terça-feira, 24 de junho de 2008

O Contributo das Religiões para a Paz

Aqui fica a transcrição da notícia do Público sobre o primeiro dia do 3º Colóquio Internacional "O Contributo das Religiões para a Paz".
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Crentes propõem um "G8" das religiões e António Costa anuncia apoio à criação de um museu judaico em Lisboa

Um "G8" que congregue líderes religiosos, para promover a compreensão entre os povos, foi ontem sugerido por René Samuel Sirat, vice-presidente da Conferência dos Rabinos Europeus, durante o III colóquio da Comissão de Liberdade Religiosa (CLR), que hoje termina no Fórum Lisboa.

O rabino Sirat, uma das mais destacadas personalidades do judaísmo, já propôs a mesma ideia em outras duas assembleias inter-religiosas. Na última, em Janeiro, em Alexandria (Egipto), a ideia foi apoiada por unanimidade. Mas Sirat diz que há ainda muito caminho para andar.

No colóquio, surgiram várias ideias para que as religiões possam dar o seu contributo para a paz, tema do colóquio. Paulo Borges, presidente da União Budista Portuguesa, propôs que os líderes religiosos peregrinassem em conjunto a lugares importantes das diversas religiões. O patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, desafiou a CLR a desenvolver o estudo comparado das religiões.

António Costa, presidente da Câmara de Lisboa, anunciou para breve a abertura da estação arqueológica da cidade muçulmana no Castelo de São Jorge. O apoio à criação de um museu judaico na capital é outra ideia para promover o diálogo inter-religioso.

Na sessão de abertura, José Sócrates afirmou que nas democracias a liberdade religiosa "não é um tema fácil nem está resolvido", nem tão-pouco é "um dado adquirido". Pediu, por isso, que os políticos se empenhem permanentemente na sua defesa.

Referindo-se ao modo como os políticos devem lidar com a religião, Sócrates citou o primeiro Presidente americano, George Washington: "Com delicadeza, gentileza e afecto." E disse que "nada há mais profundamente humano que a religião".

Para o primeiro-ministro, o Estado laico deve significar neutralidade perante as religiões, mas de modo a que todas tenham espaço para afirmar as suas crenças.
"Neutralidade não significa o não reconhecimento do valor ético de todas as religiões", afirmou. "Acredito profundamente no contributo das religiões para a paz", um valor que, diz o primeiro-ministro, "tão esquecido tem andado na política internacional".

Ao abrir o colóquio, Mário Soares, presidente da CLR, professou a sua fé "nas virtudes do diálogo inter-religioso e entre crentes e não crentes". O cardeal-patriarca de Lisboa referiu-se ao "processo complexo" de construção da paz, que tem exigências éticas, políticas, económicas e religiosas. O contributo das religiões para a paz depende da "fidelidade dos crentes" aos princípios em que acreditam. Mas a "simples liberdade de consciência tem um longo caminho a percorrer".

Vassilios Tsirmpas, evangélico grego, acentuou a necessidade de pedir perdão pela arrogância que continua a marcar várias tradições religiosas.

O rabino René Samuel Sirat diz que ainda há muito caminho para andar até à criação de uma grande entidade multi-religiosa

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Outras noticias sobre este evento:

“A liberdade religiosa não está resolvida” (Correio da Manhã)
D. José Policarpo critica Concordata (Correio da Manhã)
Sócrates diz que liberdade religiosa não está resolvida (Diário Digital)
Sócrates apela a respeito pela liberdade religiosa (TVI)

1 comentário:

Anónimo disse...

Sendo que "G8" representa oito países, o "G" das religiões seria constituída por quantas?
Qual o critério que iriam utilizar para as reunir?
Já agora, quantas religiões existem?