No canal história tem sido exibido periodicamente um documentário sobre filhos de soldados alemães que estiveram estacionados na Noruega durante a 2ª Guerra Mundial. Algumas dessas crianças foram geradas no âmbito de um programa de expansão da "raça ariana". Após a guerra a maioria dessas crianças viveram um verdadeiro calvário; algumas foram internadas em colégios especiais; foram sujeitas a variados abusos. Socialmente foram sempre rejeitadas. A maioria quando atingiu a idade adulta, tornaram-se pessoas psicologicamente instáveis; o alcoolismo, a depressão e o suicídio atingiram dimensões muito significativas entre eles.
Na prática, esta geração de crianças pagou pelos erros dos seus pais, ou dos dirigentes políticos do país dos seus pais.
Algumas destas crianças ainda receberam alguma ajuda dos pais alemães; outras conheciam-lhe apenas o nome e procuraram-no na Alemanha; em França, nos anos após a guerra era muito complicados ser filho de pai incógnito e ter cabelo loiro. Se as mães tinham sido presas, as crianças eram entregues a famílias de acolhimento.
Uma dessas crianças conta como sempre esperava ver o seu pai e desejava saber coisas da Alemanha. Quando encontrava algum turista na rua, perguntava: "Deutsch ? Mein vater ist deutsch" ("Alemão? O meu pai é alemão"); nalguns casos mais felizes deu-se o reencontro com os meio-irmãos na Alemanha.
Regra geral, as mães e avós proibiam estes filhos de sair e brincar com outras crianças; queria protegê-los da violência (física e verbal) e nalguns casos proteger a família da vergonha. Os efeitos psicológicos da humilhação e da rejeição foram muito profundos nestas crianças e ainda se fazem sentir.
Os pais destas crianças foram, na maioria, amados por mulheres francesas; um amor maldito (para os valores da sociedade da época ) cujo fruto foram também umas “crianças malditas”.
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