O que fazem um português, uma holandesa de ascendência iraniana, um casal equatoriano, dois idosos do Sri Lanka, um arménio, um jovem neozelandês e uma zimbabweana numa rua de Haifa, em Israel?
Qualquer habitante de Haifa os reconhecerá e perceberá que são Bahá’ís que estão de visita aos lugares sagrados ali na cidade. Ali somos reconhecidos porque - dizem os israelitas - "andamos sempre misturados".
Quando há alguns anos fiz a minha peregrinação à Terra Santa, o grupo de peregrinos era, como sempre, bem diversificado. Os nove dias da peregrinação permitem - entre outras coisas - conhecer pessoas das mais diversas partes do mundo. Todas as pessoas ali têm algo de interessante: desde o iraniano que sabe muito bem que os portugueses foram piratas (é isso que aprenderam na escola, é assim que eles nos viram) ao nigeriano em cuja aldeia natal ainda se utilizam algumas palavras de origem portuguesa.
Numa ocasião, em que o grupo, sempre bem disposto de peregrinos se deslocava de autocarro, o neozelandês perguntou-me onde ficava Portugal. Devia ter os seus 18 anos e vivia noutro hemisfério muito, muito longe de nós. Entre a maioria dos peregrinos houve risos e espanto perante aquela afirmação de ignorância.
Disse-lhe que lamentava que ele não soubesse onde ficava o meu país. Expliquei-lhe que eu, pelo contrário, sabia muito bem onde ficava a Nova Zelândia. "A Nova Zelândia é uma das cidades mais bonitas da Austrália!" concluí.
A maioria do grupo explodiu em gargalhadas; o rapaz tentou fingir que ficava zangado, mas também só conseguia rir! Eu sabia que era a pior coisa que lhe podiam ter dito. Mais tarde expliquei-lhe onde ficava Portugal. Nunca deve ter esquecido.
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