Foi agora divulgado que os baha'is do Reino Unido, numa das várias actividades realizadas para celebrar o Naw Ruz (o Ano Novo Baha'i), organizaram uma recepção para membros das duas câmaras do parlamento britânico, ONGs, comunicação social e alguns funcionários de topo da administração pública. No meio dos discursos e agradecimentos da praxe, foi lida uma mensagem elogiosa do primeiro-ministro, Tony Blair (notícia completa no BWNS).
À luz do que muito se tem falado laicidade no nosso país, esta notícia também suscita algumas questões.
A recepção teve lugar na Câmara dos Comuns; irá isto pôr em causa a independência do Estado em relação às religiões no Reino Unido? E será que os parlamentares que compareceram oficialmente a um acto destes podem ser acusados de pôr em causa a laicidade do estado? Imagino que o Tony Blair não elogia da mesma forma todas as comunidades religiosas do Reino Unido. Será isso discriminação?
4 comentários:
As tuas questões até são pertinentes. Não se pode ignorar a religião como força social. Se um estado fizesse isso, a seguir podia fazer o mesmo com os partidos, os sindicatos, e todo o tipo de associação.
Mas há que ter bom senso. Não se pode favorecer uma religião em deterimento de outras (como diz o povo "ou há moralidade ou comem todos").
Neste caso do Tony Blair não vejo nada de criticável.
F.
Só uma pequena diferença Marco, Inglaterra não é um estado laico (a religião anglicana é oficial e a rainha é a "defensora da fé").
Pedro,
Esqueci-me desse pormenor.
Mas apesar disso, não conseguirão os britânicos ser um pouco mais justos e equidistantes com todas as suas comunidades religiosas do que são outros estados "pretensamente laicos"?
Uma coisa é a "laicidade no papel"; outra é a laicidade na prática das instituições de um Estado.
Marco,
Sem dúvida que a laicidade do papel é diferente da laicidade real (basta olhar para o caso português). Não me parece que os britânicos sejam especiais... os anglicanos beneficiam de tudo o que se pode esperar de uma religião de estado, os muçulmanos e cristãos fanáticos quase que conseguiam com que o parlamento passasse uma lei da blasfémia (tão vaga na sua enunciação que podia ser aplicada a tudo), e o PM trata por tu grupos religiosos que acham que o mundo foi criado em 6 dias e que acham que uma ortodoxia moral (com base na moral deles claro) é algo de positivo (é claro que a isto tem que se juntar um boa dose de calculismo eleitoral – os ingleses vão às urnas dentro de pouquíssimo tempo).
Enviar um comentário