terça-feira, 30 de novembro de 2004

A recuperação da Fortaleza

aqui referi a chegada de Bahá'u'lláh à cidade-fortaleza de 'Akká. Também mencionei a experiência de ter visitado a cela onde Ele esteve encarcerado durante dois anos. O local foi palco de episódios marcantes da história bahá'í. Foi naquela cela que Bahá'u'lláh recebeu o jovem Badí que se ofereceu para viajar até à Pérsia e entregar ao Xá uma epístola de Bahá'u'lláh. Foi também naquela prisão que faleceu o Mirzá Mihdi, o filho mais novo de Bahá'u'lláh.

Durante a última década os peregrinos bahá'ís não tiveram oportunidade de visitar este local, devido à necessidade de obras de conservação. No início dos anos 90, a fortaleza apresentava sinais de degradação muito preocupantes e as autoridades - sempre zelosas na preservação de locais históricos do país - decidiram que era urgente proceder a trabalhos de preservação de todo o edifício. Após mais de 10 anos de negociações, estudos e planeamento, começaram os trabalhos de recuperação.

É importante ter presente que a estrutura tem um significado especial para os israelitas, pois também foi local de detenção de grupos de activistas judeus durante os anos do mandato britânico na Palestina. Houve, assim que coordenar os trabalhos de recuperação de toda a fortaleza com os trabalho de recuperação das celas ocupadas por Bahá'u'lláh e outros exilados persas.

Antes de se iniciarem os trabalhos foram solicitados pareceres ao Instituto Tecnológico de Haifa, e pedida a opinião de um perito em arquitectura otomana. Os estudos revelaram que a cidadela otomana tinha sido construída nos sécs. XVIII e XIX e que a torre nordeste (onde Bahá'u'lláh esteve) se situa sobre os restos de uma fortaleza dos Cavaleiros da Ordem de S. João (do tempo dos cruzados). Durante o domínio otomano, a fortaleza começou por ser residência de governantes locais e posteriormente foi usada com aquartelamento militar.



Os estudos efectuados permitiram concluir que já no tempo de Bahá'u'lláh o edifício se encontrava degradado. Na torre nordeste, além da cela já referida, existiam outros seis quarto ocupados pelos exilados e ainda uma sala onde se recebiam visitantes. Durante a administração britânica, o edifício sofreu várias alterações, nomeadamente para evitar fugas de prisioneiros e para construir uma enfermaria.

Nestes trabalhos de recuperação tentou-se recriar o ambiente mais parecido possível com aquele em que Bahá'u'lláh e os exilados persas viveram naquela prisão. Foram usados materiais tradicionais usados nas construções otomanas do Séc. XIX, e remediados os danos provocados pela colocação de barras de ferro nas janelas durante o mandato britânico. Na cela de Bahá'u'lláh o chão é igual ao original; as janelas voltaram a ter barras horizontais tal como mostram fotografias do início do séc. XX.

As obras terminaram no passado mês de Junho; com o início de uma nova época de peregrinações, a cela volta a estar incluída no roteiro da peregrinação de nove dias realizada pelos bahá'ís; é mais um local dedicado à oração e meditação, tal como o Túmulo de Bahá'u'lláh nos arredores de 'Akká e o Túmulo do Báb, em Haifa.

Notícia completa e muitas fotos no BWNS.

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