sábado, 13 de novembro de 2004

Outra vez, o pesadelo...

O triste reality show da agonia e morte de Yasser Arafat desviaram a atenção dos nossos media do que se vai passando em África. No Sudão, as populações do Darfur vão vivendo um calvário na luta pela sobrevivência; desta vez houve jornalistas e observadores internacionais que testemunharam ataques da policia sudanesa a campos de refugiados. No Uganda, o norte do país vive uma situação humanitária considerada por várias ONG's como a pior que se vive em África. E na Costa do Marfim eclodiram conflitos e motins em vários locais.

Este último caso deixa-me particularmente triste. Ainda recentemente tinha manifestado aqui o meu agrado por um passo simbólico de reconciliação a que se assistira naquele país (LINK). De repente, e sem percebermos exactamente porquê, tudo se precipitou com a morte de vários soldados franceses e a consequente retaliação francesa. Os media centraram a sua atenção na evacuação dos cidadãos estrangeiros e os seus relatos de terror.

Foi necessário pesquisar no site da BBC para perceber a cronologia da crise. As crispações entre o governo e os rebeldes foram-se sucedendo e crescendo em tom. O Parlamento não avançou com as prometidas reformas políticas, os rebeldes não cumpriram o prazo de desarmamento e retiraram-se do governo de unidade nacional. Depois começaram os conflitos e os soldados franceses foram atingidos.

Em Portugal, só a partir desse momento é que começámos a ter notícias sobre esta crise. Mas há muitas questões que permanecem sem resposta. O renovar do conflito não foi antecipado pelas forças da ONU? Se sim, foram tomadas algumas medidas para reduzir os riscos de um novo conflito? Porque motivo foram os franceses atacados? A reacção francesa foi exagerada? O sentimento anti-francês é recente ou é antigo?

Para saber algo mais é mesmo necessário ler os jornais franceses; estes culpam os políticos marfinenses e criticam o exagero da retaliação francesa. A própria política francesa em relação à Costa do Marfim tem sido duramente criticada. Independentemente das conclusões que cada um de nós possa tirar da leituras desses jornais, fica a questão: como é que se pode resolver isto? Pobres Marfinenses...

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