segunda-feira, 7 de junho de 2004

Cinema

Segundo os ensinamentos bahá’ís, os profetas de Deus estão num plano de existência superior ao nosso; podem ter uma aparência humana, mas há algo mais de supra-humano que Deus os dotou que não é compreensível para nós.

O simples facto de estar na presença de um Profeta pode afectar de múltiplas formas qualquer ser humano normal. As palavras do orientalista britânico E.G. Browne, ao descrever o seu encontro com Bahá’u’lláh , exemplificam as dificuldades humanas para descrever um Manifestante de Deus:

"Embora suspeitasse vagamente para onde ia e com quem havia de estar (pois nenhuma informação clara me fora dada), passaram-se um ou dois segundos antes que eu, palpitante de admiração e reverência, me certificasse de que a sala não estava deserta... Jamais me esquecerei da fisionomia daquele a Quem olhava, embora não possa descrevê-la. Aqueles olhos penetrantes pareciam ler-nos a própria alma... Não me foi preciso perguntar em cuja presença estava, enquanto me curvei diante Daquele que é objecto de uma devoção e um amor que os reis poderiam invejar e os imperadores almejar em vão!"

Uma voz serena e digna disse para me sentar e prosseguiu: "Louvor a Deus por teres chegado!... Vieste ver um prisioneiro e um exilado... Só desejamos o bem-estar do mundo e a felicidade das nações. Que todas as nações se unam na mesma fé e todos os homens se tornem irmãos; que se fortaleçam os laços de afecto e união entre os filhos dos homens, que cesse a divergência de religião e se anulem as diferenças de raça. Que mal há nisso? E assim há de ser: essas lutas infrutíferas, essas guerras ruinosas passarão e a Maior Paz virá. ... Não se vanglorie o homem por amar a pátria; antes, tenha ele glória em amar sua espécie."

Estas nossas dificuldades e limitações, condicionam sempre qualquer descrição ou representação que pretendamos fazer de um Profeta. Assim, qualquer filme ou representação que se faça sobre a vida de um Mensageiro de Deus, será sempre falho, e condicionado pelas nossas limitações para compreender a Sua essência. Mesmo por uma questão de respeito, talvez fosse melhor não Os representarmos.

Claro que o audio-visual tem uma força enorme na nossa sociedade, e o cinema é uma arte muito atraente. Quem pode resistir a um bom filme? Eu próprio tenho "Os Dez Mandamentos" e gostaria de ter um filme sobre a vida de Jesus. Ouvi até falar de um filme sobre a vida de Maomé, em que este não é retratado (não aparece a face)...

É assim que facilmente constato uma das minhas contradições: apesar de não gostar que se façam filmes sobre os Mensageiros de Deus, não resisto a vê-los.