terça-feira, 23 de outubro de 2007

Para não esquecer a intolerância religiosa!

Muitas das ruas e praças de Lisboa possuem nomes de personalidades de relevo: reis, governantes, conquistadores, escritores, artistas... E em algumas ruas e edifícios existem placas comemorativas que evocam eventos que ocorreram naquele local: Aqui nasceu... Aqui se reuniram os conspiradores... Tudo são sinais que recordam pessoas e momentos considerados importantes na história de Portugal.

Pergunto-me porque é que as ruas e praças de Lisboa não evocam também os momentos e as personagens mais sinistras da nossa história. Veja-se o Terreiro do Paço, por exemplo. Aquele local foi palco de realização de vários autos de fé que vitimaram milhares de portugueses. Os seus carrascos foram outros portugueses que acreditavam na defender a pureza da fé e da religião com os seus actos.

Auto de Fé em Lisboa, de Bernard Picart (1673-1733)

Estamos hoje longe desses tempos de barbárie e de intolerância religiosa. Mas uma das melhores maneiras de evitar que os erros do passado se repitam é recordá-los e estudá-los.

Assim, só posso concordar com a proposta do Prof. Paulo Mendes Pinto: que seja colocada no Terreiro do Paço uma placa ou um monumento evocativo desses tempos de terrível intolerância religiosa que se viveram no nosso país. Para que as vítimas não caiam no esquecimento e que os autos de fé sejam apenas um pesadelo da nossa história colectiva.

5 comentários:

Anónimo disse...

Quem é o Prof. Paulo Mendes Pinto?

Achas que a Igreja Católica vai nisto? Não achas que os anti-católicos primários se vão apropriar da ideia?

Anónimo disse...

Agora que entendi, auto de fé ou Inquisição durou uns trezentos anos e vitimou muitas pessoas, e a intolerância religiosa parecia estar acabando começou num outro lado do mundo e um outro tempo contra os judeus, durou menos que a Inquisição mas foi talvez mais violenta e agora está a brotar num outro lugar e no outro tempo contra os bahá’is...
Quanto tempo desta vez irá isto durar... será que se arrebenta de uma vez vitimando muitos ou levará mais tempo, matando aos poucos...
Curioso... como a história se repete...
Concordo com Marco...
Como qualquer acontecimento que mereceu algum monumento, este também merece algum monumento ou placa em memória das vítimas da inquisição, recordando os tempos terríveis, só espero que no futuro os nossos descendentes não precisariam construir monumentos em memória das vítimas bahá’is...
E nem nenhuma outra...

Marco Oliveira disse...

GH,
Paulo Mendes Pinto é professor do Curso de Ciências da Religião na Universidade Lusófona. Ele tem sido o dinamizador de várias iniciativas inter-religiosas, nomeadamente o livro Religiões: História, Textos e Tradições.

A proposta que aqui refiro foi feita numa tertúlia que se seguiu ao colóquio "Religiões: Diversidade e Não-Discriminação" que se realizou na passada 6ª feira.

Pedro Fontela disse...

Eu sugeria uma estátua baseada numa das imagens de Goya...

Marco Oliveira disse...

Pedro,
Eu preferia ver algo inspirado em imagens como a que inclui neste post.