Tinha aqui na minha pilha de livros por ler, uma edição do Diário da Viagem de D. Pedro II à Terra Santa, em 1876. Foi um dos vários livros que comprei no Brasil. O que me levou a comprá-lo foi o facto da viagem do Imperador se ter realizado numa altura em que Bahá'u'lláh, família e alguns companheiros já se encontravam na Terra Santa (na altura sob domínio Otomano).
Esperava encontrar uma descrição da Palestina desses tempos, ou mesmo alguma referência aos "exilados persas". Convém recordar que no ano da viagem Bahá'u'lláh estava em regime de prisão domiciliária na casa de Abud. O Imperador e sua comitiva não passaram por 'Akká nem por Haifa, apesar destas cidades serem referidas no texto.
O texto do diário é curto e constituído essencialmente por narrativas e descrições. Ressalta a preocupação do imperador em relacionar os locais visitados com passagens da Bíblia e também o pouco contacto com a população local. Mas não há qualquer referência aos "prisioneiros persas".
No entanto, na introdução encontra-se um excerto de uma carta do Imperador ao Conde Gobineau. Sabemos que este aristocrata foi dos primeiro ocidentais a ter conhecimento da Fé Bahá'í e a dilvulgá-la nos seus livros e correspondência. Teria isso sido tema de prosa entre ele e o Imperador? Talvez um dia algum investigador nos possa responder.
Um aspecto curioso que despertou a minha atenção neste diário é o contacto em Damasco com uma família de judeus de ascendência portuguesa (de nome "Lisbun"). Tratavam-se de descendentes de judeus que tinham sido expulsos de Portugal por D. Manuel I, para escapar à conversão forçada.
1 comentário:
Será que me poderias dar a referência deste livro?
Obrigado!
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