Este acontecimento foi considerado como uma das mais amargas tragédias que atingiram Bahá'u'lláh, a Sua família e os Seus companheiros, durante o encarceramento na fortaleza de Akká.

Mirzá Mihdi, irmão de 'Abdu'l-Bahá, nasceu em 1848; quando era criança foi levado de Teerão para Bagdade para se juntar à sua Família, pouco depois do seu Pai ter regressado das montanhas do Sulaymaniyyih. Desde então tentou dedicar cada momento da sua vida ao serviço do Bahá'u'lláh, tendo mesmo sido Seu secretário. Existem algumas Epístolas que estão transcritas pela sua mão

Um dia, na prisão de Akká, ao pôr do sol, quando caminhava no terraço, dedicando-se às suas habituais orações, caiu por uma clarabóia. Esta queda provocou-lhe várias fracturas nas costelas e fê-lo sangrar abundantemente. Os membros da família e seus companheiros ficaram profundamente alarmados; 'Abdu'l-Bahá com os olhos cheios de lágrimas dirigiu-Se a Bahá'u'lláh, prostrou-Se aos Seus pés e suplicou-Lhe que curasse Mirzá Mihdi. Bahá'u'lláh dirigiu-se, então, ao leito onde jazia o Seu filho; perguntou-lhe se queria viver, mas ele replicou que o seu único desejo era que os portões da prisão se abrissem para que os crentes pudessem visitar o seu Senhor.

Vinte e duas horas após a queda, Mirzá Mihdi faleceu. Tinha vinte e dois anos de idade.

No momento em que se procediam ao preparativos para o funeral (que, segundo as tradições da época, incluíam a lavagem do cadáver) Bahá'u'lláh revelava as seguintes palavras:

"Neste preciso momento, o Meu filho está a ser lavado perante a Minha face, após o termos sacrificado na Maior Prisão. Por este motivo os habitantes do Tabernáculo de Abhá choram em grande pranto, e se lamentaram os que com este jovem sofreram encarceramento no caminho de Deus, o Senhor do Dia Prometido. Sob tais condições a Minha Pena não foi impedida de recordar o seu Senhor, o Senhor de todas as nações, e convocou o povo de Deus, o Omnipotente, o Todo Generoso. Este é o dia em que aquele que foi criado da luz de Bahá, sofreu martírio, numa ocasião em que estava aprisionado às mãos dos seus inimigos". (*)

As Suas Palavras nas semanas seguintes revelam uma dor profunda pela perda daquele filho; mais tarde, numa epístola afirmaria que a pior dor que um pai pode sentir é a perda de um filho.

Quatro meses após o falecimento de Mirzá Mihdi, Bahá'u'lláh e a Sua Família foram transferidos para uma casa nos arredores da prisão. Logo depois foram levantadas muitas restrições que afectavam toda a Família, e vários crentes puderam visitar Bahá'u'lláh.

Tumulos de Mirzá Mihdi e sua mãe, nos jardins Bahá'ís, em Haifa
Hoje, os restos mortais de Mirzá Mihdi repousam, juntamente com os de sua mãe e os de sua irmã, no Monte Carmelo, nos jardins adjacentes à sede da Casa Universal de Justiça (foto acima). As suas roupas ensanguentadas foram conservadas e são hoje uma das relíquias que podem ser vistas pelos peregrinos bahá’ís.

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(*) Bahá’í Holy Places at the World Centre. pags. 72-73

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