quarta-feira, 29 de agosto de 2007

A falsidade do Regime Iraniano

A Comunidade Internacional Bahá’í divulgou a cópia de uma carta confidencial enviada pelo Ministério da Ciência Investigação e Tecnologia (MCIT) do Irão, ordenando a todas as universidades que expulsem qualquer estudante que se descubra ser Bahá’í.

A carta contradiz afirmações recentes de responsáveis iranianos que afirmam que os estudantes iranianos não sofrem qualquer discriminação, apesar do facto de mais de metade dos estudantes universitários Bahá’ís inscritos no Outono do ano passado terem sido gradualmente expulsos ao longo do ano lectivo 2006/07.

"Este último documento - que afirma claramente que os estudantes Bahá’ís devem ser expulsos das universidades assim que forem descobertos - demonstra de forma inequívoca que as autoridade iranianas mantêm a sua intenção de impedir o desenvolvimento dos Bahá’ís iranianos, apesar das suas declarações para o exterior" afirmou Bani Dugal, a principal representante da Comunidade Internacional Bahá’í nas Nações Unidas.

"À semelhança de outros relatórios e documentos recebidos recentemente, a carta expõe uma campanha dupla do Irão, ao pretender que não viola o direito à educação - reconhecido internacionalmente – e simultaneamente continua a implementar um plano secreto a longo prazo que impede os estudantes Bahá’ís de obterem educação superior" afirmou.



A carta do governo iraniano dirigida a 81 universidades
onde se ordena a expulsão de estudantes baha'is
"Juntamente com relatórios actuais de hostilização física e económica dirigida contra Bahá’ís de todas as idades e em todas as regiões do país, este último desenvolvimento serve para lembrar aqueles que se importam com os direitos humanos que os 300.000 Bahá’ís do Irão continuam profundamente ameaçados" acrescentou.

A carta de 2006 foi enviada pelo Gabinete de Central de Segurança do MCIT - que supervisiona todas as universidades -, assinada pelo respectivo director geral, Asghar Zarei, para 81 universidades em todo o país. Está classificada como "Confidencial". Apesar da data exacta ser ilegível, o conteúdo é bem legível (ver Documento nº 1).

"Se a identidade de indivíduos Bahá’ís se tornar conhecida no momento da inscrição ou no decorrer dos seus estudos, eles devem ser expulsos da universidade" afirma a carta assinada pelo Sr. Zarei. Trata-se de uma directiva que contradiz totalmente declarações oficiais do governo iraniano ao longo dos últimos anos, que sempre pretendeu mostrar que o sistema de ensino está aberto aos Bahá’ís e não faz descriminações religiosas.

No início de Março deste ano, vários jornais publicaram a notícia de que cerca de 70 estudantes Bahá’ís já tinham sido expulsos desde o início do ano lectivo. Mas numa notícia posterior divulgada pela agência Reuters, representante do governo iraniano junto das Nações Unidas foi citado: "Ninguém no Irão é impedido de estudar por causa da sua religião". Entretanto o número de expulsões foi aumentando e, no final do ano lectivo, cifrava-se nos 200.

O Memorando Golpaygani

Apesar de todas as refutações das autoridades iranianas, torna-se evidente que está em vigor o chamado "memorando Golpaygani". Este documento foi elaborado em 1991 e contém um plano detalhado para impedir o desenvolvimento da comunidade Bahá’í do Irão. Ali se declara que aos Bahá’ís deve ser negado qualquer “cargo de influência” e também que “deve ser recusado emprego a pessoas que se identifiquem como Bahá’ís”.

O memorando acrescenta ainda que "os Bahá’ís devem ser expulsos das universidades, seja no processo de admissão ou no decorrer dos seus estudos, assim que se torne conhecido que são Bahá’ís".

Recorde-se que este documento está assinado pelo Hujjatu'l Islam Seyyed Mohammad Golpaygani, o secretário do Supremo Conselho Cultural Revolucionário do Irão, e foi aprovado pelo Ayatollah Ali Khamenei, o então Líder supremo da República Islâmica do Irão. Em 1993, este documento foi divulgado publicamente por uma fonte das Nações Unidas (ver documento nº 5).

Aos olhos da Comunidade Bahá’í, enquanto as políticas perversas contidas neste documento estiverem em vigor, pouca esperança haverá para que os Bahá’ís do Irão sejam tratados com justiça.

Os Documentos Iranianos

Vários documentos oficiais iranianos agora divulgados mostram claramente que a política delineada em 2006 continua a ser activamente implementada. Entre estes documentos contam-se os seguintes:

  • Uma segunda carta do Gabinete de Central de Segurança do MCIT para responsáveis da Universidade Payame Noor, datada de 17 de Março de 2007, instruindo-os para "impedir a inscrição de candidatos Bahá’ís" (Documento nº 2)
  • Uma carta de 18 de Maio de 2007 do Conselho Académico e Gabinete de Ensino da Superior da Universidade de Guilan para o director dos assuntos académicos da universidade, pedindo a expulsão imediata de uma estudante Bahá’í. (Documento nº 4)
  • Uma carta de 27 de Maio de 2007 também do Conselho Académico e Gabinete de Ensino da Superior da Universidade de Guilan, para a estudante Bahá’í referida anteriormente, notificando-a de que foi "desqualificada" para estudar em Guilan, conforme era requerido pelo memorando Golpaygani (Documento nº3)
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Fontes:
Confidential Iran memo exposes policy to deny Baha'i students university education (BWNS)
Iran Accused of Expelling Baha'i Students (Radio Free Europe)

2 comentários:

Marta disse...

já tinha ouvido falar desta situação no Irão, mas nunca pensei q viesse do governo directamente..

parabéns pelo blog

João Moutinho disse...

Com o Iraque à porta e com as ogivas lá dentro a comunidade internacional não deverá passar muito além da retórica no respeitante à defesa da comunidade Bahá'í.